segunda-feira

Estudo aponta crescimento da pobreza com avanço do agronegócio em SP


Por Gerson Freitas Jr. 
Do Valor Econômico

O crescimento do agronegócio, frequentemente associado ao aumento da renda e à prosperidade no interior do país, também pode ter relação com o avanço da chamada pobreza relativa (a incapacidade de se viver de acordo com o custo de vida local) e da violência no campo.

É o que sugere um estudo divulgado ontem pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Presidente Prudente e financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que criou um conjunto de 50 mapas intitulado "São Paulo Agrário".

De acordo com a pesquisa, cidades paulistas que experimentaram uma forte expansão da atividade agrícola entre 1990 e 2008 observaram também um aumento da pobreza relativa e o acirramento dos conflitos agrários no período.

O trabalho, que cruzou informações sobre concentração de renda, pobreza relativa, produção agrícola, uso da terra e mortes por conflitos no campo, demonstra que o fenômeno foi particularmente evidente nas regiões Oeste e o Nordeste do Estado, onde o aquecimento da atividade agrícola foi acompanhado do aumento da violência e da marginalização econômica.

"Isso reitera o fato de que esse modo de produção leva aos municípios uma prosperidade concentrada nas mãos de poucos, enquanto gera um número cada vez maior de excluídos", conclui o autor da pesquisa, o geógrafo Tiago Avanço Cubas.

Segundo ele, Ribeirão Preto, um dos principais polos do agronegócio no país, é um caso típico da relação entre prosperidade agrícola e pobreza. "O município viveu de 1990 a 2008 um crescimento desordenado impulsionado pelo investimento rural e que levou ao surgimento e intensificação do número de moradias precárias". Segundo dados do IBGE, citados pelo estudo, Ribeirão Preto possui 26 favelas, quase todas originadas nos últimos 20 anos.

O trabalho sustenta ainda que os pequenos produtores, responsáveis pela maior parte da produção de alimentos como feijão e mandioca, enfrentam grandes dificuldades e dependem de ações assistencialistas para sobreviver. "São necessárias políticas emancipatórias para o setor", conclui Cubas.

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