Estamos diante de um momento crítico na
história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À
medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente
e frágil, o futuro reserva, ao mesmo tempo, grande perigo e grande esperança. (Trecho da Carta da Terra)
Nós,
participantes do VIII EnconASA, realizado na cidade de Janúaria-MG no período
de 19 a 23 de novembro de 2012, viemos manifestar nosso repúdio ao Projeto de
irrigação que o Governo Federal, através do DNOCS, deseja implantar na Chapada do
Apodi, no Rio Grande do Norte. Amparado pelo Decreto Nº 0-001 de 10 de Junho de
2011, que torna de utilidade pública 13.855,13 hectares para fins de
desapropriação, este projeto trará enormes prejuízos aos agricultores e
agricultoras familiares ali residentes, pois terão de deixar suas casas e as
terras, onde vivem há mais de um século, praticando agricultura baseada na
agroecologia, para dar lugar a um grupo de empresas cujo modelo de produção
baseia-se na monocultura e no uso intensivo de agrotóxico, que, como sabemos,
contamina a água, a terra e o ar, com consequências graves diretas na saúde das
pessoas e no meio ambiente.
Sabemos
que, na região da Chapada do Apodi, concentram-se as principais experiências de
agroecologia e produção de alimentos da Agricultura Familiar Camponesa do
Estado do Rio Grande do Norte. Com a
implantação deste projeto, todas essas experiências e modos de vida camponesa
irão desaparecer. Por isso, exigimos, do Governo Federal, a REVOGAÇÂO do referido
Decreto e a imediata suspensão da instalação do Projeto. A reivindicação dos
povos da Chapada é que os recursos, até agora assegurados pelo governo, sejam destinados
ao projeto de integração entre a chapada e o vale do Apodi, garantindo, assim, os direitos terrirtoriais e
o fortalecimento dos agricultures e agricultoras familiares campesinos(as), com
suas práticas agroecológicas.
Januária-MG, 23 de novembro de 2012.
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