sexta-feira

A quem serve o discurso da "Indústria da Seca"?


Agnaldo Fernandes - Agricultor Familiar
(Formado em Geografia) 
Indústria da seca” é um termo utilizado para designar a estratégia de alguns políticos que aproveitam a tragédia da seca na região Nordeste do Brasil para ganho próprio. O termo começou a ser usado na década de 60 por Antônio Callado que já denunciava no Correio da Manhã os problemas da região do semi-árido brasileiro.
Os problemas sociais no chamado “polígono da seca” são bastante conhecidos por todos, mas nem todos sabem que não precisava ser assim. A seca em si, não é o problema. 
A seca é um fenômeno natural periódico que pode ser contornada com o monitoramento do regime de chuvas, implantação de técnicas próprias para regiões com escassez hídrica ou projetos e outras alternativas que possibilite o homem do campo conviver com este fenômeno. Porém, a maioria dos projetos executados para anemizar os efeitos da estiagem são frequentemente utilizados para encobrir desvios de verbas em projetos superfaturados ou em troca de favores políticos.
Os “industriais da seca” se utilizam da calamidade para conseguir mais verbas, incentivos fiscais, concessões de crédito e perdão de dívidas valendo-se da propaganda de que o povo está morrendo em estado de miséria. Enquanto isso, o pouco dos recursos que realmente são empregados  nos devidos fins, torna-se inútil quando estes utilizados nas famosas "Frentes de Trabalho", onde estes são destinados a construções em propriedades privadas de grandes latifundiários que os usam para fortalecer seu poder ou então, quando por falta de planejamento adequado, se tornam imensas obras ineficazes.
O Açude do Cedro, em Quixadá (CE), é frequentemente utilizado como referência para descrever este tipo de empreendimento da indústria da seca: com capacidade para aproximadamente 126 milhões de m³, foi construído em pedra talhada à mão, com esculturas e barras de ferro importadas, mas que chegou a secar completamente no período de 1930 a 1932, durante um dos piores períodos de seca enfrentados pela região, ou seja, quando mais se precisava dele. Mais uma obra faraônica, na longa história de projetos faraônicos da indústria da seca. É claro que hoje a obra constitui um patrimônio histórico e cultural importante, mas é como distribuir talheres de prata para quem não tem o que comer.
E a história se repete em mais um ano de grande seca no Nordeste. A Transposição do Rio São Francisco é um dos pontos principais da campanha do governo atual e é uma questão mais que polêmica. De um lado estão aqueles que defendem que a obra é legítima e poderá acabar com a seca do nordeste (senão todo, pelo menos grande parte dele). E de outro aqueles que defendem que a obra é mais um fruto da indústria da seca e que além de não resolver o problema, ainda pode agravá-lo ao alterar todo regime hídrico da região e pôr em risco um dos patrimônios naturais mais importantes do Brasil colocando em risco a sobrevivência do próprio rio. 
Particularmente prefiro ficar com a última conclusão, pois "megas-projetos" nesse Brasil já mais beneficiou a quem realmente merece tal benefício, isso é uma demonstração de que o discurso da "Industria da Seca" está fadado, e que este só tem beneficiado a Classe "politiqueira" desse país. 
Assim a situação segue. Perpetuada antes pelo fenômeno político da chamada “indústria da seca” do que pelo fenômeno natural da “seca” em si, a tragédia que atinge grande parte da região nordeste brasileira e parte da região norte de Minas Gerais costuma ser utilizada (e supervalorizada) para justificar a fome e o subdesenvolvimento econômico e social da região que são, nada mais, do que o reflexo de uma administração duvidosa que faz fracassar qualquer tentativa de reverter este quadro com o intuito de fazer perdurar o modelo de poder vigente.
Texto extraído do Site http://www.infoescola.com
Com adaptações de Agnaldo Fernandes.

quinta-feira

Produção de caju e mel terá queda de 80%


A escassez de chuvas já compromete pelo menos 70% das produções da cultura do caju no Rio Grande do Norte. Na região de Serra do Mel, maior produtor do Estado, a estiagem afetará uma média de 30 mil hectares de cajueiros, praticamente neutralizando a indústria da amêndoa de castanha. Além disso, a falta de safra atingirá milhares de trabalhadores braçais que dependem desse serviço nos períodos de agosto a dezembro, quando acontece a safra do caju.
De acordo com a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Norte (FETARN), como não houve inverno regular, não existirá floração dos cajueiros. Sem chuva é possível que muitas árvores venham a morrer, ampliando ainda mais o prejuízo dos fazendeiros. Segundo o coordenador da entidade, Manoel Cândido, esse problema afeta ainda o projeto de revitalização da cajucultura no Estado, que vem sendo feita aos poucos pelos próprios produtores.
A diminuição da oferta de castanha acabará fechando as minifábricas de beneficiamento do produto que não possuírem estoque e obrigará os grandes produtores a importarem castanha de outros países. Estima-se que as empresas tenham que importar, até setembro, em torno de 100 mil toneladas da África
Ontem, chegou ao Ceará, pelo porto de Pecém, o primeiro navio de castanhas "in natura" importadas da África. Aproximadamente quatro mil toneladas foram enviadas da Costa do Marfim. O carregamento vem para ajudar a suprir a demanda, já que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa de safra para este e o próximo ano será de apenas 302 mil toneladas que não atendem a capacidade instalada das indústrias nacionais.

Mel
Pior que a castanha está a situação do mel. De acordo com a Cooperativa de Apicultura do Rio Grande do Norte (COOPAPI), a perda deste ano já chega a 80% e pode piorar se não chover entre os meses de maio e junho, para segurar uma floração secundária. Por todo o sertão, as abelhas estão debandando, comprometendo qualquer colheita futura.
A Cooperativa esperava uma safra de 200 toneladas de mel para este ano, mas até agora só entregaram 35 toneladas do produto. Segundo o tesoureiro Ismael da Costa, 215 famílias ficarão sem a renda do mel. "Nossa alternativa agora é trabalhar com os produtos da agricultura irrigada para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) que atende a poucas famílias", finaliza.

Fonte: Jornal de Fato

Ruralistas não aceitam nem sequer o fim do trabalho escravo


Por Daniel Santini
Da Repórter Brasil


A votação da Proposta de Emenda Constitucional 438/2001, a PEC do Trabalho Escravo, foi adiada para o próximo dia 22. A decisão foi tomada na noite desta quarta-feira, 9 de maio, pelo presidente da Câmara dos Deputados Marco Maia depois de pedido feito por Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que alegou acreditar que não haveria segurança de uma vitória caso o tema fosse colocado em votação. A votação ficou para dia 22, data sugerida pelo deputado que fez a solicitação. A bancada ruralista, que chegou a negociar um acordo com o governo, fez forte oposição ao novo instrumento de combate ao trabalho escravo proposto e conseguiu esvaziar a votação.

Apesar de haver quórum, com 338 presentes quando a sessão extraordinária começou, Maia aceitou a sugestão após pedir para que os líderes se manifestassem sobre o tema. Todos os partidos concordaram com o adiamento, com exceção do PSOL. Os ruralistas adotaram como estratégia aproveitar para negociar mudanças profundas quando o texto for para o Senado e usar a PEC 438 para tentar descaracterizar o que é a escravidão contemporânea. Eles devem aproveitar a votação para tentar propor uma nova lei para redefinir o crime.

A despeito de tal crime já estar tipificado no artigo 149 do Código Penal, de o conceito estabelecido estar detalhado na lei, de ter respaldo em tratados internacionais e de já contar com ampla jurisprudência, os ruralistas manipularam o debate e conseguiram convencer até mesmo integrantes da bancada governista sobre a necessidade de mudanças. Pouco antes da votação, o líder do PT, o deputado federal Jilmar Tatto (PT-SP) deu entrevista à Agência Câmara falando que é necessário “especificar” o que é escravidão.

Na visão de quem acompanha o combate ao trabalho escravo, a revisão dos critérios que têm servido de base para as ações de fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego pode gerar insegurança jurídica e prejudicar os agricultores e empresários que adotaram boas práticas, além de beneficiar os que mantêm linhas de produção baseadas na exploração de pessoas em condições análogas às de escravos. Na manhã de quarta-feira, os integrantes da Comissão Nacional Para a Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae), órgão que reúne autoridades envolvidas no combate e representantes da sociedade civil, incluindo a ONG Repórter Brasil, se posicionaram em consenso contrários a qualquer revisão do conceito sobre o que é escravidão contemporânea. A votação só aconteceu devido à pressão da sociedade civil.

terça-feira

Estudos apontam que aumento do câncer segue ritmo do lucro com agrotóxicos

Por José Coutinho Júnior
Da Página do MST



Dois estudos que associam o uso de agrotóxicos ao surgimento do câncer na população brasileira foram lançados na semana passada. 

O dossiê feito pela Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (Abrasco) sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde aponta que um terço dos alimentos consumidos cotidianamente pelos brasileiros está contaminado.

O estudo foi feito a partir da análise de amostras coletadas em todas as 26 estados do Brasil, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2011. 

Estudo do Instituto Nacional de Câncer (Inca) sobre o câncer relacionado ao trabalho, revela que há em torno de 500 mil novos casos da doença por ano, e muitos desses casos ocorrem por contaminação por agrotóxicos (seja na sua aplicação e exposição pelos trabalhadores nas lavouras, seja no acúmulo de veneno nos alimentos). 

O estudo afirma que os venenos agrícolas devem estar no centro da preocupação da saúde pública, devido ao grande número de estudos anteriores que apontam o potencial cancerígeno dos agrotóxicos, além da ocorrência de outros agravos relacionados a esses produtos. 

Uma série de agrotóxicos comprovadamente causa câncer, como o DDT/DDE, o 2,4-D, o lindane, o clordane, o agente laranja, o aldrin, o dieldrin, o alaclor, a atrazina, o glifosato, o carbaril, o diclorvos, o dicamba, o malation, o MCPA e o MCPP ou mecoprop. 

O estudo relaciona câncer de mama, estômago e esôfago, cavidade oral, faringe e laringe e leucemias ao uso dos agrotóxicos. 

Essas substâncias produzidas por grandes empresas transnacionais do agronegócio
contaminam os alimentos consumidos e causam doenças nos trabalhadores que que aplicam os produtos nas lavouras.

De acordo com o estudo, a população rural é uma das mais afetadas, pois é o setor mais exposto aos agrotóxicos. Por fim, os venenos também são responsáveis por contaminar as águas e tornar terras inférteis.

Agricultores (as) Apodienses participam do Planejamento anual da Rede Xique-xique


A Rede Xique-xique de Comercialização Solidária, articulação de trabalhadoras e trabalhadores urbanos e rurais, que seguem os princípios da agroecologia, do feminismo e da economia solidária, esta realizando seu planejamento anual entre os dias 07 e 08 de maio, na cidade de Mossoró. Na oportunidade estarão presentes representantes dos 12 núcleos municipais da rede (Mossoró, São Miguel do Gostoso, Baraúna, Messias Targino, Janduís, Grossos, Tibau, Felipe Guerra, Upanema, Serra do Mel, Governador Dix-Sept Rosado e Apodi), instituições parceiras (ONGs) e Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN).
O município de Apodi está representa por uma delegação de 05 agricultores (as).

segunda-feira

Apodi sedia evento de Socialização dos Planos de Economia Solidária


Aconteceu ontem (03/05) no STR Apodi a Socialização dos Planos de Economia Solidária envolvendo os municípios de Apodi, Campo Grande, Upanema, Janduís, Messias Targino, Patu, Governador Dix Sept Rosado, Baraúna, Mossoró e Tibau. Ao todo foram entregues 38 Planos e estes são resultados do Projeto Geração de Renda e Fortalecimento das Dinâmicas de Economia Solidária no Semiárido do Estado do Rio Grande do Norte, que é apoiado com recursos da União Européia. A entidade executora desse projeto é a Associação de Apoio as Comunidades do Campo do RN – AACC, que tem sede em Natal e tem como parceiros: Rede Pardal, Rede Xique Xique e Agrônomos e Veterinários Sem Fronteiras da França. As instituições de assessoria, Centro Terra Viva, COOPERVIDA, Núcleo Sertão Verde, Centro Padre Pedro Neefs, Centro Juazeiro, CEACRU e a Proelo são quem desenvolvem as ações diretamente nos assentamentos de reforma agrária e nas comunidades rurais.
A atividade começou com uma mesa de abertura composta pelo STR de Apodi (Edilson Neto), Rede Xique Xique (Francisca Eliane), Projeto Dom Helder Câmara (Rosane Gurgel), AACC (Joaquim Apolinar) e Centro Terra Viva/Secretaria da Rede Pardal (Cláudia Mota). Todos em suas falas colocaram da importância desse importante trabalho para os grupos acompanhados e ressaltaram as inúmeras experiências agroecológicas existentes nos municípios, com uma grande diversidade de produtos saudáveis e de boa qualidade.

Com relação ao município de Apodi os grupos acompanhados envolvendo as regiões da várzea e da chapada demonstram a riqueza de produtos como o mel, a polpa de frutas, a caprinocultura, as hortaliças orgânicas, dentre outros. Isso demonstra que já existe produção na agricultura familiar e essa precisa ser preservada e mais valorizada.
Na programação também teve um Painel sobre Economia Solidaria e Agroecologia com a participação de Lidiane Freire da AACC e o Professor da UFERSA Joaquim Pinheiro.  Um grande destaque desse evento foi à divulgação da Campanha pela Lei da Economia Solidária (iniciativa popular por um Brasil justo e sustentável), que tem como importância mostrar ao governo que precisamos de políticas publicas, de divulgação desse trabalho, que o desenvolvimento de uma sociedade não é o lucro e sim a vida e a cooperação. Foram colhidas assinaturas dos participantes para serem enviadas ao Congresso Nacional.