Nove anos depois o terrorismo tornou-se mundial, a guerra alastrou ao Médio Oriente e o confronto é directo, como queria Bin Laden e provavelmente também Bush. Nove anos depois temos leis mais restritivas, menos liberdades e maior controle policial, como queria Bush e provavelmente também Bin Laden. Nove anos depois os ocidentais têm medo que uma bomba lhes rebente no subsolo e os orientais que uma lhes caia em cima da cabeça, tornou-se normal dizermos que "estamos em guerra", tornou-se moda desejarmos "líderes fortes" em vez de mais Democracia; no ocidente a Esquerda está em crise, no oriente toda a Democracia está em crise, os fundamentalistas islâmicos e cristãos ganham terreno; a economia está em recessão (menos no Brasil), o petróleo triplicou de preço, os texanos e os sauditas estão ricos; a Europa está mais fraca e dividida, a América mais arrogante e o Irão mais isolado. Nove anos depois Bin Laden e Bush são os grandes vencedores e nós, o povo que não se reconhece, os perdedores. O projecto Bin Laden e o projecto Bush são curiosamente coincidentes: Bin Laden quer expulsar os americanos da Arábia, provocar regimes islamitas e, numa segunda fase, eventualmente lançar a jihad mundial- para isso, nada melhor que uma América arrogante; Bush quis expandir ao limite o poder da América, ou melhor, daquilo que a América é símbolo e guardião, a fase imperial do capitalismo- para isso, nada melhor que uma ameaça. Infelizmente para todos nós, o mundo está pior desde o 11 de Setembro, mas não para todos: menos para aqueles que partilham os projectos de Bush ou Bin Laden.
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