sábado

Milho transgênico rende 93% menos que o convencional em Santa Catarina

Da Car@s Amig@s


Análise dos custos de produção do milho convencional e do transgênico elaborada pela Cooperativa Regional Agropecuária de Campos Novos (SC) mostra que o plantio do milho transgênico eleva o custo de produção e que a produtividade esperada é a mesma [1]. Os dados foram apresentados em evento realizado pela Embrapa Milho e Sorgo no início de março na cidade mineira de Sete Lagoas.

Na planilha de cálculo apresentada pela Copercampos o item “insumos” aparece agregado, ou seja, as despesas com sementes, adubos e agrotóxicos não estão descriminadas. Para o milho convencional gasta-se com insumos R$ 1.199,52 por hectare, contra R$1.392,76 para o transgênico. É possível que a diferença seja explicada pelo preço mais elevado da semente modificada. Neste caso, os dados também sugerem não haver redução no uso de agrotóxicos, ao contrário do propalado pela indústria. No cômputo geral, o produtor convecional gasta R$ 1.928,65 para plantar um hectare de milho, enquanto o produtor que adotou variedades transgênicas gasta R$ 2.156,13 para a mesma área.

Ainda de acordo com os números da Copercampos, em 2011 a diferença de rentabilidade foi de 93%, com o convencional apurando R$ 472/ha e o transgênico, R$ 244,00. Esses dados consideram a saca de milho de 60 kg vendida a R$16,00. A produtividade considerada foi de 9 toneladas/ha.

Segundo dados da Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e de Extensão Rural de Santa Catarina), o rendimento médio do cereal no estado em 2010/2011 foi de 6,66 t/ha. Para 2011/12 a previsão é de 6,76 t/ha. Assim, em 2011 o convencional teria prejuízo de R$ 152,65/ha e o transgênico prejuízo de R$ 380,13. Em 2012, mantendo-se o preço do grão em R$ 26, que está próximo do praticado hoje, e aplicando-se a produtividade prevista pela Epagri, o convencional obterá receita de R$ 1.001,00/ha e o transgênico, R$ 773,00. Quase 30% menos, o que significa gastar o equivalente a quase 5 toneladas de milho para colher 6,7t.

Também em Santa Catarina, na região do Planalto Norte, propriedades em início de transição agroecológica acompanhadas pela AS-PTA produziram em média 4,2 t de milho/ha na safra 2008-09, com custo médio de R$ 200,00/ha. Esses produtores apuraram receita líquida de R$ 980,00/ha. Note-se que nesse ano foram registradas fortes perdas na região por adversidades climáticas.

Segundo o agrônomo da Copercampos Marcos André Paggi, "ainda não dá pra enfatizar, na nossa região, grande aumento da produção de milho" por causa da opção pelos transgênicos [2].

Também presente no evento, o doutor Anderson Galvão, da consultoria Céleres, afirmou que "hoje, o produtor de milho paga mais satisfeito R$ 400,00 por saca de [semente de] milho transgênico do que pagava, antes, R$ 100,00 / R$ 120,00 por milho convencional" [2]. Será?


sexta-feira

CONVITE - Acampamento de Vida no Espirito Santo

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O Programa de Cisternas de Placas prevê a construção de 60 mil cisternas de placas.

Nesta quinta-feira (29) foi lançado em Brasília (DF) o Programa de Replicação de Tecnologias Sociais - Cisternas de Placas, da Fundação Banco do Brasil, em parceria com a Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA). O lançamento ocorreu na sede do Banco do Brasil e contou com a presença do ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República Gilberto Carvalho, da ministra de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campelo, do presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, do presidente da Fundação Banco do Brasil Jorge Streit, do coordenador da ASA Naidison Baptista, além de representantes de organizações da Articulação e de várias autoridades. 

José dos Santos Neto, presidente da  Arcas , uma das entidades que compõe a ASA, assinou o contrato representando todos os parceiros. Foram testemunhas da assinatura o ministro Gilberto Carvalho e a ministra Tereza Campelo.

O Programa de Cisternas de Placas, situado dentro do Água para Todos, do Governo Federal, prevê a construção de 60 mil cisternas de placas, utilizando a metodologia e tecnologia da ASA. Os reservatórios serão construídos em oito estados do Semiárido brasileiro, garantindo a cerca de 300 mil pessoas o direito à água potável e de qualidade. Esta ação situa-se dentro do Plano de Combate a Exterma Pobreza lançado pela presidenta Dilma no inicio do seu governo.

Ao pronunciar-se sobre o significado do evento e do programa, Naidison Baptista destacou a coerência da Fundação Banco do Brasil ao optar por cisternas de placas enquanto uma tecnolologia social, já que a Fundação há anos lida com processos de identificação e ampliação dessa tecnologia. 

O coordenador também reforçou a importância da abertura e do processo democrático construído pela Fundação na identificação das entidades que foram contratadas via chamada pública. Ele ressaltou que 93% das entidades classificadas são da ASA, demostrando a competência e importância da Articulação nesse processo. 

Em nome das entidades, Naidison garantiu à Fundação que as metas serão cumpridas e com qualidade, pois o que move a ASA é a construção de um Semiárido digno para seu povo.  

“Na prática, uma tecnologia social, nascida da luta das comunidades, se transforma em politica, já que é intenção do governo universalizar o acesso à água através das cisternas”, ressaltou Naidison. 

O presidente da FBB agradeceu a todos os envolvidos e comprometeu-se com as organizações em realizar os repasses de recursos em tempo hábil para que as ações possam ser desenvolvidas. Ele também destacou que o bom resultado dessa experiência poderá abrir perspectivas para ações semelhantes.

A ministra Tereza Campelo destacou a importância desta parceira para o combate e erradicação da pobreza no Brasil, em ações que deveriam ser concatenadas e integradas com outras políticas de governo. Ela parabenizou a presença da ASA e da sociedade civil na iniciativa e anunciou publicamente que a AP1MC, Oscip que gerencia os programas da ASA, foi a única entidade classificada para construção de cisternas de consumo humano no edital público aberto pelo MDS. A ministra manifestou sua alegria em continuar a parceria com a ASA. 

O ministro Gilberto Carvalho ressaltou o significado daquela ação, olhando para as 60 mil casas humildes e sem água que agora passarão a ter o direito à água potável e de qualidade. Ele destacou igualmente a importância da ASA e das organizações da sociedade civil, fundamentais e indispensáveis na construção do desenvolvimento social do País. 

“O dia de hoje passa a ser histórico para a ASA. Celebramos, com força política, uma parceria que nos coloca na responsabilidade de fazer chegar água a mais de 300 mil pessoas e recebemos da própria ministra Tereza Campelo, num evento especial, o anúncio de ser a única entidade classificada na chamada pública de cisternas de placas do MDS”, comemorou Naidison. 

O coordenador ainda frisou que essa é uma vitória do povo do Semiárido, de suas organizações, daqueles que acreditaram e acreditam ser possível construir uma história diferente na região.

O discurso do agronegócio e a falácia da propaganda de sementes transgênicas

Por José Coutinho Júnior
Da Página do MST



“De grão em grão, os transgênicos estão invadindo o campo brasileiro. Juntos, a soja e o milho são os grãos mais cultivados no país, e é possível afirmar que as sementes geneticamente modificadas desses dois produtos já são responsáveis por quase um terço da renda bruta gerada na lavoura — R$ 57,9 bilhões (30,8%) do Valor Bruto da Produção (VBP) de R$ 188,2 bilhões em 2011, conforme dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)”.


Esse pequeno trecho da matéria “Transgênico responde por 30,7% da renda no campo”, publicada no Correio Braziliense, em 19 de março, mostra o discurso do agronegóco, adotado pela grande imprensa, de que os transgênicos são a melhor forma de produzir comida em grande quantidade.
“Os transgênicos têm uma representação significativa na nossa economia. pois estão ligados àscommodities, como soja e milho, que são os transgênicos mais plantados no Brasil", avalia Gabriel Fernandes, da Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa (ASPTA).
As plantações de soja e milho transgênicos, de acordo com a reportagem, representam 82,7% e 64,9% do total da produção nacional das culturas, respectivamente.
Para Gerson Teixeira, ex-presidente da Associação Brasileira de Reforma
Agrária (Abra) e integrante do núcleo agrário do PT, há também uma dimensão política para a importância dada hoje aos transgênicos.

“A bancada ruralista na maior parte da sua ação não defende a agricultura, mas a indústria do agronegócio. A liberação total da soja, que aconteceu no governo Lula, foi facilitada pelas circunstâncias da posse do presidente, mas principalmente por causa do lobby feito pela Monsanto em conjunto com os ruralistas”.    
A ideia de que os transgênicos ocupam uma área grande de plantio no mundo todo também é falsa. Segundo a matéria do Correio Brasiliense, cinco países concentram a maior parte da produção de transgênicos (Estados Unidos, Brasil, Argentina, Índia, Canadá e China), totalizando ao todo 140 milhões de hectares.
Para Fernandes, “o próprio dado da reportagem mostra que é um total pequeno, além do fato de só cinco países deterem a maior parte da produção. Com isso não se pode afirmar que os transgênicos são uma forma mundial de plantio”.
Agrotóxicos
Além disso, a reportagem omite que os fazendeiros que compram transgênicos devem pagar royalties às transnacionais, que detêm patentes das sementes.
Não explicam também que o diferencial dos organismos geneticamente modificados é que resistem aos agrotóxicos específicos da empresa que vende a semente, criando uma relação de monopólio de sementes por parte da empresa.
Segundo Fernandes, os efeitos dos agrotóxicos já estão comprovados e vão desde enjôos até câncer.
“É um absurdo sermos o país que mais usa agrotóxicos apesar de termos uma área de plantio menor que os Estados Unidos. Mais nocivo do que os agrotóxicos para o país e para a população, no entanto, é a bancada ruralista, que está preocupada em defender os interesses das empresas”, acusa Gerson Teixeira.

quinta-feira

Dilma e a esquerda sem povo

Por Roberto Malvezzi (Gogó)
Os entraves políticos do governo Dilma não se dão apenas com sua fisiológica base aliada, mas também com aliados históricos que comungam muitas de suas causas.    
Podemos citar inúmeros casos desse desencontro: o golpe na Articulação do Semiárido na questão das cisternas e da convivência com o semiárido; o não andamento da reforma agrária; a falta de diálogo com o sindicalismo, que no governo Lula era praticamente correia de transmissão do governo; silêncio e até conivência nas mudanças legais que afetam o meio ambiente, assim por diante.   
No ano de 2004 o Fórum da Reforma Agrária realizou em Brasília a Conferência da Terra e da Água. Milhares de pessoas estavam no ginásio de esportes da cidade. Houve uma mesa sobre energias e água. Eu estava na mesa, juntamente com alguém do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), o cientista criador do Pró-Álcool Bautista Vidal e a então Ministra das Minas e Energia Dilma Rousseff. Ao meu lado, na mesa, estava uma secretária pessoal da então Ministra. Quando falou que iria continuar o programa das barragens, Dilma foi vaiada pelo público mais ligado ao MAB. De imediato, a secretária de Dilma que estava ao meu lado murmurou: “o movimento social parou na história. Há tempos não contribui com mais nada com o Brasil”.    
Hoje, quando vejo os acontecimentos, tendo Dilma como presidenta, aquela frase da secretária me veio novamente à memória: tudo indica que aquele pensamento não era somente da secretária, mas da própria Dilma.    
Dilma veio de grupos de esquerda que pouco tiveram contato com o povo. Ainda que essas pessoas sejam extremamente íntegras, fazem parte daquele setor da esquerda que sempre teve dificuldades de reconhecer o povo como um ator essencial nas mudanças. As vanguardas têm a solução.    
Infelizmente, ou Dilma aprende rapidamente a lidar com os movimentos sociais de uma forma mais efetiva, ou vai ver o povo na rua, como os 15 mil indignados que ocuparam Petrolina, exigindo o cancelamento das cisternas de plástico.

terça-feira

Seca furiosa

 
Por.: Roberto Malvezzi (Gogó)
Site da ASA Nacional

Como ainda não encerrou o período de chuvas no semiárido, não é possível confirmarmos uma das menores pluviosidades das últimas décadas, particularmente onde se convencionou chamar de Polígono das Secas. O fato é que a data simbólica de São José passou e as chuvas vieram em pouca quantidade. 

Na verdade, segundo o INPE, deveríamos estar no auge de uma grande seca, que se estenderia de 2006 a 2011. Parece que o período se estendeu, o que agrava a situação. Os barreiros secaram, assim como os pequenos açudes, as cisternas estão com pouca água, muitas sem água. Na Bahia 158 municípios podem entrar em emergência. 

Na verdade, se essa situação acontecesse trinta anos atrás, como em 1982, já estaríamos atravessando uma nova tragédia social no semiárido, com intensas migrações, morte dos animais, mortalidade infantil, com necessidade das famigeradas frentes de emergência, assim por diante. Hoje, com a aposentadoria dos rurais, com as cisternas como depósito para pipas (nesse momento não dá para escolher, desde que a água seja tratada), com o Bolsa Família, com a chegada da energia nas comunidades, a situação é grave, mas não é mais uma tragédia como viu a geração de Luis Gonzaga, Graciliano Ramos, João Cabral, assim por diante. 

Vão surgir muitos questionamentos sobre as políticas adotadas para vencer essa situação, como vão surgir novamente propostas miraculosas para “acabar com a seca”. Nós, que temos desenvolvido a lógica da convivência com o semiárido não estamos surpresos com esse momento. Sabemos que o semiárido tem uma média de chuvas que varia entre 300 e 750 mm ao ano. Há poucos anos em que há chuva excessiva. Há poucos com chuvas beirando os 300 mm. Mas eles existem. 

Portanto, o grande segredo da convivência é a prevenção. A lógica de armazenar a água de chuva nos períodos chuvosos para os períodos secos, a fenagem e a silagem para os animais, a difusão e implantação de um leque poderoso de tecnologias sociais que a sociedade e a Embrapa Semiárido já dominam, a educação contextualizada das comunidades para entender melhor a lógica da região na qual vivem, são as melhores soluções encontradas até hoje.  

Quando a prevenção não é suficiente, é necessário recorrer às medidas de emergência. Emergências acontecem em qualquer lugar do mundo. Não é preciso fazer loucuras como as cisternas de plástico e obras como a Transposição, já orçada em 8,2 bilhões de reais, dinheiro suficiente para fazer 90% das adutoras previstas no Atlas do Nordeste.

Pois bem, falta muito no semiárido para que a população tenha uma infraestrutura adequada para enfrentar essas situações. Além das tecnologias sociais e familiares, faltam ainda as adutoras para os centros urbanos.  Com essa variedade de obras e medidas para enfrentar os períodos mais agudos, esses cenários no semiárido serão sempre mais facilmente contornáveis, já que o clima não muda, e se mudar, como prevê a mudança climática do planeta,  vai ser para pior.

segunda-feira

Custo da transposição aumentou 71% e chega a R$ 8 bi

Vencido o prazo original em que a transposição do Rio São Francisco deveria estar pronta e funcionando no semiárido nordestino, a obra registrou aumento de R$ 3,4 bilhões - ou 71% - em seus custos em relação à previsão inicial, segundo a mais recente estimativa feita pelo Ministério da Integração Nacional. Desde o início do governo Dilma Rousseff, o custo total da obra pulou de R$ 4,8 bilhões para R$ 8,2 bilhões. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva previa inaugurar a obra em 2010.

Isso significa que, se a transposição fosse uma aplicação financeira, teria rendido 65% acima da inflação do período. Para essa comparação, o jornal O Estado de S. Paulo usou a variação de preços medida pelo IPCA, índice usado no regime de metas de inflação do governo. A alta foi de 8,2% entre dezembro de 2010 e março de 2012.
A construção de cerca de 600 quilômetros de canais de concreto que desviarão parte das águas do rio ainda deve consumir mais 45 meses. O preço aumentou com a renegociação dos contratos originais e o lançamento programado de mais de R$ 2,6 bilhões em novas licitações.
Iniciada em 2007 como a mais cara a ser paga com dinheiro dos tributos entre os projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a obra da transposição do São Francisco está parada em três trechos: em Salgueiro (PE), Verdejante (PE) e São José das Piranhas (PB). Os contratos originais referentes a esses trechos serão rompidos e haverá nova licitação. Também serão licitados trechos de obras "remanescentes" ao longo de quase toda a extensão do projeto.
Há dois outros trechos em reforma, pois placas de concreto que haviam sido colocadas racharam, registraram fissuras, ou se deslocaram, supostamente por falhas na drenagem de canais que não suportaram chuvas fortes. Todos os demais trechos tocados pela iniciativa privada tiveram os preços aumentados em até 25%, limite fixado pela lei de licitações.
Novos editais - Só neste mês, o Ministério da Integração Nacional lança quatro novos editais para a licitação de R$ 2 bilhões em obras. Até junho, outros dois editais serão lançados, ao custo estimado em R$ 645 milhões. O total é superior ao previsto pelo ministro Fernando Bezerra Coelho menos de três meses atrás, quando revelou ao jornal O Estado de S. Paulo que a obra custaria R$ 1,2 bilhão extra.
Responsável pela obra, o Ministério da Integração atribuiu o aumento do custo da obra a adaptações no empreendimento, em decorrência do detalhamento dos projetos. O Ministério do Planejamento, que coordena o PAC, autorizou o aumento do custo da obra. "Os aditivos são explicados pelo avanço dos projetos executivos, que têm identificado, com maior grau de precisão, as intervenções necessárias para a completude (sic) do projeto de interligação (sic) do São Francisco", informou em nota a assessoria da ministra Miriam Belchior.
Segundo o Ministério da Integração, é responsabilidade das empreiteiras já contratadas recuperar cerca de 900 metros de canais de concreto danificados antes mesmo de entrarem em uso. "Essas falhas serão refeitas, sem custo adicional para os cofres públicos", reiterou a pasta.

Mais uma liderança do MST é assassinada no agreste pernambucano


Da Página do MST
Na última sexta-feira (23), o trabalhador rural Sem Terra, Antônio Tiningo, foi assassinado em uma emboscada quando se dirigia para o acampamento da fazenda Açucena, no município de Jataúba, agreste de Pernambuco.
Tiningo era um dos coordenadores do acampamento da fazenda Ramada, ocupada há mais de três anos. No final de 2011, mesmo ocupada pelos Sem Terra, a fazenda foi comprada por um empresário do ramo de confecção e especulação imobiliária, conhecido por Brecha Maia. Logo que comprou a área, o fazendeiro - que possui outras fazendas na região - expulsou ilegalmente as famílias, sem nenhuma ordem judicial ou presença policial.
As famílias reocuparam a área em fevereiro desse ano e, desde então, o proprietário tem ameaçado retirar as famílias à força, intimidando pessoalmente algumas lideranças da região, dentre elas, Antonio Tiningo.

Na semana passada, Brecha Maia havia declarado que faria o despejo das famílias por bem ou por mal, e que não passaria de sexta-feira, dia em que Tinigo foi assassinado.
O assassinato de Antonio Tiningo é mais uma consequência da omissão do Estado em relação à violência e impunidade do latifúndio na região do agreste de Pernambuco. Por ser uma região em que os poderes públicos locais possuem uma relação estreita com os proprietários de terra, o MST está exigindo que seja indicado um delegado especial para apurar o caso.

A direção do MST também solicita a presença do Ouvidor Agrário Nacional, Dr. Gercino Filho, para que visite a região no sentido de debater e encontrar soluções para os frequentes conflitos agrários nessa área.