sábado

Apodi se prepara para a cúpula dos povos


Comissão de Jovens do Sindicato dos Trabalhadores e das Trabalhadoras Rurais de Apodi discute participação na Cúpula dos Povos, durante a Rio + 20

No dia 16 de maio, a Comissão de Jovens do STTR de Apodi debateu sobre a Cúpula dos Povos por Justiça Social e Ambiental, que realizar-se-á durante os dias 15 a 23 de junho, na cidade Rio de Janeiro.

Inicialmente foi feito a apresentação da proposta da Cúpula por Lidiane Xavier, que é do Centro Feminista e militante da Marcha Mundial das Mulheres. A Cúpula dos Povos é um processo organizado pelo conjunto de movimentos, organizações, sindicatos e indivíduos de todo o mundo paralelo à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (UNCSD), mais conhecida como Rio+20. A Cúpula é resultado da crítica à pauta prevista para a Rio +20, baseada na “economia verde” como resposta à crise ambiental. Segundo Lidiane, “essa crise não é apenas ambiental e sim uma crise do sistema capitalista. Para superar essa crise o mercado oferece falsas soluções, tais como o mercado de carbono, que movimenta em torno de 140 bilhões de dólares por ano”. Essa grande ação será um momento para evidenciar às críticas ao modelo, mas também um espaço de construção de alternativas e troca de experiências baseadas na igualdade, liberdade, em culturas livres e digitais, na economia solidária e feminista. Para isso terá a Assembleia Permanente dos Movimentos e a construção do espaço Territórios do Futuro. Toda a ação será organizada a partir de três eixos: denúncia das causas estruturais das crises, das falsas soluções e das novas formas de reprodução do capital, soluções e novos paradigmas dos povos e estimular organizações e movimentos sociais a articular processos de luta anticapitalista pós-Rio+20.

Seguindo esse momento de apresentação o grupo definiu a realização de oficinas nas comunidades e assentamentos para mobilizar a juventude e multiplicar os conhecimentos e conteúdos da Cúpula, o que permitirá que jovens que não participarem do evento também possam contribuir com o debate. Será o total de 10 oficinas com a participação de aproximadamente 30 comunidades, mobilizando uma média de 250 jovens rurais de todo o município de Apodi, que atende ao chamado de ‘reinventar o mundo’.

Saiba você também como participar da Cúpula dos Povos e também reinventar o mundo:http://cupuladospovos.org.br

Fonte: CF8

quinta-feira

Agricultores e agricultoras mobilizados.


Agricultores de Apodi articulam pauta reivindicação para período de estiagem.






Articulados pelo Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Apodi, a partir da deliberação da reunião do Fórum das Associações, aproximadamente  150 trabalhadores (as) rurais da região da areia se reuniram na tarde desta quarta feira (16), na sede da Associação do Sítio Córrego para debaterem a atual situação que vem passando a população rural do nosso município. Estiveram presentes diversas comunidades da região tais como: Córrego I, Córrego II, Urbano, Floresta, Retiro, Lagoa Amarela, Lagoa do Mato, Barra e Santa Isabel, além de representantes do STTR e da CPT.    Inicialmente a representante da Associação do Córrego, a companheira Zilma,  colocou os objetivos que levaram a convocação desta reunião, enfatizando o debate ocorrido na última reunião do Fórum das Associações onde se constatou a gravidade da situação em virtude da estiagem que assola o semi-árido brasileiro e a inércia dos governos frente ao problema. O Presidente do STTR Apodi, companheiro Francisco Edilson, lembrou da importância da mobilização social na busca por soluções dos problemas vivenciados pelos agricultores e agricultoras. Destacou que só unidos é que os agricultores e agricultoras irão conseguir soluções para a situação. Já Antonio Nilton Junior (Junior da CPT) que esteve representando a Comissão Pastoral da Terra, lembrou que a questão da seca no Nordeste é um fenômeno previsível e que não dar mais para aceitar a falta de políticas públicas de convivência com o semi-árido. Destacou ainda as ações desenvolvidas pela ASA - Articulação Semi-Árida quem vem conseguindo minimizar o sofrimento da população rural. Os agricultores e agricultoras presentes fizeram um retrato da situação e apontaram várias propostas para amenizar o sofrimento, entre elas, um crédito especial para aquisição de ração animal, que a CONAB coloque a disposição dos pequenos produtores estoque de milho com preço subsidiado, ampliação do programa de cisternas de placas como também do P1+2, perfuração de poços tubulares, construção de barragens subterrâneas, dispensa da conta de energia dos pequenos produtores como incentivo a produção agrícola, além de outras. 
No final o Presidente do STTR, o companheiro Francisco Edilson, lembrou que essa discussão estará acontecendo em outras comunidades pólos como Sítio do Góis (18/05), Baixa Fechada (20/05), Aurora da Serra (22/05) e Santa Cruz (23/05). Lembrou também que no dia 05 de junho representantes de todas essas comunidades irão se reunir no auditório do STTR para socializar as discussões e encaminhar as deliberações. Segundo Francisco Edilson não estar descartado a possibilidade de uma grande mobilização em Apodi no sentido de chamar a atenção dos governos Municipal, Estadual e Federal para a gravidade da situação.

Por Agnaldo Fernandes
Colaboração: Júnior da CPT.

A Transposição e a Seca.


Pode parecer uma atitude menor de nossa parte reiterar críticas à Transposição nesse momento de seca, afinal, o sofrimento das pessoas e dos animais é infinitamente mais relevante que nossas divergências sobre determinadas obras.

Entretanto, é exatamente em função desse sofrimento, e da busca incessante para encontrar caminhos de solução, que esse debate mais uma vez se coloca na ordem do dia.

Ninguém acaba com a seca. Ela é um fenômeno natural e normal da região semiárida. Portanto, essas matérias sensacionalistas que gostam de falar de “terra esturricada, mata morta, animais morrendo”, revelam ignorância a respeito da região. Ela é assim e assim será. Por isso os índios já chamavam essa mata de “caatinga”, que quer dizer exatamente “mata branca”. Nada está morto, ao contrário, a caatinga hiberna, adormece para enfrentar um período sem chuva. Com as primeiras chuvas tudo volta à vida. Apenas o ser humano e os animais, trazidos de fora, não hibernam. Esses precisam comer e beber, enquanto a natureza se defenda por conta própria.

Mas, se a natureza não muda – a não ser por uma profunda mudança no clima global -, a infraestrutura para adequar o ser humano a essa realidade precisa ser mudada. Essa é a única saída inteligente. Costumamos repetir que os povos do gelo aprenderam a viver com o gelo, os povos do deserto aprenderam a viver no deserto, e que nós já deveríamos ter aprendido a conviver com o semiárido. Essa cultura inovadora está em construção, mas sofre resistências terríveis de quem aprendeu a ganhar poder e riqueza às custas da miséria do povo.

Para quem se lembra, o grande argumento governamental – de marketing – para bancar a Transposição era a proposta de abastecer 12 milhões de pessoas com água potável. Para tal, cunhou-se a divisão do semiárido brasileiro entre “Nordeste Setentrional” e o resto do “Nordeste”. Assim, induzia os incautos a pensarem que o semiárido está restrito ao Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. Ainda mais, governo e parte da mídia, por desconhecimento ou interesses escusos, afirmavam que a Transposição iria levar água para o “semiárido”, desconhecendo totalmente a pertença da Bahia, Sergipe, Alagoas, Piauí, Maranhão e Norte de Minas ao mesmo semiárido.

Essa seca matou o argumento oficial. A seca começou em território baiano, onde qualquer estudante de geografia do Brasil, ensino primário ou médio, sabe que estão 40% do semiárido brasileiro. A Transposição, mesmo que funcionasse ou venha funcionar um dia, aponta na direção exatamente contrária ao território baiano. Aponta para Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte.

Dr. Manoel Bonfim Ribeiro, por quase uma década diretor do DENOCS, costuma dizer que as águas estocadas na Bahia cabem num único açude do Ceará. Para se ter uma idéia mais precisa, dos 36 bilhões de metros cúbicos de água que podem ser estocados no semiárido, 28 bilhões estão no Ceará. A Bahia possui capacidade para estocar apenas um bilhão de metros cúbicos.

A Transposição continua semiparalisada, a um custo que já supera oito bilhões de reais, sem por uma gota d’água a quem quer que seja. Ao contrário, destruiu açudes e cisternas por onde os canais já passaram, aumentando a penúria da população que esperava aquela água como redenção de suas vidas.

Para completar, o próprio Dr. Bonfim afirma que precisamos fazer a distribuição da água estocada nos açudes. Afinal, segundo informações recentes do governo cearense, os açudes da região estão em média com 70% de sua capacidade abastecida. Portanto, não falta água, falta distribuição. Para ele, temos apenas uma rede de cinco mil km de adutoras no semiárido, quando precisaríamos de 25 mil km para democratizar a água para o meio urbano. Segundo a Agência Nacional de Águas, 1700 municípios do Nordeste precisam de adutoras ou serviços de água para não entrarem em colapso hídrico até 2025.

Já expusemos à exaustão que essa seca, terrível em termos de diminuição das chuvas, mas prevista no clico das secas, ao menos não fará vítimas humanas na extensão daquela de 1982. A perda de safra e animais ainda é inevitável.

Continuaremos defendendo uma proposta sistêmica para todo semiárido, sem exclusões. O caminho é a convivência com esse ambiente, através de uma imensa malha de pequenas obras – se não fossem as cisternas para beber e produzir nesse momento, ainda que seja como depósito de água de pipas, o povo estaria bebendo lama de barreiros -, da agroecologia adaptada, da criação de animais resistentes ao clima, da apicultura, da garantia da terra aos agricultores, assim por diante. Para o meio urbano, a democratização da água através das adutoras, priorizando o abastecimento humano e a dessedentação dos animais.

Temos todos os meios nas mãos. Faltam estadistas que conduzam e aprofundem a revolução na relação com o semiárido. Quando assim for, secas serão apenas fenômenos naturais, não mais tragédias sociais.
 Por Roberto Malvezzi (Gogó)

quarta-feira

"Agronegócio é combinação de tecnologia com trabalho escravo", avalia João Paulo.


Por: Virginia Toledo
Da Rede Brasil Atual


Com a negativa da bancada do agronegócio na Câmara em votar a PEC 438/2001, mais conhecida como PEC do Trabalho Escravo, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) lamenta o fato de os parlamentares envolvidos desviarem o foco da punição ao trabalho degradante para questões envolvendo as propriedades rurais e a reforma agrária.

"A aprovação da PEC não é um oportunismo para querer discutir reforma agrária, nós queremos discutir trabalho decente. O agronegócio brasileiro é uma combinação extremamente estúpida, representando, de um lado, o avanço das tecnologias adotadas no campo, e de outro, o uso do trabalho escravo", ressaltou João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do MST.

O deputado Valdir Colatto (PMDB-SC) defendeu que a proposição da PEC tem o intuito de se expropriar a terra e "livrar o governo da demanda da reforma agrária". Colatto considera que as desapropriações vão suprir o que deveria ser de responsabilidade do governo – o assentamento de famílias sem-terra.

Com dois adiamentos seguidos, a votação da PEC foi remarcada para o próximo dia 22, resultado de um acordo polêmico entre a bancada ruralista e o presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS). Os ruralistas mantiveram propositadamente baixo o quórum para que o governo corresse o risco de ser derrotado após oito anos da proposta "engavetada".  Para João Paulo, a bancada do agronegócio fará de tudo para que a PEC não seja votada "porque os deputados não querem se constranger, nem votando contra nem a favor", disse.

"Eles não vão deixar que a votação aconteça. Porque qualquer que seja o resultado da votação vai ser ruim para eles. Se votarem a favor, a PEC será aprovada. E se votarem contra, a opinião pública vai toda contra eles", ponderou o dirigente do MST.

Força ruralista

Para o deputado Ivan Valente (PSOL-SP), o governo federal, ao não investir na questão do Código Florestal e não enfrentar a bancada ruralista no relatório inicial, deixou que os deputados criassem asas. "Estão se sentindo fortes, uma bancada suprapartidária, acima da discussão de governo e oposição, e muito acima da quantidade de deputados de qualquer bancada."

Ivan refere-se à derrota do governo na votação do projeto que modifica o Código Florestal. Na ocasião, o relatório de autoria do deputado Paulo Piau (PMDB-MG), mesmo sendo alvo de crítica do governo, foi aprovado com ampla maioria pelos parlamentares, representando um desconforto para o Palácio do Planalto, que defendia a aprovação do relatório escrito e aprovado pelo senadores no ano passado.
Fonte: Site do MST

Brasil usa 19% dos agrotóxicos produzidos no mundo, diz diretor da Anvisa.


O diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), José Agenor Álvares da Silva, afirmou que o País é responsável por 1/5 do consumo mundial de agrotóxicos. O Brasil usa 19% de todos os defensivos agrícolas produzidos no mundo; os Estados Unidos, 17%; e o restante dos países, 64%.
Ele citou pesquisa segundo a qual o uso desses produtos cresceu 93% entre 2000 e 2010 em todo o mundo, mas no Brasil o percentual foi muito superior (190%).
Segundo o diretor da Anvisa, existem atualmente no País 130 empresas produtoras de defensivos agrícolas, que fabricam 2.400 tipos diferentes de produtos. Em 2010, foram vendidas 936 mil toneladas de agrotóxicos, negócio que movimenta US$ 7,3 bilhões.

Silva participa de debate da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, no Plenário 14.