sexta-feira

Ruralistas x Pedrinho

Enquanto tal os ruralistas querem modificar o Código Florestal para derrubar mais florestas, avançar sobre as encostas, margens de rios, solos frágeis e demais áreas de risco.

Roberto Malvezzi (Gogó)

Dilsóm saiu na sua roça roça e contou 407 mudas de aroeira nascendo no meio da caatinga. Voltou para casa, fez uma proteção para cada nova árvore e as cercou com cuidado para que as cabras e ovelhas não as comessem.
Pedrinho de Lalinha tomou a decisão de refazer toda uma área que derrubou, antes coberta por angicos. Foi em público, diante da comunidade e já começou seu trabalho para se justificar diante de seus irmãos e diante das sugestões da Campanha da Fraternidade desse ano.
Ambos são agricultores da caatinga, município de Campo Alegre de Lourdes, sertão da Bahia. Precisam da caatinga em pé para alimentar seus bodes com sua forrageira natural, para cultivar suas caixas de abelha, para evitar a desertificação, para amenizar o calor, para facilitar as chuvas, tantos outros serviços prestados pela caatinga que eles conhecem e imaginam.
Não esperaram pelo tratado de Kyoto, por crédito carbono, nem por qualquer outra compensação econômica. São criativos, responsáveis, querem agir como cristãos, respeitando a natureza a partir da porta de suas casas e roças. Sabem que a caatinga em pé é uma benção, não um obstáculo.
Na Romaria da Terra e das Águas, em Bom Jesus da Lapa, na plenarinha de revitalização do São Francisco, um agricultor de Seabra, Chapada Diamantina, disse que tomou a iniciativa de recompor toda a mata ciliar de um riacho que corta sua propriedade. “É só cercar e deixar a mata crescer”, disse ele.
Ali também a companheirada da Cáritas de Januária contou sua experiência de revitalização de Rio dos Cochos. Uma série de iniciativas mais organizadas e mais coletivas, como barraginhas, contenção de margens, matas ciliares, atividades educativas, etc., vão devolvendo vida a um rio pequeno, afluente do São Francisco, mas decisivo para várias comunidades que dele dependem.
Enquanto tal os ruralistas querem modificar o Código Florestal para derrubar mais florestas, avançar sobre as encostas, margens de rios, solos frágeis e demais áreas de risco. Qual desses grupos humanos você acha mais evoluído?
Roberto Malvezzi (Gogó) é assessor da Comissão Pastoral da Terra.
Texto originalmente publicado na edição 438 do Brasil de Fato.

O veneno está nas telas

Lançado com pompa no Rio, filme de Sílvio Tendler traça os graves efeitos dos agrotóxicos na saúde do povo que mais os consome, o brasileiro.

Leandro Uchoas

O cenário era perfeito. Como palco, o Teatro Casa Grande, no Leblon, onde se deram alguns dos momentos mais importantes da resistência à ditadura. O filme, “O Veneno Está na Mesa”, uma bela síntese do trágico efeito à agricultura brasileira do uso de agrotóxicos. Como diretor, ninguém menos do que Sílvio Tendler, autor de clássicos como “Encontro com Milton Santos ou o Mundo Global Visto do Lado de Cá”. Para completar, o auditório de 500 lugares completamente tomado por um público ávido por fazer soar, em todo o país, as denúncias acachapantes do longa. O lançamento do aguardado filme na segunda-feira (25) teve a pompa que merecia.
As imagens começam com a denúncia mais terrível. Cada brasileiro consome, em média, 5,2 litros de agrotóxicos por ano. Desde 2008, nenhum outro povo, no mundo, consome tanto veneno. Logo nos primeiros 10 minutos, de um total de 50, sucedem-se denúncias assombrosas. Duas das empresas que produzem os agrotóxicos, Monsanto e Dow, produziram o agente laranja que os Estados Unidos lançaram sobre o Vietnã, exterminando milhões de vidas. Outras duas, Basf e Bayer, foram parceiras dos nazistas na produção dos químicos para exterminar povos considerados inferiores, como os judeus. Na voz de André Trigueiro, da Rede Globo, denúncias num tom de indignação incomum ao usualmente cordial jornalista: o metamidofós, princípio ativo proibido nos Estados Unidos, na Europa, na China e em boa parte da África é utilizado livremente no Brasil, que ainda decide se vai proibi-lo.
Parte da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, o filme foi produzido com dificuldade, com a ajuda de movimentos sociais, ongs e  instituições de saúde. Para alguns intelectuais, pesquisadores e lideranças, funcionou como uma denúncia desesperada, a ser propagada aos quatro ventos. A distribuição do material será feita a baixo custo. Segundo o diretor, a ideia inicial surgiu durante conversa pessoal com o escritor uruguaio Eduardo Galeano, e ganhou força em um encontro posterior com João Pedro Stedile, do MST. Bastou, em seguida, o contato com a Campanha.
O filme também traz um depoimento da senadora Kátia Abreu (DEM-TO),  presidente da Confederação Nacional de Agricultura (CNA). A parlamentar é a figura mais importante do agronegócio no Congresso Nacional. Todos os movimentos políticos da CNA, seja de estímulo ao avanço degradante e criminoso do agronegócio, ou de criminalização dos movimentos sociais,  passam por ela. Apesar de desnecessariamente longa, a exibição da fala serviu de síntese dos argumentos utilizados pela direita. Ela defende que o Brasil não se sustentaria sem o uso de agrotóxicos. Não explica, portanto, como os outros países do mundo consomem menos agrotóxico, mesmo sem contar com nossos incomparáveis recursos naturais. Nem dá pistas de como a humanidade se sustentou nos dez mil anos em que plantou e colheu sem uso de veneno.
O filme termina apontando saídas. A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, estaria tomando medidas muito mais ousadas no sentido de impedir o avanço do agronegócio em seu país. E o jovem agricultor Adonai dá exemplo de luta contra as dificuldades para plantar e vender alimentos orgânicos (sem uso de agrotóxicos). Ele recusa os créditos bancários que lhe possibilitariam maior conforto, porque os bancos  praticamente exigem uso de agrotóxicos. O filme mostra como, ao longo de três anos, Adonai recuperou um tipo de milho tradicional, através de experiências com as sementes, que lhe permitiram seguir apostando no orgânico.
A mensagem do agricultor Fernando Ataliba, de Indaiatuba (SP), sintetiza, em parte, o que representa a aposta do Brasil no agronegócio, que tem persistido mesmo com diferentes grupos políticos à frente do governo federal. “O que a Revolução Verde fez foi destruir e apagar todo o acúmulo de conhecimento da agricultura tradicional ao longo de seus dez mil anos, criando um negócio totalmente novo. E essa ‘novidade’, depois de tantos anos, está demonstrando que ela não dá certo. Ela está produzindo perda da produtividade do solo, perda dos mananciais, perda da biodiversidade, contaminação do solo, das águas, das pessoas, do ar, e mudanças climáticas. O que mais nós vamos esperar acontecer para a gente perceber que esse modelo ‘novo’ não é bom?”, pergunta.
O debate que sucedeu a exibição do filme funcionou como complemento as  informações divulgadas. Os debatedores estavam tomados por uma emoção  pouco comum. A razão é simples. As denúncias que o trabalho de Tendler  trazem, apesar da notória gravidade, não encontram o espaço que merecem  no debate social. Os motivos, o próprio filme mostra. As megacorporações  por trás do agronegócio, com seu lucro astronômico – US$ 7 bilhões apenas em 2010 –, compram institutos de pesquisa, “seduzem” parlamentares através de financiamento de campanha, e calam setores da mídia. O resultado é que boa parte da população brasileira simplesmente desconhece que, todos os dias, tem venenos terríveis dentro de seu prato. A emoção de debatedores e parte do público era a de ver esses absurdos divulgados. Logo no início das falas, Tendler chorou.
“Esse mercado é concentrado, mundialmente, nas mãos de apenas 13 empresas. E seis delas controlam mais de 60% dele. A soma do patrimônio das três maiores supera o PIB da maioria dos países do mundo – apenas 70 deles não têm PIB menor” acusa Letícia Rodrigues da Silva, coordenadora do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos da Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária. A pesquisadora também denunciou a estratégia de judicialização utilizada pelas principais multinacionais da agroindústria. Utilizando recursos na Justiça, as empresas vão protelando as decisões, e permanecem com seu mecanismo nefasto de  monopólio do setor.

O pesquisador Alexandre Pessoa, da Fiocruz, fez um paralelo das ideias apresentadas pelo filme com a realização, no Rio de Janeiro, em 2012, da Rio+20. Ele considera que, na conferência, as megacorporações vão apresentar falsas soluções à crise ambiental, preservando o mesmo modelo de exploração massiva de recursos. Para Nívia Regina, do MST, “o filme é a maturidade de um longo processo de luta, porque critica a hegemonia do paradigma produtivista. Temos que construir uma outra hegemonia, com base na agroecologia”. Nívia terminou sua intervenção conclamando a todos para que divulguem, amplamente, o filme de Tendler.
Fonte: Site BRASIL DE FATO.

Ação, Reflexão, Ação: A LUTA CONTINUA.

 O dia 25 de Julho de 2011 já entrou para história do Município de Apodi e o estado do Rio Grande, uma grande massa de trabalhadoras (es) tomaram as ruas de Apodi onde afirmaram não concordarem com os moldes do Projeto de Irrigação da Chapada do Apodi, que difere completamente da realidade da Região, tendo em vista o grande potencial da agricultura familiar no município de Apodi. Todos entendem que a presença do agronegócio por ali causará a extinção da agricultura familiar naquela região.
Os Agricultores (as) que participaram do ato público clamaram para que o projeto vise o DESENVOLVIMENTO que já está em curso, que traz benefícios nas dimensões sociais, econômicas e ambientais.
Confira nas Imagens o que os agricultores (as) querem para o DESENVOLVIMENTO de Apodi:




Por: Agnaldo Fernandes

quinta-feira

Marcha das Margaridas deve reunir 100 mil em Brasília

Do Adital

Para Rosângela Ferreira, integrante da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura do Estado do Ceará (Fetraece) e da organização estadual da Marcha, a atividade tem um grande significado para a garantia dos direitos das mulheres, principalmente daquelas das zonas rurais. “A Marcha é necessária para garantir a visibilidade. Por mais que o governo seja democrático, não existe governo bonzinho. O movimento precisa estar mobilizado ou então não consegue [visibilizar suas demandas]”, afirma.

O evento acontece a cada quatro anos sempre no mês de agosto, para fazer a memória ao assassinato da líder sindical Margarida Alves morta com um tiro no rosto no dia 12 de agosto de 1983 no município de Alagoa Grande (PB).

A atividade foi lançada nacionalmente em novembro de 2010, e desde então, os movimentos de mulheres vêm se organizando em vários pólos do país com o objetivo de se articular e preparar a pauta de reivindicação através de debates, palestras, estudos, planejamento e captaçãode recurso.

Essas mobilizações resultaram na elaboração de um caderno de texto que teve como base os eixos da plataforma política do movimento de mulheres. São elas: biodiversidade, terra, água e agroecologia, soberania e segurança alimentar, autonomia econômica, saúde pública e direitos reprodutivos, educação não sexista e democracia, poder e participação política. O caderno reuniu cerca de 158 propostas que foram entregues no dia 13 de julho, em ato político, no Palácio do Planalto em Brasília.

Rosângela aponta conquistas significativas nesses anos de caminhada. Uma delas foi a aposentadoria para trabalhadoras rurais aos 55 anos de idade; a emissão de documentação das mulheres que não conseguiam acesso às políticas públicas, como o Bolsa Família; a titularização na divisão da reforma agrária no nome das mulheres; criação do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar com recorte de gênero (Pronaf Mulher), a visibilidade sobre os casos de violência e discriminação contra as mulheres, entre outras.
Ela ressalta, ainda, que as mulheres fizeram parte da construção da história do país, mas nunca apareceram de fato, e que a Marcha tem também essa finalidade: despertar as mulheres para que elas exijam seus direitos e sejam sujeitas de uma nova história e construtoras de uma sociedade igualitária.

Programação

As mulheres chegarão no dia 15 de agosto no Parque das Cidades, centro de Brasília. Dia 16, pela manhã, a abertura contará com a exposição de dois painéis. Neste mesmo dia, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) fará uma pesquisa com as mulheres presentes na marcha sobre perfil econômico e condições de vida das mulheres trabalhadoras do campo e da floresta.

À noite, haverá o lançamento do CD “Canto das Margaridas”, produzido por mulheres de todo pais, com a presença da cantora Margareth Menezes. No dia 17, as mulheres seguem em marcha do Parque das Cidades até a Esplanada dos Ministérios, onde serão recebidas por ministros e autoridades, inclusive a presidente Dilma Rousseff. Às 15 horas, Dilma fará o anúncio da decisão das propostas encaminhadas na semana passada pela coordenação da Marcha.

Especial: "É preciso enaltecer os que, cultivando a terra, aprendem a lutar"

Por Pilato Pereira - CPT/RS
Do
blog da CPT-RS

Popularmente se diz que o 25 de Julho é o "Dia do Agricultor", mas em muitos locais se diz "Dia do Colono" e ultimamente se recupera um sentido mais original para quem trabalha no campo e se diz que é o "Dia do Camponês". Na verdade o "Dia do Agricultor" é 28 de Julho, data instituída a partir do centenário da criação do Ministério da Agricultura, em 1960, por decreto do presidente Juscelino Kubitschek. Já a data de 25 de Julho, como "Dia do Colono" é uma homenagem aos "colonos" estrangeiros que imigraram ao Brasil no final do século 19 início do século 20.

Mas, hoje, quando se fala em agricultor, colono ou camponês, já se sabe que se refere ao pequeno agricultor, o homem e a mulher que trabalham na agricultura familiar e camponesa. E quando se refere aos grandes, os latifundiários e ruralistas, eles gostam de serem chamados de "produtores rurais". E a imprensa frisa muito bem esta terminologia. De fato eles produzem e muito. Produzem, em primeiro lugar, a fome e a miséria porque roubam a terra de quem dela precisa. Produzem riqueza para eles. Os grandes não cultivam a terra, simplesmente arrancam dela o lucro.

Enquanto o pequeno agricultor, o colono, o camponês cultiva a terra, semeando a boa semente para colher o pão de cada dia que alimenta sua família e nutre o Brasil, o dito produtor rural trabalha com dinheiro e na terra põe o transgênico e o veneno e colhe muito mais dinheiro. Você já viu um produtor rural produzir sem dinheiro? Ele usa dinheiro público para arrancar da terra mais riqueza para ele próprio. Mas o pequeno agricultor, que nem sempre tem recursos para cultivar a terra, trabalha na fé, na coragem e no amor.

Mas, a mulher e o homem que, com simplicidade, cultivam a terra, também são cultivados por ela e aprendem a lutar pela sua dignidade e pelo respeito a vida. Quando pessoas simples e humildes se levantam do chão como plantas que querem florir, é porque a terra cultivou seus corações e mentes e aprenderam na vida que é preciso lutar para viver. Por isso, nesta data, é preciso enaltecer mulheres e homens que, cultivando a terra, aprendem a lutar.
25 de Julho deve ser um dia para celebrar e lutar, porque a vida do pequeno agricultor, colono ou camponês é marcada pela luta, mas com muita mistica e amor com a terra.

As Dívidas e a Dúvida para a Agricultura Familiar

Por Gerson Teixeira
As entidades representativas dos trabalhadores rurais negociam com o governo, medidas para aliviar o quadro atual de endividamento, no crédito rural, dos assentados e agricultores familiares.
Essas negociações dos trabalhadores se repetem desde 2003, quando as dívidas desses segmentos passaram a ser contempladas nos freqüentes instrumentos oficiais de repactuação, inaugurados e tornados corriqueiros pelas pressões dos ruralistas, a partir de meados da década de 1990.
Fixando-nos no caso específico da agricultura familiar, parece essencial indagar: por que se mantém o problema da elevada inadimplência desses agricultores?

quarta-feira

Mobilização Estadual Protesta Contra Projeto do Agronegócio para a Chapada do Apodi – RN.



Cerca de 2 mil pessoas integrantes do STTR de Apodi, da Via Campesina, ASA Potiguar,  Fórum do Campo, Assembléia Popular,  Grito dos Excluídos, Organizações Sindicais e Populares e Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais da Chapada e do Vale do Apodi, saíram às ruas da cidade de Apodi-RN para protestar contra o projeto do perímetro irrigado de Santa Cruz elaborado pelo DNOCS.
O projeto pretende desapropriar uma área de mais de 13 mil hectares de terras na chapada do Apodi, onde serão desalojados cerca de 200 famílias para dar lugar a um loteamento irrigado que beneficiará 5 empresas multinacionais que controlam a cadeia produtiva do cacau, uva entre outras.
Os agricultores e agriculturas em desacordo com o projeto realizaram um ato público neste dia nacional do Agricultor (a) e enfatizaram os problemas que tal projeto trará para a região, um dos camponeses presentes destacou “Isso que estão querendo fazer conosco é um crime, pois tirar centenas de pessoas de seus territórios e comunidades para entregar estas terras a umas poucas empresas que só se preocupam com seu lucro é uma tremenda injustiça”.
A dirigente nacional do MST, Marina dos Santos, apontou que “ o projeto é contra a reforma agrária, e para termos avanços devemos fazer como quando se cozinha feijão duro: Só vai na pressão”.
Esclarecendo sobre o processo de construção do projeto, Junior da coordenação da CPT apontou que o projeto “é feito pelo DNOCS e como em tantos outros lugares este projeto não tem chance de funcionar, pois sua natureza é contra os trabalhadores, e seu objetivo principal é entregar as terras e as águas da chapada para as empresas”.
Além disso Cleber Folgado da direção nacional do MPA, destacou que “o Brasil desde 2008 é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo, chegamos a consumir o equivalente a 5,2 litros de veneno por pessoa por ano, e um projeto criminoso como este só vai aumentar o uso de agrotóxicos na região, afetando assim toda a sociedade”
O dirigente estadual da CUT, José Rodrigues destacou que “as forças políticas alinhadas ao agro e hidronegócio, tentam impor este projeto a ferro e fogo em detrimento do interesse dos agricultores familiares da região”.
José Olanda, agricultor da região enfatizou que “o projeto não vai afetar só os agricultores que moram na região, mas sim toda a sociedade apodiense, inclusive os comerciantes”.
Para finalizar o ato, o presidente do STTR, Edilson destacou que “esta é uma luta que está só começando, e nós vamos permanecer organizados e em luta para impedir a implementação deste projeto”.
Diante disso, no próximo dia 08 de agosto uma comissão de agricultores e representantes das organizações irão se reunir com representantes do Ministério da Integração Nacional e do Ministério do Desenvolvimento Agrário, para discutir sobre os rumos do projeto.
Esta reunião é fruto de uma audiência que ocorreu em Brasília no último dia 19 de julho de 2011, com o Ministro da Integração Nacional Fernando Bezerra Coelho. A audiência foi uma das formas de pressão por parte dos movimentos sociais sobre o poder público que vem proporcionando condições para a implementação de projetos desta natureza. Um dos pontos a serem tratados e que foi a reivindicação imediata do Ato, será a anulação do decreto de desapropriação do projeto.
Por: Equipe de Comunicação do Evento.

Veneno na pele.


Em usina de Pernambuco, trabalhadores que manuseiam agrotóxicos ficam enfermos e transmitem doenças para familiares

“De repente a menina cansava sem ninguém sabe como. Tinha que pegar e levar pro hospital às pressas”, relembra Madalena. A cena se repetia todos os dias. Sua sobrinha, à época com quatro anos, tinha crises respiratórias a cada fi m de tarde e era socorrida no hospital de São Lourenço da Mata, zona da mata norte de Pernambuco. “Foi então que a médicadescobriu que os ataques só aconteciam quando meu irmão chegava em casa do trabalho. Ela pediu pra ele se afastar do serviço por algum tempo. Passou um mês e a menina não teve mais nada, quando ele voltou a trabalhar os ataques voltaram”. O irmão de Madalena aplicava agrotóxicos nos canaviais da usina Petribu.


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terça-feira

POLÊMICA ESTADUAL: Hugo Manso rebate Cassiano Arruda sobre projeto de irrigação da Chapada do Apodi.



Hugo Manso, do PT RN
* Hugo Manso

"Caro Cassiano Arruda

Em seu texto “VANGUARDA DO ATRASO” publicado na Roda Viva de 21/07/11, você trás para a discussão da utilização das águas da Barragem Santa Cruz conceitos de desenvolvimento capitalista, a partir da idéia da “adoção de novas tecnologias no setor agrícola e busca de novos modelos de ocupação e exploração da terra”.

O modo de produção capitalista representou enorme avanço, revolucionando forças produtivas e racionalizando métodos e processos durante mais de um século. Entretanto os males que este sistema gerou após a Revolução Industrial, com a profunda acumulação e concentração de riqueza, teve como conseqüência o agravamento das desigualdades sociais e territoriais, chegando a colocar em risco a sobrevivência do planeta.

Hoje, no século XXI, sob todos os aspectos este modelo é predador, desumano e já não mais corresponde às potencialidades e desafios sociais, culturais e ambientais da humanidade.

É verdade, Cassiano, que a terra continua arredondada e que as novas tecnologias podem conduzi-la ao pleno desenvolvimento de suas potencialidades. O problema é como aplicar estas tecnologias. Qual modelo de desenvolvimento? Qual relação com o meio ambiente? Qual perspectiva de desenvolvimento humano?

O modelo proposto pelo DNOCS implica bombeamento, consumo elevado de energia, trabalho assalariado no campo e crescimento desordenado das cidades, uso intensivo do solo e da água com eliminação da biodiversidade. Tudo em nome da produção intensiva de frutas tropicais e novas concentrações.

Quero sugerir outra lógica para a utilização das águas da Barragem Santa Cruz, vinculado a outro modelo de desenvolvimento da agricultura e do semi-árido brasileiro. A topografia da região permite a utilização das águas da barragem a baixo custo energético irrigando o vale no sentido Apodi – Caraúbas por gravidade. Lá, no vale, não precisa o governo promover nenhuma desapropriação, dada a sua estrutura fundiária. É no vale que historicamente vem sendo produzido o arroz vermelho, que pode ter sua área ampliada.

Para as terras da chapada, a experiência com os assentamentos da Reforma Agrária, o manejo agro-ecológico da caatinga, a convivência entre agricultura de sequeiro, apicultura e caprino-ovino cultura possibilita uma ocupação humana qualitativamente diferente do proposto por perímetros irrigados. Duas visitas são necessárias para entender a divergência: ao DIBA (distrito irrigado do baixo Açu) e aos projetos de assentamento da chapada do Apodi (Laje do Meio, Moacir Lucena, Milagres entre outros).

No DIBA, cobertura vegetal retirada, uso intensivo de água e defensivos, solo salinizado, nenhuma fixação humana nem criação de animais. Ao lado, periferias urbanas em crescimento. Nos assentamentos da chapada, recuperação da fauna e da flora retirada pelas antigas fazendas, fixação de famílias em residências dignas, grande produção de mel, leite, carne, frutas de sequeiro, artesanato, ovos, aves, milho e sorgo.

Em ambos os ambientes investimentos públicos foram feitos. O governo do Presidente Lula ao expandir os Institutos Federais e transformar a ESAM em UFERSA, levou investimentos em educação, ciência e tecnologia para territórios rurais antes inatingíveis. Associá-los a produção de alimentos e vida digna é o desafio.

A “opção preferencial pela pobreza” foi feita pelos ricos, pelos que mandam e oprimem no mundo inteiro. Aplicar na chapada do Apodi o modelo falido de desenvolvimento concentrador e excludente é que representará atraso. Atraso humano e ambiental.

Queremos sim políticas públicas que desenvolvam o semi-árido brasileiro. É possível sim uma ruralidade com gente, cidades com saneamento, escolas e saúde pública. Para tanto estamos propondo modelos de desenvolvimento rural sustentáveis, economicamente viáveis e socialmente aceitáveis. Este é o debate."
* Texto publicado a pedido do companheiro Hugo Manso, Dirigente Estadual do PT.
Fonte: Blog do Caramurú Paiva

Movimento contrário ao distrito irrigado reuniu mais de 2 mil trabalhadores


Edílson Neto.
Foto: Agnaldo Fernandes

Apodi - O movimento contrário ao distrito irrigado com agrotóxico na chapada conforme está propondo o Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS) ao Ministério da Integração Nacional, reuniu hoje, em Apodi, mais de 2 mil trabalhadores rurais de várias cidades do Rio Grande do Norte e também do Vale do Jaguaribe (CE).
O Distrito Irrigado está sendo projetado pelo Dnocs para aproveitar a reserva hídrica da Barragem de Santa Cruz, que acumula até 600 milhões de metros cúbicos de água. Querem desapropriar aproximadamente 14 mil hectares na região da Chapada do Apodi, que atualmente pertence a pequenos produtores rurais e até áreas de assentamento.
O projeto como todo prevê investimento na ordem de R$ 280 milhões. Os trabalhadores, segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Apodi, Edilson Neto, querem o investimento, mas não no perfil traçado pelo Dnocs, prevendo uma grande área para produzir frutas por grandes grupos empresariais usando agrotóxico.
Conforme Edilson Neto, este projeto do Dnocs não pode ser levado à frente. Primeiro porque está tirando a terra de quem tem pouco para dá a quem tem muito. E segundo por que a produção terá agrotóxico, prejudicando os moradores nativos da região, como, segundo ele, já aconteceu no Distrito Irrigado instalado pelo próprio Dnocs em Limoeiro do Norte (CE).
O sindicalista disse que o movimento realizado ontem em Apodi tem como objetivo principal forçar o Governo Federal, através do Ministério da Integração Nacional, a implantar na Chapada do Apodi um distrito Irrigado com o mesmo perfil do que implantou em Sergipe. "Não queremos modelo poluidor. Queremos um modelo agroecológico", diz Edilson Neto.
Se for para produzir com agrotóxico, a apicultora Fátima Torres disse que todos os produtores de mel da região de Apodi serão prejudicados. "Não tem quem produz mel bom com produção irrigada com agrotóxico por perto. E o município de Apodi vem crescendo muito a produção de mel e pode perder com distrito com agrotóxico", diz Fátima Torres.
Apesar de o movimento ter reunido mais de 2 mil trabalhadores, atraiu poucas autoridades. Apenas o deputado estadual Mineiro, do PT, esteve presente. Segundo Mineiro, a proposta dos trabalhadores é nobre e mais nobre ainda é o ato de lutar pelos direitos sociais. "Estamos apoiando pelo grande benefício ambiental que vai proporcionar a região", destaca o deputado.
O movimento já conseguiu semana passada, em audiência com o ministro Fernando Bezerra, da Integração Nacional, uma promessa de rever o projeto de irrigação da Chapada do Apodi. No próximo dia 8, em Natal, os agricultores ligados aos movimentos sociais vão se reunir com uma comissão de técnicos do Ministério da Agricultura para debater a elaboração de um novo projeto para aproveitar a água da Barragem de Santa Cruz.

Fonte: Jornal De Fato.

segunda-feira

RN diz não ao Perímetro Irrigado da Chapada do Apodi.

No dia do Trabalhador (a) Rural cerca de 2.000 Agricultores (as) lotaram as ruas de Apodi –RN. Uma grande caminhada pelas ruas da cidade marcou o dia. Os agricultores (as) aproveitaram o dia para protestar contra o Projeto de Irrigação da Chapada do Apodi e apresentaram suas alternativas.
Amanhã traremos mais informações.





Por: Agnaldo Fernandes.