Na BR-020, os trabalhadores rurais fecharam o trânsito para
reivindicar ações de convivência com o semiárido, como obras de
abastecimento
FOTO: JOÃO PAULO SILVA
Canindé. Mais de 300 trabalhadores rurais de
assentamentos localizados neste município interditaram, ontem de manhã, a
BR-020, no triângulo que dá acesso ao Centro da cidade. A manifestação
foi feita por moradores de áreas desapropriadas pelo Incra e Idace.
Também aconteceram manifestações em Quixadá, onde 400 famílias fecharam a
CE-060; em Umirim, com 300 trabalhadores interditando a BR-222; e
Limoeiro do Norte, onde 600 famílias fecharam a BR-116.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de
Canindé, José Maria Coelho e Antônia Ivoneide, do Movimento de
Trabalhadores Sem-Terra (MST), a reivindicação é pelo cumprimento de
pauta assinada pelos manifestantes e enviada ao governador Cid Gomes,
cobrando serviços para compensar a perda da safra neste ano.
"O maior problema é a falta de água. Queremos com urgência a perfuração
e instalação de poços profundos, porque já temos 150 prontos, faltando
apenas o governo do Estado liberar os projetos de convivência com o
semiárido, a construção de açudes e a segurança do Garantia Safra'',
disse Antônia Ivoneide.
Os manifestantes também saíram em passeata pelas principais ruas da
cidade conduzindo bandeiras do MST e usando palavras de ordem e cobrando
dos governos federal e estadual soluções para a pauta reivindicada.
Eles ameaçaram permanecer no local até que fossem recebidos por
representantes do governo do Estado. Uma fila de carros se formou nos
dois lados da rodovia. A Polícia Rodoviária Federal permaneceu no local
para controlar o trânsito, mas a manifestação foi pacífica.
"Queremos uma conversa amigável, mas séria com as autoridades", disse
Antônia. "A situação do sertanejo é muito dolorosa e, por isso, estamos
nessa luta na defesa de uma melhor condição de vida para essa gente".
Negociações
José Maria afirmou que é necessária uma "conversa definitiva" com os
representantes dos governos federal, estadual e municipal. "Estamos num
movimento pacífico, queremos apenas que eles nos recebam e resolvam de
vez o problema e nada mais".
Durante a manifestação, só passaram ambulâncias e carros com pacientes
em estado de urgência. Os ônibus intermunicipais tiveram de fazer o
sistema de rodízio.
Eles estiveram reunidos com o prefeito de Canindé, Celso Crisóstomo,
que serviu de porta voz entre os trabalhadores e o governo do Estado. Um
documento será elaborado para ser reenviado às autoridades.