Foi uma manifestação gigante, numa demonstração de força e poder de articulação da ASA – Articulação do Semi-Árido .
Uma média de 10 mil pessoas atravessaram a Ponte Presidente Dutra na manhã desta terça-feira(20), saídas de Juazeiro em direção à Praça Dom Malan, no centro de Petrolina.
A caminhada, que contou com a participação de vários segmentos sociais organizados do Vale e de milhares de pessoas vindas de vários estados do Nordeste, deu-se em protesto à decisão do governo federal de finalizar o convênio com a Articulação do Semi-Árido (ASA) para execução de programas de construção de cisternas e implantação de outras tecnologias que garantem acesso a água e formação social.
As organizações que compõem a ASA decidiram pela mobilização em massa como uma estratégia de tornar público o impacto desta decisão na vida de milhares de pessoas do semiárido brasileiro que vêm sendo beneficiadas por Programas como o P1MC (Programa Um Milhão de Cisternas) e P1+2 (Programa Uma Terra e Duas Águas), ambos executados por entidades que integram a ASA, a exemplo de ONG’s e outras entidades .
Indústria da seca
Os organizadores do protesto afirmaram que a decisão do governo é um retrocesso, pois pode significar a volta da “indústria da seca” que, por séculos, escravizou o povo do semiárido ao bel prazer dos políticos.
Cisternas plásticas
Ao mesmo tempo em que o governo rompe o convênio com a ASA , sob o argumento de que prefeituras e governos estaduais coordenem as verbas, ampliou a relação que críticos chamam de “lobby empresarial” com empresas privadas, efetivando a compra de cisternas plásticas (modelo acima).
No último dia 15, o Ministério da Integração Nacional anunciou a distribuição de 300 mil cisternas de polietileno no semiárido de Pernambuco, Piauí, Alagoas, Minas Gerais, Bahia, Sergipe, Paraíba, Ceará, Rio Grande do Norte e Maranhão .
O Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) deixou de repassar R$ 80 milhões para a construção de cisternas no semiárido nordestino
De acordo com Diário Oficial da União, o MDS recebeu, em outubro, R$ 80 milhões para a construção das cisternas. O dinheiro deveria ser liberado até 30 de novembro, para as instituições que trabalham com a viabilização do convívio com o semiárido. Mas o dinheiro não chegou às famílias. Não há registro das despesas no Portal da Transparência, alimentado pela Controladoria-Geral da União (CGU).
A AP1MC confirma não ter recebido os recursos e diz ter sido informada pelo MDS de que os repasses seriam feitos diretamente aos estados e municípios.
E o mais grave: apenas R$ 1 milhão dos R$ 205,6 milhões liberados para cinco ações do plano — 0,5% do total — foram efetivamente gastos até agora.
A Articulação do Semi-Árido (ASA) acredita que a negociação com estados e municípios prejudicará o processo. É certo que a velha politicagem deverá ser ordem se a verba se concentrar nas mãos desses políticos.
Para as duas ações relacionadas à oferta de água no semiárido — “acesso à água para produção de alimentos para o autoconsumo” e “construção de cisternas para armazenamento de água” —, não há qualquer registro de repasses a estados e municípios posteriores à recomendação do Consea, conforme os dados do Portal da Transparência.
Fonte: Blog Folha.Com
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