sexta-feira

Modelo do agronegócio baseado em commodities gera crise alimentar



Por Amy Horton*
 
No início de julho, previa-se para 2012 um recorde mundial na produção de alimentos. Poucas semanas depois, os preços do milho e da soja quebraram os recordes alcançados na crise alimentar de 2007-08, quando revoltas disparadas pela fome espalharam-se por trinta países. Os preços do trigo também subiram, mais de 50% só nas últimas seis semanas.
 
Tudo isso coloca o mundo à beira de uma nova crise alimentar. Quando a ONU lançar seu relatório global sobre a fome, em setembro, é provável que o número de pessoas famintas no planeta – atualmente estimado em 925 milhões – tenha se ampliado.
 
A culpa principal foi atribuída à seca devastadora nos Estados Unidos, que arrasou mais lavouras que qualquer outro fenômeno climático desde 1956. À medida em que a mudança climática evolui, tais extremos estão se tornando normais.

Organizações sociais do campo realizam encontro unitário em Brasília.


encontro unitarioNos dias 20 a 22 de agosto, organizações sociais do campo realizam Encontro Nacional Unitário dos Trabalhadores (as), Povos do Campo, da Águas e das Florestas, no Parque da cidade em Brasília. Mais de 5 mil delegados de todo o Brasil participarão do encontro que relembra o primeiro Congresso Camponês, realizado em 1961.

Do Movimento dos Pequenos Agricultores

O encontro inicia um conjunto de mobilizações articuladas pelos movimentos do campo, como a Via Campesina, o Movimento Camponês Popular (MCP), a Cáritas Brasileira, a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf), Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), além movimentos indígenas e de pescadores.   O intuito é afirmar a luta dos povos e grupos sociais reunidos no encontro pelo direito à terra e iniciar um processo de unidade dos respectivos movimentos para o próximo período.
“A defesa da construção do encontro unitário perpassa por um denominador comum, o agronegócio. Esse é um modelo excludente que promove não somente a degradação do meio ambiente, como não respeita as relações de trabalho familiar. Essa faceta de que o agronegócio produz alimento não é verdade, 70% do alimento consumido no país vêm da agricultura familiar. O resultado do agronegócio é a degradação produtiva e econômica”, afirma Willian Clementino, secretário de políticas agrárias da Contag.

quinta-feira

Calor provoca defeito em cisternas de plástico.

Material está deformando por não suportar o calor do sertão. Reservatórios foram doados pelo Programa Água para Todos.
Programa Globo Rural
26/07/2012
Clique sobre a imagem para assistir à reportagem.
Os agricultores do Piauí que receberam cisternas de plástico para enfrentar a seca reclamam que o material está deformando por não suportar o calor do sertão.

Depois de muito tempo de espera, a agricultora Francisca Rodrigues ganhou a cisterna de polietileno, um tipo de material plástico. O reservatório foi doado pelo Programa Água para Todos, do governo federal. Mas o presente decepcionou. “Antes de colocar água, ela começou a afundar”, diz.

No assentamento, que fica no município de Paulistana, foram instaladas 27 cisternas, mas 17 delas foram trocadas por apresentar defeito. A cisterna nova que a agricultora Lucílvia Rodrigues recebeu também apresentou deformação.

Muitas cisternas do município estão com a parte de cima do reservatório deformada e outras tiveram rachaduras. O agricultor Francisco Bertoldo, que recebeu uma cisterna com defeito, recusou a troca e fez um empréstimo no banco para construir um reservatório de placas de cimento.

Em nota, a Acqualimp, empresa que fabrica as cisternas, informou que já foram entregues 20 mil cisternas para o governo federal e que os reservatórios que apresentaram o defeito foram substituídos imediatamente.

Em março, o Globo Rural mostrou o drama de agricultores de Pernambuco. No município de Cedro, a cisterna do agricultor Jacinto do Nascimento afundou e precisou ser trocada. Arlindo Mariano teve o mesmo problema.

Um encontro histórico de camponeses


Esperamos que o resultado seja a construção de uma unidade programática, em torno de pontos comuns, para enfrentar os mesmos inimigos

Entre os dias 20 e 22 de agosto, no Parque da Cidade em Brasília (DF), se realiza um encontro nacional de todos os movimentos sociais e entidades que atuam no meio rural brasileiro. Lá estarão os representantes do movimento sindical como a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), a Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Fetraf), dos movimentos sociais do campo vinculados a Via Campesina Brasil como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). 
Estarãotambém os movimentos de pescadores e pescadoras artesanais do Brasil e representantes das centenas de agrupamentos quilombolas esparramados pelo país. 
A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) também marcarão presença com a questão indígena. As pastorais sociais que atuam no meio rural, como Comissão Pastoral da Terra (CPT), Cáritas, Pastoral da Juventude etc, e também dezenas de outros movimentos regionalizados ou de nível estadual se farão presentes.

Assim, será portanto, um encontro unitário, plural e expressivo de todas as formas de organização e representação que existem hoje no meio rural brasileiro, abrangendo desde os assalariados rurais, camponeses, pequenos agricultores familiares, posseiros, ribeirinhos, quilombolas, pescadores e povos indígenas. Todos unidos, independente da corrente política ou ideológica a que se identificam.

Esse encontro será histórico, porque que na trajetória dos movimentos sociais do campo essa unidade somente havia ocorrido uma vez, em novembro de 1961, quando se realizou em Belo Horizonte (MG) o I Congresso Camponês do Brasil. Naquela ocasião também se unificaram todos os movimentos, de todas as correntes políticas-ideológicas, desde o PCB, PSB, esquerda cristã, PTB, brizolistas e esquerda radical. 
A unidade foi necessária, apesar da diversidade, para cerrar fi leiras contra a direita e dar força ao novo governo popular de João Goulart para assumir a bandeira da reforma agrária e elaborar uma lei inédita de reforma agrária para o país. Daí que o lema resultante dos debates e que iria orientar a ação prática dos movimentos foi “Reforma agrária: na lei ou na marra!”

Passaram-se 50 anos para que, mais uma vez, todas as formas de organização da população que vive no campo viessem a se reencontrar. E agora com uma representação ainda maior, acrescida dos quilombolas, pescadores e povos indígenas, que na época nem se reconheciam como formas organizativas de nosso povo.

E por que foi possível realizar esse encontro? Por várias razões. Primeiro, porque o capital está em ofensiva no campo. Sob a hegemonia do capital financeiro e das empresas transnacionais está impondo um novo padrão de produção, exploração e espoliação da natureza: o agronegócio. E o agronegócio construiu uma unidade, uma aliança do capital, aglutinando o capital financeiro, as corporações transnacionais, a mídia burguesa e os grandes proprietários de terra. E essa aliança representa hoje os inimigos comuns para toda a população que vive no meio rural, e que depende da agricultura, da natureza, da pesca, para sobreviver.

Em segundo lugar, porque estamos assistindo à subserviência do Estado brasileiro, em suas várias articulações a esse projeto. O poder Judiciário, as leis e o Congresso Nacional operam apenas em seu favor.

Em terceiro lugar, estamos assistindo a um governo federal dividido. Um governo de composição de forças, que mescla diversos interesses, mas que o agronegócio possui maior influência, seja nos ministérios seja nos programas de governo.

Em quarto lugar, percebeu-se que essa forma de exploração e de produção do agronegócio está colocando em risco o meio ambiente, a natureza e a saúde da população, com o uso intensivo de agrotóxicos, que matam. Matam a biodiversidade vegetal e animal e matam indiretamente os seres humanos, com a proliferação de enfermidades, em especial o câncer, como têm denunciado os cientistas da área de saúde.

Em quinto lugar, porque o país precisa de um projeto de desenvolvimento nacional, que atenda aos interesses do povo brasileiro e não apenas do lucro das empresas. Nesse projeto, a democratização da propriedade da terra e a forma como devemos organizar a produção dos alimentos é fundamental.

Em sexto lugar, é necessário que se reoriente as políticas públicas, de forma prioritária para preservar o meio ambiente, produzir alimentos saudáveis com garantia de mercado, e garantia de renda e emprego para toda a população que mora no interior.

Em sétimo lugar, é necessária colocar na pauta prioritária dos movimentos sociais do campo a democratização do acesso à educação, em todos os níveis. Desde um programa massivo de alfabetização, que tire da escuridão os 14 milhões de adultos brasileiros que ainda não sabem ler e escrever, até garantir o acesso ao ensino médio e superior aos mais de 3 milhões de jovens que vivem no meio rural.

Tudo isso será debatido durante os três dias do Encontro Nacional de Trabalhadores Rurais.

Esperamos que o resultado seja a construção de uma unidade programática, em torno de pontos comuns, para enfrentar os mesmos inimigos, como também se possa avançar para construir uma agenda de lutas e mobilização unitária para 2013.

Salve o II encontro nacional de todos os trabalhadores e populações que vivem no interior do Brasil!
AGÊNCIA DE NOTÍCIAS JORNAL FLORIPA

Agricultores criam Associação



Assembleia para oficializar a Associação em Apodi foi realizada ontem no STTR de Apodi
Da Pagina do Jornal De Fato
Com o apoio do Projeto Dom Helder Câmara (PDHC), agricultores de Apodi criam a Associação Certificadora no Território Sertão do Apodi.
O evento para oficializar a fundação aconteceu ontem (14), na sede do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais na cidade de Apodi, quando foi realizada a Assembleia Geral de Fundação da Associação de Certificação Orgânica Participativa do Sertão do Apodi (ACOPASA). Para os representantes do segmento rural, o evento é um marco histórico, visto que foi um passo importante na caminhada para a consolidação de um trabalho de certificação orgânica participativa de produtos oriundos da agricultura familiar.
De acordo com o presidente do STTR de Apodi, Francisco Edilson, os produtores e produtoras envolvidos são assistidos pelo PDHC/SDT/MDA em parceria com a Embrapa Algodão, COOPAPI e as PED’s com atuação no Território Sertão do Apodi.
A Acopasa é um Organismo Participativo de Avaliação de Conformidade – OPAC a nível Territorial que certificará produtos orgânicos produzidos por seus membros e/ou integrantes que por sua vez deverão dialogar com os regulamentos da Lei de Orgânicos 10.831 de 23 de Dezembro de 2003.
Uma organização deste tipo gera confiabilidade de procedência da produção e de conformidade com a lei dos orgânicos, possibilitando a comercialização dos produtos da agricultura familiar em diversos tipos de mercados, gerando inclusão social e renda a partir de sistemas produtivos mais sustentáveis.
A Acopasa foi fundada com a integração de 15 núcleos locais de produção ou OCS’s distribuídas em 5 municípios do Território Sertão do Apodi e será presidida por José Holanda de Morais, agricultor orgânico do Projeto de Assentamento Moacir Lucena, no Município de Apodi/RN. O mesmo afirmou que irá primar pela ética e seriedade para conquistar confiabilidade ao organismo. Além do presidente, foram eleitos secretário, tesoureiro, comissões de Avaliação e de Recurso, além de conselhos fiscal e técnico, fundamentais para o processo.
Associação beneficiará mais de 200 produtores e produtoras orgânicos
De acordo com os dirigentes eleitos para gerenciar a Acopasa, o próximo passo será encaminhar o dossiê da associação ao MAPA solicitando seu credenciamento com a previsão de ser devidamente reconhecida como OPAC, por esse órgão, até o final do ano. Se essa expectativa se confirmar, a associação beneficiará uma rede com 200 produtores e produtoras orgânicos.
A Acopasa, após credenciamento junto ao Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) poderá conferir certificação e selo orgânicos à produção de seus integrantes por meio de um Sistema Participativo de Garantia (SPG) da Conformidade Orgânica. Esse selo orgânico e a marca da Acopasa deverão ser utilizados nas embalagens dos produtos certificados, habilitando sua comercialização como orgânico. O fato possibilitará a colocação dos produtos em mercados diferenciados, sejam diretos ou indiretos.

quarta-feira

Agricultores (as) do Território do Sertão do Apodi constituem Associação Certificadora Orgânica.


Coodenação geral da ACOPASA
Do Blog da COOPAPI
Aconteceu hoje 14/08/2012 no Auditório do STTR de Apodi/RN, As 8:00 hs da manhã, a assembleia de constituição da Associação de Certificação Orgânica Participativa do Sertão do Apodi - ACOPASA, uma organização de agricultores composta por núcleos de varias comunidades e Projetos de Assentamentos os municípios do Território a saber: Apodi, Olho D’água dos Borges, Governado Dix Sept Rosado, janduís Caraúbas e Upanema. O objetivo  desta associação e construir e validar o processo de certificação participativa com base na Lei 10.831, de 23 de Dezembro de 2003 que foi criada para regulamentar a produção orgânica, assim como oportunizar o agricultor a certificar o seu próprio produto.
      

Composição da mesa

Plenária dos produtores da Cajucultura e Projeto Algodão.

Senadora da Bancada Ruralista processa o Greenpeace.


Da Página do MST
A senadora Kátia Abreu, uma das maiores representantes da bancada ruralista e dos interesses do agronegócio no congresso, processou a organização ambiental Greenpeace pela entrega da “motossera de ouro” no ano de 2009 e por chamá-la de “miss desmatamento”. Abaixo, a nota do Greenpeace sobre o ocorrido:

Liberdade de expressão já!
 
Há duas semanas, o juiz Robson Barbosa de Azevedo condenou o Greenpeace por danos morais contra a senadora Katia Abreu, presidente da CNA, que ajuisou a ação após protesto realizado no Senado.
 
Em 2009, nós chamamos a líder do agronegócio de “miss desmatamento” por apoiar um novo Código Florestal que estimula o aumento da destruição de nossas florestas. Vamos recorrer, confiante na Justiça e em nosso direito constitucional de trabalhar pela proteção do meio ambiente. O Brasil merece uma agricultura mais sustentável, justa e com maior produtividade, e não precisa acabar com a vegetação natural para isso.
 
Se condenados, cumpriremos a decisão. Mas não nos calaremos contra aqueles que não respeitam o bem comum e o direito da sociedade de ter um Brasil verde, limpo e justo.
 
Não se cale também. Mande seu recado para os políticos de Brasília: chega de destruir as florestas do Brasil. Assine a petição por uma lei do desmatamento zero.
 
Assumimos a responsabilidade por nossas ações, e reiteramos nossa natureza pacifista e a legitimidade de nossos atos. O Greenpeace é uma organização independente, que expõe situações que ameaçam o nosso planeta por meio de ações não-violentas.

terça-feira

Ditadura ruralista e os rios intermitentes


Confira artigo de Roberto Malvezzi, o Gogó, sobre as propostas da bancada ruralista para o novo Código Florestal e os impactos que essas teriam nos rios e na vida das pessoas.

Roberto Malvezzi
Estamos atravessando uma cíclica e grande seca no Nordeste. Quem vive por aqui sabe que, ao andar pela caatinga, se avistar um conjunto de árvores verdes, é porque elas devem estar à beira de um riacho intermitente. No cerrado essa vegetação também é chamada de mata de galeria.  Costuma ser mais frondosa que a vegetação ao redor.
O próprio povo do sertão aprendeu a fazer cacimbas - pontos de coleta de água de minação - no leito dos riachos temporários. Eles só "botam água",como diz o povo, quando chove. Mas, mesmo intermitentes, é em seus subsolos que muitas vezes se busca água em tempos de seca.
Além do mais, quando não existe mata ciliar ao redor desses rios com características tão próprias, as suas enchentes costumam ser mais abruptas e violentas, como aconteceu no sertão pernambucano, região de Palmares e outras cidades, quando uma chuva torrencial arrasou cidades que ainda hoje estão sendo reconstruídas.
O Conselho Nacional de Recursos Hídricos fez uma oficina para debater a questão da outorga da água nos rios intermitentes. Fui representar a sociedade civil na oficina. Decidimos o óbvio: "outorga só para coleta de águas, jamais para lançamento de dejetos". É que nesses rios estão importantes mananciais de abastecimento das populações do semiárido.
Pois bem, a ditadura ruralista imposta ao povo brasileiro pela Câmara dos Deputados, quer eliminar qualquer proteção aos rios intermitentes nas novas regras do Código Florestal. A proposta é defendida pela senadora Kátia Abreu que afirmou, em toda sua ignorância, que "se precisasse dessa matas, na Europa não haveria mais rios". Alguém precisaesclarecer à senadora o que é um rio, o que é um bioma, o que é um continente e a diferença entre eles.
O senador do Acre, Jorge Viana, reagiu dizendo que isso é prejudicar 50% dos rios brasileiros. O senador deveria saber que no Nordeste 99,99% dos nossos rios são intermites, à exceção do São Francisco, Parnaíba e alguns outros rios menores.
Assim, sem interferência do mundo científico, desprezando as seguidas advertências dostécnicos da Agência Nacional de Águas (ANA), contra a vontade de 80% do povo brasileiro, a bancada ruralista, numa ditadura via Congresso, fulmina nossas florestas, nossos rios e o promove o solapo das bases naturais que sustentam nossas riquezas.