quarta-feira

José Graziano da Silva, diretor da FAO, visita loja da Reforma Agrária do MST.


Por Luiz Felipe Albuquerque
Da Página do MST

Em visita à loja da Reforma Agrária do MST, no Mercado Público de Porto Alegre (RS), José Graziano da Silva, diretor-geral das Organizações das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), viu o sucesso dos produtos dos assentamentos da Reforma Agrária e da Agricultura Familiar.
Em meio aos mais de 250 produtos comercializados pela loja – composta em sua maioria por produtos orgânicos – Emerson Giacomelli, presidente da Cooperativa Central dos Assentamentos do Rio Grande do Sul (Coceargs), explicou o funcionamento e a capacidade de produção desse setor agrícola.
“Essa loja é um espaço de centralização da comercialização e divulgação dos resultados dos assentamentos. E é capaz de demonstrar os resultados da luta social. Além de ter a função de proporcionar uma integração entre o produtor e o consumidor, fazendo essa relação com a sociedade de um modo geral”, explicou Emerson.
Tipos de grãos, arroz, frutas, legumes, ervas, sucos, mel, geléia, conservas e vinhos são apenas alguns dos alimentos vendidos na loja da Reforma Agrária, cujos responsáveis pelo seu abastecimento são os assentamentos e agricultores familiares, a sua maioria do Rio Grande do Sul.
Para o diretor de Política Agrícola da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Sílvio Porto, a importância da loja é demonstrar à população que consume os alimentos que a Reforma Agrária é de fato crucial para o desenvolvimento do país.
“A produção da agricultura familiar e da Reforma Agrária permite a inclusão social, a relação com a natureza de uma forma muito mais sustentável, em que o policultivo, a possibilidade da diversificação produtiva está sempre presente. O agronegócio pode até apresentar aspectos relevantes para o país, no sentido do equilíbrio da balança comercial, mas esse modelo tem trazido diversos dissabores ao país, como a redução da mão de obra empregada e a utilização dos agrotóxicos – tornando-nos no maior consumidor de venenos agrícolas do planeta. Algo desastroso no ponto de vista social, ambiental e, inclusive, econômico, pois isso implica num alto custo de produção”, disse.
“A Reforma Agrária é uma questão ainda presente e de fundamental importância a ser feita no país”, disse Porto.

terça-feira

Município é pioneiro no cultivo genético e expansão do arroz.

Repórteres da TV TCM de Mossoró estiveram no último sábado em Apodi realizando uma entrevista sobre a cadeia produtiva no Arroz na região da várzea do Apodi, onde na oportunidade foi focado a questão da produção do Arroz Vermelho de forma orgânica, sendo que a Associação dos Produtores de Arroz do Vale do Apodi está tentando viabilizar a produção sem o uso de agrotóxicos na cultura. 
Acesse o link abaixo e veja a matéria que foi ao ar: 

segunda-feira

DENOCS X Convivência com o Semiárido.

Por: Roberto Malvezzi (Gogó).

O DENOCS (Departamento Nacional de Obras contra a Seca) foi criado em 1909, ainda como IOCS (Inspetoria de Obras Contra a Seca), depois como IFOCS (Inspetoria Federal de Obras Contra a Seca). Durante décadas foi considerado como a maior empreiteira da América Latina.
A concepção do Departamento era equivocada em si mesma, isto é, combater a seca. Claro, nenhum país do mundo criou algum departamento para combater a neve, ou combater a chuva, ou combater o deserto. Entretanto, em sua longa existência, o Departamento construiu a maior açudagem do mundo, cerca de 70 mil, com capacidade para armazenar 36 bilhões de metros cúbicos de água de chuva. O Prof. João Abner, hidrólogo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, costuma dizer que, antes desses açudes, o semiárido era mesmo um deserto. Afinal, o que sempre faltou não foi chuva, mas a capacidade de armazenar a água que a chuva oferece.
Acontece que o Departamento criou ilhas de água, mas nunca fez sua distribuição horizontal. Essa lacuna fundamental é hoje admitida até por quem já esteja na chefia do órgão por quase uma década, como Manoel Bonfim Ribeiro. Essa é a proposta fundamental do Atlas do Nordeste, diagnóstico feito pela Agência Nacional de Águas para o meio urbano da região.
Mas, foi ali também que a chamada “indústria da seca” grassou como praga. Sempre exigindo novas verbas para novas obras, foi o ralo do enriquecimento pessoal de multidões de coronéis nordestinos, que fizeram a maior parte dos açudes e poços em suas propriedades particulares, além de construírem seu poder econômico e político manipulando a sede do povo. O que aconteceu esses dias com o apadrinhado do deputado Henrique Alves é apenas uma amostra grátis de décadas de drenagem do dinheiro público para cofres particulares.
Em 1959, intelectuais como Celso Furtado, setores da Igreja como D. Hélder Câmara, propuseram a criação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste. Em seu discurso inaugural, Celso Furtado pronuncia a expressão “convivência com o semiárido” - retirando do centro o enfoque no combate a seca e focando a industrialização - que já tinha lastro em outros intelectuais da academia Nordestina. Mas, na lógica do capital e do patrimonialismo, a SUDENE repetiu a indústria da seca do DENOCS. Com a criação da SUDENE, o Departamento perdeu poder. 
Esses dias a presidente Dilma Roussef disse que não iria mais fazer a parceria com a Articulação no Semiárido Brasileiro, que tirou do papel a lógica da convivência com o Semiárido e a fez realidade. Com um fiapo de dinheiro e tecnologias simples, tem um impacto social maior na população mais pobre que cem anos de DENOCS. Agora o governo voltou atrás e disse que vai prosseguir na parceria, mas vai continuar com sua distribuição de 300 mil cisternas de plástico pela CODEVASF, pelas mãos do Ministro Fernando Bezerra Coelho. Portanto, uma no cravo e outra no calo do povo.
Operar no Semiárido sem conhecer sua história é voltar a cometer os erros crassos do passado.  Um pouco de humildade do governo evitaria tamanho descalabro, como as cisternas de plástico e a nova cara dessa nefasta indústria da seca, agora como hidronegócio materializado na Transposição. 
Dilma tem feito um esforço retado para ressuscitar a indústria da seca. 

Anvisa quer proibir dois agrotóxicos no Brasil



Da Agência Brasil

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) quer proibir o uso de dois agrotóxicos no país. A agência abriu hoje (23) consulta pública propondo banir o parationa metílica e o forato do mercado brasileiro.
Segundo a Anvisa, estudos científicos mostram que as substâncias fazem mal à saúde. O parationa causa problemas no sistema endócrino, transtornos psiquiátricos e afeta o desenvolvimento do embrião e do feto na gravidez. O inseticida é usado no controle de pragas nas plantações de algodão, alho, arroz, batata, cebola, feijão, milho, soja e trigo.
O forato aumenta o risco de diabetes na gestação e atinge o sistema respiratório, podendo levar à morte com a exposição a baixas doses. É autorizado para o combate de parasitas e insetos nas lavouras de algodão, amendoim, café, feijão, milho, tomate e trigo.
Os dois produtos já são proibidos na Comunidade Europeia e utilizados com restrições nos Estados Unidos.
As consultas ficam abertas por dois meses, período em que a população pode opinar sobre o banimento dos agrotóxicos.
Novos critérios
Os estudos sobre resíduos de agrotóxicos em alimentos, elaborados pelas empresas para registrar esse tipo de produto no Brasil, terão que seguir metodologias semelhantes às adotadas internacionalmente. A norma está fixada em resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicada hoje (23) no Diário Oficial da União.
A norma fixa todas as condições técnicas a serem observadas pelas empresas na condução dos estudos de resíduos de agrotóxicos em alimentos, tais como: critérios para preservação de amostras, apresentação de estudo de estabilidade de agrotóxico na cultura e curva de dissipação.
Com esse regulamento, a Anvisa espera garantir mais segurança na condução das análises de resíduos de agrotóxicos em alimentos. De acordo com o diretor da agência, Agenor Álvares, os estudos de resíduos elaborados em condições insatisfatórias ou inadequadas aumentam o custo e o tempo de análise dos produtos.
O novo regulamento é uma atualização da Resolução RDC 216/ 2006 da Agência. Com essa norma, os estudos de resíduos de agrotóxicos em alimentos passam a seguir as recomendações metodológicas do Codex Alimentarius, programa da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e da Organização Mundial de Saúde (OMS).
No Brasil, o registro de agrotóxicos é feito pelo Ministério da Agricultura, órgão que analisa a eficácia agronômica desses produtos. Porém, a anuência da Anvisa e do Ibama é requisito obrigatório para que o agrotóxico seja registrado.
A Anvisa faz a avaliação toxicológica dos produtos quanto ao impacto na saúde da população e estabelece os limites máximos de resíduos em alimento, bem como, o intervalo de segurança que deve ser observado entre a última aplicação do agrotóxico e a colheita. Já o Ibama observa os riscos que essas substâncias oferecem ao meio ambiente.

Quem disse que na Chapada do Apodi não há DESENVOLVIMENTO???

Produzir alimentos sem destruir a caatinga é desafio de agricultores.


Melhorar a renda e a qualidade de vida dos pequenos produtores do sertão sem destruir a caatinga. Essa é a meta de um projeto do Governo Federal em parceria com a ONU, a Organização das Nações Unidas.
Conheça dois assentamentos da reforma agrária, onde os agricultores estão aprendendo um novo jeito de produzir no semiárido. O assentamento Boa Vista tem 1.400 hectares, onde vivem 38 famílias. Quando os primeiros moradores chegaram, há 11 anos, a vida não era fácil. Como a maioria dos assentados, no começo José da Silva lidava com roçado no tempo da chuva e criava algumas vacas de leite. Como a renda era pequena, ele teve que procurar trabalho fora.
A vida dos agricultores ganhou nova perspectiva com a chegada do projeto Dom Hélder Câmara ao assentamento, parceria do Ministério do Desenvolvimento Agrário com a ONU. “É um projeto de assessoria técnica, onde as pessoas podem reverter e melhorar a qualidade de vida no campo produtivo, social e também se inserir no mercado diferenciado”, conta Fábio Santiago, agrônomo do projeto.
Os técnicos do projeto aplicaram o conceito da agroecologia. “A ideia é fazer com que os conhecimentos tradicional e científico se encontrem e assim ter cada vez mais uma capacidade de convivência com as características da região semiárida”, explica Felipe Jalfim, coordenador do projeto.
A ideia é juntar tecnologia com a experiência dos agricultores e formar estoques de água, de alimentos, de forragem com sustentabilidade, sem destruir o meio ambiente. Assim, oito assentados decidiram trocar vacas por cabras leiteiras.
Os criadores do assentamento entraram no programa de merenda escolar do estado do Ceará, que compra todo o leite. José Cabral e a mulher Lurdes estão animados com a atividade. O rebanho deles ainda é pequeno, tem apenas seis matrizes. Mesmo com pouco leite, Lurdes decidiu começar um novo negócio: a produção de queijo de cabra.
As cabras passam o dia na caatinga, de onde vem o grosso da alimentação do rebanho. As vacas não sumiram do assentamento, mas o rebanho diminuiu bastante. Hoje, não passam de 140 cabeças.
Para o agricultor Ismael Mendes, as vacas têm outra utilidade: produzir esterco. Com a produção do dia no carrinho, Ismael segue para casa, vai alimentar um biodigestor instalado no quintal.
O esterco é misturado com água e carreado para dentro do biodigestor. O processo de fermentação produz o gás.
O gás segue direto para cozinha e Iraci garante que funciona bem. Além de trazer economia, o biodigestor é ecológico. “Ele deixa de desmatar a caatinga utilizando o gás metano, que é o gás produzido com biodigestor”, explica Felipe Jalfim.
A nova aposta dos assentados para aumentar a renda sem agredir o meio ambiente é o turismo rural. Uma das formas que o pessoal encontrou para melhorar a renda das famílias sem ter que avançar sobre novas áreas de caatinga, foi a instalação de uma pousada rural. Belos cenários, banho de açude e comidinha caseira são alguns dos atrativos da pousada, administrada pelos próprios assentados.
Outra comunidade que trabalha com o projeto Dom Helder Câmara no sistema de agroecologia desde 2003 é o assentamento Moacir Lucena, que fica na Chapada do Apodi, no Rio Grande do Norte.
Em 700 hectares vivem 26 famílias. A maioria dos moradores trabalhava como meeiro na antiga fazenda de algodão, que foi desapropriada para dar lugar ao assentamento.
Hoje, Irapuã Gomes é presidente da Associação dos Moradores do Assentamento e conta que, para melhorar a alimentação das crianças, surgiu a ideia de plantar frutas no quintal das casas. Foi assim que chegaram aqui os primeiros pés de cajarana, tamarindo, manga, acerola, araticum. A ideia deu tão certo, que a produção de frutas virou negócio.
Com a ajuda do Dom Helder e da Coopervida, ONG que presta assistência técnica para o assentamento, os agricultores construíram uma pequena fábrica, que transforma as frutas em polpa. Já são 12 toneladas por ano. A maior parte da produção é vendida para os programas de aquisição de alimentos do Governo Federal.
Outra ideia que deu certo: uma horta comunitária que produz verduras e legumes. A produção é dividida primeiro entre as famílias. O que sobra é comercializado.
Quando as famílias foram assentadas, a área estava degradada por muitos anos de cultivo de algodão. Os agricultores demarcaram a reserva legal e há 12 anos vêm recuperando áreas de caatinga.
Com o desafio de produzir e ao mesmo tempo preservar, os agricultores optaram pelo sistema agrosilvopastoril: modelo desenvolvido pela Embrapa, que junta lavoura, pecuária e floresta na mesma área, sem desmatar, queimar nem usar agrotóxico. O cultivo é feito em faixas, deixando entre elas uma linha de plantas nativas.
Nas áreas onde a caatinga foi retornando, os agricultores decidiram produzir mel. Evandro da Silva é um dos novos apicultores do assentamento e mostrou com orgulho a Casa do Mel, construída dentro dos padrões da vigilância sanitária, para beneficiar o produto.
Dentro do princípio da agroecologia, para economizar pasto, cada família tem direito de manter apenas uma vaca leiteira, mas quase todos os assentados criam cabras e ovelhas, que ajudam a complementar a renda. Como os lotes individuais são pequenos, têm só 19 hectares, os rebanhos podem ter no máximo 70 animais.
Só se trabalha com animais mestiços, que passam a maior parte do tempo pastando na caatinga. Eles foram comprados com recursos que o projeto Dom Helder conseguiu a fundo perdido.
Tantas mudanças trouxeram mais renda e qualidade de vida para os assentados. A casa de José e Geilza tem móveis novos, criança saudável e comida boa feita com todo carinho no fogão a lenha. Os tempos difíceis de antigamente agora são só lembranças.
Hoje, além de feijão, a mesa do almoço tem arroz, galinha caipira, carne de bode, salada e, claro, suco, um delicioso retrato do novo perfil dessas famílias.
As mudanças no assentamento trouxeram mais do que dinheiro no bolso. Elas abriram uma nova estrada que essa gente agora tem orgulho em percorrer.
Seja nos tempos das águas, seja na seca, seu José Holanda e tantos outros agricultores estão aprendendo que a perpetuação da vida no sertão depende do conhecimento e da convivência harmoniosa com a caatinga.
Fonte: Portal G1

Incra vai retomar lotes vendidos.

Uma alternativa do Incra para atender às famílias que ainda estão em acampamentos no Rio Grande do Norte está sendo a intensificação da fiscalização dos assentamentos já estabelecidos. O objetivo é identificar irregularidades na concessão dos lotes de terra. Várias denúncias chegam ao órgão indicando a comercialização ilegal de terras cedidas pelo Governo Federal dentro do Programa Nacional de Reforma Agrária (PNRA).
Valmir Alves informa que muitas denúncias se confirmaram, mas observou, porém, que os relatórios das vistorias estão sendo submetidos a uma comissão de supervisão do INCRA, que vai avaliar e apontar o que deve ser feito em cada caso. "A tendência é haver a retomada de lotes ocupados irregularmente", antecipa o superintendente.
As irregularidades foram constatadas nos três assentamentos fiscalizados em Mossoró, Upanema e Ceará Mirim.
A ação de vistoria pela comissão de servidores do INCRA foi iniciada pelo assentamento Nova Esperança (antiga Fazenda São João) em Mossoró. Em seguida, a vistoria foi realizada no assentamento Padre Cícero, em Ceará Mirim. O trabalho de campo contou com apoio da Polícia Federal, considerando a existência de registro de casos de violência. Um trabalhador rural foi assassinado no último dia 18 de dezembro no assentamento Padre Cícero e, segundo as primeiras investigações, a motivação do crime está relacionada à venda de lote.
De janeiro a outubro de 2011, o INCRA vistoriou 21.287 lotes situados em 13 estados, incluindo o Rio Grande do Norte e no Distrito Federal. De janeiro de 2001 a julho de 2011, 103.543 beneficiários foram excluídos do Programa Nacional de Reforma Agrária (PNRA) por irregularidades - sendo 36.592 e exclusões motivadas por negociações ilegais da terra nua ou das benfeitorias. Uma vez fora do Programa por irregularidades, os trabalhadores rurais não terão outra chance de se tornarem beneficiários da reforma agrária. Em todo o Brasil quase um milhão de famílias vive em 8,7 mil assentamentos atendidos pelo INCRA.
Valmir Alves ressalta que a retomada de lotes ocupados irregularmente beneficiará trabalhadores rurais que esperam por um lote de terra para morar e produzir. "Vamos manter esforços para continuar a desapropriar terras improdutivas e, retomar lotes de quem não tem perfil e, utilizou o expediente ilegal, que é a compra", afirma.

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