sábado

PARA REFLETIR

“A batalha pela água, cavando a cacimba do gado, que de pressa se enxuga. O sofrimento de ver a gadaria morrer... despedindo-se com os olhos desesperados de toda paisagem cruel. A luta para erguer as reses caídas. Queimar o cardeiro, o xique-xique, para eliminar a defesa espinhenta e dar ao gado uns dias de vida lenta. A fome vagarosa, tomando posse de tudo, esgotando as reservas. Por fim, a retirada, com o que resta de gado caindo pelo caminho cinzento ou a família sozinha, com os últimos trastes, batendo a porteira triste no curral deserto. Com as primeiras chuvas, volta a vegetação, escondida no areião. Volta o Vaqueiro, teimoso. Na cidade, o milionário da seca enriqueceu. O “casco da fazenda” pode ser refeito. A cabra reaparece, magra como uma penitente, mas vivinha, pronta para outra. E a guiné, galinha-d’angola, vencedora das secas, gritando “tô fraco, tô fraco”, invencível. E a vida continua".

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