sexta-feira

Comunicado de Recesso do STTR de Apodi de Natal e Fim de Ano.



 SINDICATO DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS RURAIS DE APODI

                                 Fundado em 30/11/1963  - CNPJ.: 08.041.931/0001-40 - Carta Sindical 139.50468
                              Rua Nonato Mota, 106, Centro CEP.: 59700 - 000
                                Telefax (084) 3333- 2269 E-mail: strapodi@hotmail.com



Apodi/RN, 20 de dezembro de 2013


Para: Sócios/as, Instituições Parceiras, Sindicatos e demais interessados.
Assunto: Recesso de Final de ano



Prezados companheiros e companheiras,

Informamos que o expediente do STTR de Apodi/RN em 2013 se encerrará no dia 21 de dezembro, às 12 horas. O recesso de Natal e Ano Novo ocorrerá entre os dias 22/12/2013 ao dia 05/01/2014. Retornaremos às nossas atividades normais no dia 06 de janeiro de 2014.

Desejamos a todos e todas um Feliz Natal e Próspero Ano Novo.


Saudações Sindicais,
Atenciosamente a Direção do STTR de Apodi/RN.

STTR de Apodi irá sortear duas motos com seus sócios/as.

 
No dia 25 de Janeiro de 2014 o STTR de Apodi estará realizando o sorteio de duas Motos Jonny Meet 50cc zero quilômetros entre seus associados/as; poderão participar do sorteio os sócios/as que estão em dias com suas obrigações sindicais de acordo com as normas estatutárias que regem a entidade.
O sorteio será realizado durante a Assembleia anual que terá início a partir das 8h00min. da manhã na sede do STTR de Apodi, a assembleia ainda contemplará a prestação de contas da entidade.
Venha participar você também! 

Procuradoria Federal solicita paralisação imediata das obras do Perímetro Irrigado.


O procurador da república Victor Mariz, de Mossoró, pediu a Justiça Federal, a suspensão imediata das obras de transposição das águas da Barragem de Santa Cruz para a Chapada do Apodi, por parte do Departamento Nacional de Obras Conta a Seca (DNOCS).
A transposição prevê a irrigação de 9 mil hectares (13 mil desapropriadas) na Chapada do Apodi, a um custo de aproximadamente R$ 300 milhões. Para fazer o Perímetro Irrigado de Santa Cruz, em Apodi, o DNOCS desapropriou pequenas propriedades de mais de 300 famílias.
O projeto divide opiniões. Os agricultores da região, em sua grande maioria, associados aos ambientalistas, sindicatos e associações são contra. Dizem que o DNOCS está desapropriando as propriedades de pequenos agricultores para doar a grandes grupos do agronegócio.
O professor Agnaldo Fernandes acrescenta que, além disto, o agronegócio tende a destruir toda a agricultura famíliar que trabalha no sistema orgânico na região da Chapada do Apodi. Diz ainda que o agronegócio é um destruidor da saúde humana (veneno).
Agnaldo diz também que não tem como o agricultor pagar a conta de energia e mesmo que tivesse a Barragem de Santa Cruz (600 milhões de metros cúbicos) não suportaria abastecer as cidades do Alto Oeste, Mossoró e ainda sobrar água para irrigar a Chapada.
E observando a legalidade do processo, o procurador da república Victor Mariz, ingressou com ação na Justiça Federal de Mossoró, com pedido de liminar, no sentido de parar imediatamente as obras que estão em andamento para instalar o Distrito Irrigado da Chapada.
Veja o trecho:
"... que seja determinado ao DNOCS a imediata paralisação das obras do Perímetro Irrigado Santa Cruz do Apodi no estado do Rio Grande do Norte, até a aprovação do novo projeto executivo da obra, da apresentação do novo estudo de impacto ambiental, ou da correção e atualização do já existente, da obtenção de novas licenças ambientais, bem como da realização de audiência pública com as comunidades impactadas e o esclarecimento de toda a situação fática apresentada..."
O pedido do procurador da república que está na mesa da juíza Emanuela Mendonça julgar na 8ª Vara Federal de Mossoró pede ainda: “seja determinado à União Federal que se abstenha de efetuar quaisquer repasses financeiros ao DNOCS em razão da citada obra, bem como praticar qualquer ato tendente a concretização do projeto de irrigação Santa Cruz do Apodi, até que o DNOCS atenda ao contido no item A supra...”.


segunda-feira

Organizações manifestam apoio ao maior acampamento do Brasil

Confira a carta de apoio de diversos movimentos e organizações sociais em apoio ao Acampamento Edivan Pinto, do MST, localizado na BR-405, nas imediações do município de Apodi (RN).
Trata-se do maior acampamento rural do Brasil, ao contar com cerca de 1000 famílias Sem Terra da região e que reivindicam a Reforma Agrária, assim como a desapropriação da área improdutiva que ocupam, onde está se instalando o Perímetro Irrigado Santa Cruz do Apodi – nomeado pelas famílias como “Projeto da Morte”.

“O Acampamento Edivan Pinto representa uma das maiores expressões da luta de classes de um povo, que motivado pelos sentimentos de indignação, oriundos de suas histórias de vida, marcadas por injustiças e marginalização, se alimentam da esperança da luta, materializam-se em organização, resistência e buscam as suas libertações com a libertação da terra. Terra esta que deve se comprometer com o povo, com a soberania e a segurança alimentar, com a produção de alimentos saudáveis, com a igualdade, com a justiça, e com projetos de vida”.


Carta em apoio ao acampamento do MST na Chapada do Apodi


“Já não podemos calar.
Chega o tempo de vencer,
Chega o dia de lutar,
Sem morrer.
A única forma de vencer a morte
É enfrentá-la.
único jeito de vencer é lutar,
único modo de fazer justiça,
É continuar lutando.
Assim viveremos eternamente”
(Ademar Bogo)

Nós, organizações populares e instituições, representamos, estudamos e apoiamos trabalhadoras e trabalhadores do campo e da cidade, em sindicatos, associações, cooperativas, movimentos sociais, movimentos de mulheres, movimentos da juventude e das igrejas, e que defendemos, com base nos princípios constitucionais, os direitos humanos, a reforma agrária, a agricultura familiar, camponesa e agroecológica e a soberania e a segurança alimentar, por meio desta carta manifestamos nosso apoio ao Acampamento Edivan Pinto, do Movimento das Trabalhadoras e dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Sabemos que a questão histórica da terra no Brasil constitui uma das maiores raízes dos problemas sociais, pelo fato de abrir caminho a um emaranhado de contradições que, por sua vez, entrelaçam as velhas e as novas relações econômicas, sociais e políticas do nosso cenário agrário. Dessa forma, não à toa, trabalhadoras e trabalhadores e movimentos socioambientais assinam consensualmente a reforma agrária, como linha programática tática, política estruturante e condição objetiva concreta para o Brasil superar as injustiças e promover o desenvolvimento social, ampliando a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, sem distinção de raça, cor, etnia e religião.
No entanto, a história mostra que a pauta da reforma agrária quase sempre não foi considerada ou priorizada pela agenda programática do Estado brasileiro, legitimando uma enorme dívida social no campo, desigualdades sociais e concentração das terras nas mãos dos latifundiários e empresas estrangeiras. Os “donos da terra” vêm sendo responsáveis pela imposição de um modelo de produção de alimentos que compromete os nossos bens naturais indispensáveis à vida e estratégicos (como terra, água, biomas naturais, florestas e minérios) em detrimento da imposição do agro-hidronegócio, com a exploração do uso vertiginoso e indiscriminado de agrotóxicos – causa de muitos problemas de saúde ao nosso povo –, concentração das sementes, aumento dos preços dos alimentos e desapropriação de terras pertencentes ao povo.
Nesse sentido, os movimentos e as organizações da sociedade civil aqui representados reafirmam a relevância e a importância da luta e da resistência das trabalhadoras e dos trabalhadores do Acampamento Edivan Pinto, localizado na BR-405, nas imediações do município de Apodi/RN. O aludido acampamento, que ocupa terras improdutivas, já conta hoje com cerca de mil famílias sem terras da região, as quais reivindicam a reforma agrária, bem como a sua permanência naquele território, onde está se instalando o Perímetro Irrigado Santa Cruz do Apodi – nomeado pelas famílias como “Projeto da Morte”.
Além disso, trata-se do maior acampamento rural do Brasil, atualmente, construído e articulado pela união entre os movimentos sociais da região, as entidades e o povo marginalizado que de mãos dadas solidariamente gritam contra o silêncio da ordem injusta imposta e a violação dos seus direitos sonegados historicamente.
Assim, cientes de que só a luta nos é legítima e somente ela pode melhorar as condições de vida do nosso povo, o Acampamento Edivan Pinto, o maior acampamento do Brasil, representa uma das maiores expressões da luta de classes de um povo, que motivado pelos sentimentos de indignação, oriundos de suas histórias de vida, marcadas por injustiças e marginalização, se alimentam da esperança da luta, materializam-se em organização, resistência e buscam as suas libertações com a libertação da terra. Terra esta que deve se comprometer com o povo, com a soberania e a segurança alimentar, com a produção de alimentos saudáveis, com a igualdade, com a justiça, e com projetos de vida.
Assim, Acampamento Edivan Pinto, declaramos o nosso apoio, solidariedade e comprometimento em trilharmos juntas e juntos a luta pela reforma agrária popular e pela agricultura familiar, camponesa e agroecológica. Gritamos: Essa luta é nossa e só com luta se constrói um Brasil novo!
“Lutar e Construir Reforma Agrária Popular!”
(Lema do VI Congresso Nacional do MST – fevereiro de 2014)

“... Pois somos do povo os ativos / Trabalhador forte e fecundo/ Pertence a Terra aos produtivos/ Ó parasitas deixai o mundo / Ó parasita que te nutres / Do nosso sangue a gotejar / Se nos faltarem os abutres / Não deixa o sol de fulgurar.”
(Hino Internacional)


Assinam:

Projeto Ser-tão
Frei Betto
Via Campesina
Movimento Dá Licença Coronéis
Coletivo Quebrando a Dormência
Coletivo Feminista do Vale do Açu
Grupo de Agroecologia do Vale do Açu (Gava)
Núcleo de Estudos em Agroecologia (NEA)
Sindicato das Trabalhadoras e Trabalhadores Rurais de Apodi (STTR - Apodi)
Movimento Mística e Revolução (MIRE)
Diretório Central dos Estudantes da UFERSA
Centro de Referência em Direitos Humanos (CRDH)
Centro Acadêmico de Direito Rose Mary Souza - UERN Natal
Centro Acadêmico de Turismo Algarim Medeiros - UERN Natal
Marcha Mundial das Mulheres
Comissão Pastoral da Terra (CPT)
Centro Acadêmico Ana Maria Primavesi (IFRN – Câmpus Ipanguaçu)
Movimento de Mulheres Camponesas (MMC)
Grêmio Professor Marcel Lúcio do IFRN – Câmpus Ipanguaçu
Grupo Verde de Agricultura Alternativa (GVAA)
Centro Feminista 8 de Março (CF8)
Grêmio Professor Marcel Lúcio do IFRN – Câmpus Ipanguaçu
Pastoral Operária
Grito das/os Excluídas/os
Associação das Comunidades Fraternas (ACF)
Cáritas Mossoró
Padre Talvacy Chaves de Freitas
Associação Nacional de Agroecologia (ANA)
Motyrum
Centro Academico de Direito Emmanuel Bezerra - Uni-RN
Rede Nacional de Advogadas e Advogados Populares do Rio Grande do Norte
Centro Acadêmico de Agronomia – UFERSA
Grupo de Estudos em Direito Crítico, Marximo e América Latina (GEDIC)
Escritório Popular
Central Única das/os Trabalhadoras/es (CUT)
Diretório Central das/os Estudantes da UFRN
Levante Popular da Juventude
Consulta Popular
Movimento das/os Atingidas/os por Barragens (MAB)
Movimento das/os Pequenas/os Agricultoras/es (MPA)
Federação das/os Estudantes de Agronomia do Brasil (FEAB)
Associação Brasileira das/os Estudantes de Engenharia Florestal (ABEEF)
Centro Acadêmico de Engenharia Florestal – UFERSA
Actionaid
Fórum Brasileiro de Economia Solidária - FBES

2013: um balanço negativo para os trabalhadores do campo.

 Por João Pedro Stedile
Da Caros Amigos

É de praxe aproveitarmos o período de final de ano para sempre fazermos os balanços  críticos das derrotas, conquistas e avanços nos diferentes setores de atividades de nossa sociedade.

Infelizmente, para os trabalhadores que vivem no campo o balanço de 2013 não é nada otimista. Resumidamente poderíamos alinhavar diversas derrotas que o movimento do capital nos impôs.  
 
O processo de concentração da propriedade da terra e da produção agrícola continua acelerado e os bens da natureza estão cada vez mais concentrados nas mãos de menos capitalistas.

Houve uma avalanche de capital estrangeiro e financeiro para controlar mais terras, mais água, mais usinas, mais agroindústrias e praticamente todo comércio exterior das commodities agrícolas. E alguns deles já estão comprando até o oxigênio de nossas florestas, nos famosos títulos de crédito de carbono, depois revendidos nas bolsas européias em troca da manutenção de sua poluição!

A Bancada ruralista, fiel escudeira dos interesses dos capitalistas - sejam latifundiários ou empresas transnacionais -, depois de nos impor no ano passado a derrota da revisão do código florestal, agora quer colocar as mãos nas terras indígenas e impedir a lei de punição aos que ainda praticam trabalho escravo. Além de quererem liberar as sementes transgênicas terminator, que replantadas, não germinam e estão proibidas em todo mundo.

No Governo Dilma a hegemonia dos interesses do agronegócio se consolida pela ação de diversos ministérios. Em ações contra os povos indígenas, seja liberando venenos agrícolas, que estão proibidos na maioria dos países; ou liberando polpudas verbas públicas, normatizando a transferência e aplicação de crédito da poupança nacional para o agronegócio.

Na última safra foram deslocados 140 bilhões de reais da poupança de todos brasileiros para que os fazendeiros produzissem commodities para exportação. Assim como estão tentando passar a  toque-de-caixa uma revisão no código de mineração para entregar de vez nossas riquezas do subsolo para as grandes empresas transnacionais.

Leia mais:

E até mesmo o positivo programa do governo Lula, como o PAA (programa de compra antecipada de alimentos dos camponeses), agora está sob forte pressão dos gananciosos ruralistas, de olho na Conab.

A Reforma Agrária, entendida como medidas de desapropriação de latifúndios para democratizar a terra, está completamente paralisada. O governo Dilma desapropriou menos do que o último governo da ditadura militar, o general Figueiredo. E mais de 100 mil famílias esperam mofando, acampados nas beiras de estradas!

Tivemos o problema da seca do nordeste, que atingiu milhões de camponeses e matou de fome e sede ao redor de dez milhões de cabeças (bovino, caprino e ovino), enquanto as empresas americanas levaram 18 milhões de toneladas do nosso milho para virar etanol nos Estados Unidos.

Os projetos de perímetros irrigados do nordeste continuam servindo de fonte de lucro para grandes empreiteiras e entrega as áreas irrigadas apenas para empresários, em detrimento dos camponeses da mesma região.

Dos avanços ou pontos positivos, tivemos muito pouco. Conquistamos do governo um Plano Nacional de Agroecologia, que será um marco histórico. E avançamos com mais cursos superiores para jovens da Reforma Agrária, no Pronera, e em outros convênios com universidades. E conquistamos o programa mais médicos que levou assistência  para milhares de brasileiros das regiões rurais, aonde nenhum médico da classe média brasileira quiz ir.

Mas talvez, o mais importante que tenha acontecido na luta de classes no campo durante o ano de 2013, é que aumentam as evidências das contradições do agronegócio, com suas agressões ao meio ambiente, com uso de agrotóxicos e com a manipulação dos preços dos alimentos.

E por outro lado, seguimos construindo uma ampla unidade entre todos os movimentos sociais do campo, para um programa de agricultura voltado para os interesses de todo povo.

E nas grandes cidades, os jovens  foram nossa voz, em pedir por mudanças e por um país melhor. Certamente nos somaremos a eles em 2014, exigindo uma reforma política e uma constituinte soberana, já que os ouvidos das elites e dos três poderes seguem entupidos por sua estupidez.

terça-feira

Bancada ruralista rejeita e critica homenagem à Chico Mendes na Câmara



Grupo classificou como ‘infeliz' a escolha do nome do seringueiro para o plenário onde funciona a Comissão da Amazônia e que sua história ‘é uma farsa’.
chico-mendes reprodução
A bancada ruralista se recusou a dar o nome de Chico Mendes ao plenário onde funciona a Comissão da Amazônia, na Câmara dos Deputados. Os representantes da Frente Parlamentar da Agropecuária, que fazem parte da comissão, criticam duramente a homenagem. Alegam que o nome do líder seringueiro é uma ‘infeliz escolha’ e que a história de Mendes ‘é uma farsa’.   

Os principais opositores são os deputados Moreira Mendes (PSD-RO) e Paulo César Quartiero (DEM-RR).
O projeto que batiza o espaço de Chico Mendes é da deputada Janete Capiberibe (PSB-AP). Ele foi aprovado no plenário da Câmara há cinco meses. No entanto, até agora, não foram instaladas placa e foto do seringueiro, nem houve qualquer celebração, como é de praxe nesse tipo de evento. Janete disse que vai recorrer para o cumprimento da decisão no plenário da Câmara.
Chico Mendes foi assassinado na porta de casa, em dezembro de 1988, pelos fazendeiros Darly Alves da Silva e Darly Alves Ferreira, em Xapuri, no Acre. À época, Mendes reuniu indígenas, pescadores e populações ribeirinhas para a criação de reservas extrativistas e lutar contra a derrubada da floresta para dar lugar às serrarias, ao pasto e aos latifúndios de monocultura.

Fonte: Brasil de Fato

A privatização do sol.




Primeiro foi a terra. Os ingleses, em plena revolução industrial, inventaram o “enclousure”, literalmente a terra “enclausurada”. Para quem conhece os meios religiosos, sabe que clausura quer dizer cercado, isolado, só entra quem for o dono ou quem for admitido. As terras comunitárias, da Igreja e dos reinados, foram transformadas em clausuras, isto é, propriedades particulares.

Trezentos anos depois, a propriedade particular da terra nos parece tão natural que imaginamos ter sido eterna, como se fosse uma criação de Deus.

No final do século passado, começou a privatização das águas. Aqui há mais resistências, guerras, como a de Cochabamba, retrocessos como a desprivatização dos serviços de água na França, mas a ideologia privatizante da água segue caminhos múltiplos, como a concessão de espelhos d’água no Brasil para fins de aquicultura em plena era Lula.

Depois veio o ar, com as fazendas de torres eólicas que se espalham aqui pelo Nordeste. Enquanto na Europa as empresas requerem cerca de 20 m2 para implantar uma torre, pagam bem por ela, sendo disputadas pela população, no Brasil as empresas exigem 50 hectares de terra por torre e ainda pagam uma mixaria para a população impactada pelas torres. Muita gente não entende a resistência das populações a essas torres, mas se soubessem como é o processo de implantação, logo mudariam de ideia.

Porém, como previa Marx, o capital tende a transformar tudo em mercadoria. Agora é a privatização do sol. Sonhávamos que no Nordeste brasileiro, uma região absolutamente energética, a tecnologia de captação da luz solar, através de placas nos telhados, imediatamente convertida em energia e despejada nas redes, fosse um fator essencial de geração de renda para as famílias mais pobres, agora transformadas em produtoras de energia, não mais dependentes do Bolsa Família. Mas, para nossa surpresa, o governo brasileiro resistiu o quanto pôde a esse “novo modelo” e agora está começando a geração de energia solar através de empresas privadas.

Então, aqui na região, começou a privatização do sol. Áreas da caatinga serão desmatadas – um km2 – para dar lugar a usinas empresariais. Serão cercadas para evitar os animais, particularmente os cabritos. Assim, serão criados “enclousures solares” em pleno sertão, gerando renda fixa para as empresas produtoras de energia, enquanto as pessoas e os bodes olharão de fora aquela riqueza estranha em plena caatinga.

Esses são os estadistas que nos governam.

Roberto Malvezzi (Gogó) possui formação em Filosofia, Teologia e Estudos Sociais. Atua na Equipe CPP/CPT do São Francisco.

segunda-feira

Assentamento Milagres: território da agricultura familiar camponesa.


Caravana Agroecológica

Logo na entrada da cidade de Apodi há um outdoor que registra: "a Chapada do Apodi é território da agricultura familiar camponesa".

Por Najar Tubino
Apodi (RN) – O assentamento de Milagres não é um projeto de resistência armada. Muito pelo contrário, é totalmente pacífico. Na verdade, é o primeiro assentamento do país totalmente saneado, que usa a água das casas e da fossa, depois de tratada para irrigar vários tipos de plantio: mamão, milho, pimenta, forrageiras para os animais. Talvez seja o único no mundo. Não tem muriçoca, mosquito, barata, não tem água empoçada no inverno, foi implantado totalmente pela comunidade, que construiu desde as valas para os canos até a estação de tratamento. Um projeto desenvolvido pelo professor Miguel Ferreira, da Universidade Federal Rural do Semiárido (Unifersa), antiga Escola Superior de Agronomia de Mossoró.

A Chapada do Apodi conta com 15 assentamentos do INCRA e pelo menos maisimplantados pelo governo do Estado, através do crédito fundiário. Certamente é a região com o maior número de assentamentos do país. Ao mesmo tempo, ainda apresenta aquele quadro deprimente de barracos na beira da estrada, com centenas de famílias aguardando pela posse da terra. Possui o maior acampamento do Movimento dos Sem Terra (MST) no país, o Edivan Pinto, com mais de mil famílias. No dia 25, todas as rotas da Caravana Agroecológica lá se encontraram para um ato de solidariedade. Na ocasião também participou João Pedro Stédile, da coordenação nacional do Movimento dos Sem Terra.

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quarta-feira

Mal começaram as obras do Projeto de Irrigação da Chapada do Apodi e agricultores já sofrem com a falta de água.


Leito do Rio Apodi-Mossoró. 
Na edição do Bom Dia RN da Inter Cabugi na manhã de hoje foi ao ar matéria que denuncia a falta de água no leito do rio Apodi-Mossoró.
Agricultores denunciam que depois que iniciaram as obras de instalação do Projeto de Irrigação da Chapada do Apodi o leito está praticamente seco.

Clique no link e assista a matéria completa: http://g1.globo.com/rn/rio-grande-do-norte/bom-dia-rn/videos/t/edicoes/v/produtores-de-arroz-do-vale-do-apodi-estao-receosos-om-a-seca-do-rio-apodi-mossoro/2891304/

terça-feira

Um café com a agroecologia: Coletiva de lançamento da Caravana Agroeocológica de Apodi.

convite-coletiva
Em um gostoso “café com a agroecologia”, a coletiva de imprensa de lançamento da Caravana Agroecológica e Cultural da Chapada do Apodi acontecerá nesta quinta, 17, às 9:30h, no Centro Feminista 8 de Março. O objetivo é explicar a importância do encontro nordestino de agroecologia que vai acontecer na região da Chapada do Apodi (RN e CE).

A mesa composta por Conceição Dantas (MMM/CF8); Agnaldo Fernandes (Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Apodi); Paulo Segundo (Articulação do Semi-Àrido RN); Francisca Antônia de Lima (P.A Laje do Meio, Apodi) falará sobre a agroecologia, programação e rotas da Caravana e da resistência aos projetos do agronegócio na Chapada do Apodi.
De acordo com Paulo Segundo (ASA), Caravanas como esta de Apodi acontecem em todas as regiões do país em preparação para o III Encontro Nacional de Agroecologia que ocorrerá no próximo ano, na Bahia, “na perspectiva de trazer a agroecologia como alternativa de vida e produção respeitando a terra e as pessoas que nela/dela vivem”.
Com abertura no dia 23, às 19h, no Centro de Treinamento Seminário Santa Teresinha, a Caravana Agroecológica e Cultural da Chapada do Apodi contará com a participação de mais de 200 pessoas de todo o Nordeste e país. Nos dias 24 e 25 o evento segue de forma itinerante passando pelos municípios de Impanguaçu, Olho D’água do Borges, Campo Grande, Tibau, Grossos, Limoeiro do Norte, na Rede Xique Xique em Mossoró e nos assentamentos rurais de Apodi para realizar o intercâmbio de experiências agroecológicas, destacando as redes locais de agricultura familiar e a agroecologia.
Além de pautar a agroecologia, a Caravana também denuncia a ameaça do projeto do Perímetro Irrigado da Chapada do Apodi, obra do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas que pretende desapropriar mais de 13 mil hectares onde vivem e produzem agroecologicamente cerca de 800 famílias para entregar a cinco empresas do agronegócio.
No dia 26 de outubro, último dia da Caravana, um grande ato, com estimativa de 2.000 pessoas, sairá da feira livre da cidade de Apodi em solidariedade à luta da Chapada.  “Pra nós, essa Caravana vem contribuir muito pra troca de conhecimentos sobre a agricultura familiar e também pra dar força pra nossas lutas pelas nossas terras e pelo direito de viver e plantar nelas” é o que diz Francisca Antônia de Lima, agricultora do P.A laje do Meio, um dos locais que será visitado pela Caravana.
Para mais informações sobre a Caravana: facebook.com/caravanaagroecologicaapodi
Ivone Brilhante, Apodi
Foto: Jackson Angell

segunda-feira

NOTA DE REPÚDIO AS AGRESSÕES SOFRIDAS PELAS COMUNIDADES DA CHAPADA DO APODI POR PARTE DO DNOCS.

Área devastada na comunidade de Agrovila Palmares.

NOTA DE REPÚDIO AS AGRESSÕES SOFRIDAS PELAS COMUNIDADES DA CHAPADA DO APODI POR PARTE DO DNOCS.
 

Os Movimentos Sociais do Estado do Rio Grande do Norte, juntamente com diversas entidades organizadas, instituições públicas e universidades, vem a público manifestar seu repúdio à conduta do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas – DNOCS, na região da Chapada do Apodi/RN. Por diversas vezes, com início na primeira semana de setembro, máquinas tem entrado nas propriedades dos agricultores sem qualquer permissão legal, derrubado cercas, devastado a mata, afugentado e matando animais.    
É inaceitável a ação do DNOCS que, sob a justificativa da implantação do Projeto de Irrigação Santa Cruz do Apodi - já uma grande violação aos direitos humanos, com a expulsão de mais de 6.000 agricultores de suas terras - continue de forma arbitrária com atos de desrespeito à população local.
Há muito os movimentos sociais e as organizações da sociedade civil apontam a inviabilidade técnica do projeto, que ainda fará desaparecer cerca de 30 comunidades rurais junto com seus aspectos culturais, históricos e sócio-econômicos próprios, hoje referência nacional em produção agroecológica e familiar.
O Projeto da Morte, a cada dia, mostra suas posturas arbitrárias e antidemocráticas. Aceitar sua continuidade, nos moldes até agora propostos, é assumir o risco do dispêndio de milhões de reais dos cofres públicos sem nenhuma perspectiva de resultado econômico e social além de servir como propulsor de uma das maiores tragédias do sertão nordestino dos últimos cem anos.
Lutamos por um projeto de vida que respeite a agroecologia e a agricultura familiar, bem como as formas tradicionais de produção, resistência e cultura dos agricultores.

NÃO AO PROJETO DA MORTE NA CHAPADA DO APODI!
NÃO ÀS AÇÕES DO DNOCS NAS COMUNIDADES!
NÃO AO AGRONEGÓCIO!
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Assinam esta Nota:
Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Apodi STTR | Movimento dos Trabalhadores/as Rurais Sem Terra | FETRAF-RN I FETARN | CUT | Comissão Pastoral da Terra – CPT | Marcha Mundial de Mulheres MMM | Centro Feminista 08 de Março | ASA Potiguar | COOPERVIDA | CENTRO TERRA VIVA | SEAPAC | SER-TÃO: assessoria jurídica e educação popular | Via Campesina | Centro de Referência em Direitos Humanos – CRDH | MIRE – mística e revolução | Pastoral Operária | DCE UERN | DCE UFERSA | Grupo de Estudos em Direito Crítico, Marxismo e América Latina – GEDIC | Coletivo DIVERGEN.