segunda-feira

Cidade "exemplo" do agronegócio contamina leite materno.

Por Inês Castilho
Do Outras Palavras
 

Ao abrir nesta terça-feira (11/2), numa cerimônia em Lucas do Rio Verde (MT), a safra de grãos 2013-14, a presidente Dilma Roussef não se conteve. Entusiasmada com a perspectiva de uma colheita recorde, de 193,6 milhões de toneladas, lembrou o crescimento de 221% em vinte anos e afirmou que “o agronegócio brasileiro é exemplo de produtividade para o país”.
     
Será? Ao escolher Lucas do Rio Verde como local da cerimônia de saudação a este modelo, talvez Dilma não soubesse que estava dando um tiro no pé. Como louvar alimentos que envenenam a fonte mesma da vida? Mais: há muito se analisam como ilusórios os números de “produtividade”. O agronegócio gera dólares, mas eles concentram-se nas mãos de muito poucos. A monocultura mecanizada emprega cada vez menos trabalhadores. O uso maciço de pesticidas polui terra e rios, intoxica trabalhadores e comunidades e, exatamente ali, envenena leite materno. Tudo somado, são perdas incomensuráveis para os ultra ricos.

Escolhida como vitrine da safra por ser “representativa da agricultura”, Lucas do Rio Verde, 355 quilômetros ao norte da capital, Cuiabá, é dos municípios do país que mais cultivam a monocultura de soja, milho e algodão. Em 2010, foram plantados 420 mil hectares e pulverizados 5,1 milhões de litros de agrotóxicos nas plantações, atingindo o entorno do município, córregos, criação de animais. Cada habitante esteve exposto a 136 litros anuais de agrotóxicos, “quase 45 vezes maior que a média nacional — de 3,66 litros”.

Desde 2006, quando um acidente por pulverização aérea contaminou a cidade, ela passou a integrar a pesquisa “Impacto dos Agrotóxicos na Saúde do Ambiente na Região Centro-Oeste”, coordenada pelo médico e doutor em toxicologia Wanderlei Pignati, da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) – e realizada em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás entre 2007 e 2010, como parte de um projeto nacional. O estudo referente às mães coube à mestranda da UFMT Danielly Palma.

“Minha pesquisa foi um subprojeto de uma avaliação que foi realizada em Lucas do Rio Verde e eu fiquei responsável pelo indicador leite materno. Mas a pesquisa maior analisou o ar, água de chuva, sedimentos, água de poço artesiano, água superficial, sangue e urina humanos, alguns dados epidemiológicos, má formação em anfíbios” – contou Danielly à repórter Manuela Azenha, que no início de 2011 foi a Cuiabá assistir à defesa da tese sobre o impacto dos agrotóxicos em 62 nutrizes de Lucas do Rio Verde. O estudo integra o Dossiê Abrasco – Um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde, divulgado pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva em 2012. Radiografias de anfíbios com malformações coletados em lagoas e córregos podem ser conferidas aqui.

“A pesquisa revelou que 100% das amostras indicam a contaminação do leite por pelo menos um agrotóxico. Em todas as mães foram encontrados resíduos de DDE, um metabólico do DDT, agrotóxico proibido no Brasil há mais de dez anos. Dos resíduos encontrados, a maioria são organoclorados, substâncias de alta toxicidade, capacidade de dispersão e resistência tanto no ambiente quanto no corpo humano” – relatou a pesquisadora.

“Todas essas substâncias têm o potencial de causar má formação fetal, indução ao aborto, desregulamento do sistema endócrino — que é o sistema que controla todos os hormônios do corpo — então pode induzir a vários distúrbios. Podem causar câncer, também. Esses são os piores problemas.”

Talvez ignorante de fatos tão dramáticos, Dilma Roussef foi além. Conclamou empresários, prefeitos e população (!) a pavimentar ainda mais o caminho do agronegócio, desregulamentando-o. Tem papel demais nesse país, disse, “temos de simplificar os processos”, “acabar com a multiplicidade das exigências desnecessárias”, “não para destruir o meio ambiente, pelo contrário (…)”.

A fala escancara o óbvio: o agronegócio está nadando de braçada no (des)governo de nosso meio e de nossos corpos.

Milhões de abelhas morrem por causa de agrotóxicos da Bayer e Syngenta


Do SeattleOrganicRestaurants*



Um estudo publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, dos EUA, mostra que a classe de pesticidas neonicotinoide e a clotianidina afetam, de modo adverso, o sistema imunológico das abelhas ao promover nelas a replicação de um patógeno viral.

De acordo com os cientistas italianos, autores do estudo, uma molécula é desencadeada pelos pesticidas neonicotinoides de que forma que possa prejudicar a colônia de abelhas. Os pesquisadores descobriram que o inseticida neonicotinoide clotianidina pode aumentar os níveis de proteína específica nas abelhas e afetar negativamente a resposta do sistema imunológico além de torná-las mais suscetíveis de serem atacadas por vírus e patógenos prejudiciais.

Francesco Pennacchio, principal autor do estudo, descobriu que a proteína de repetição rica em leucina poderia afetar negativamente a atividade de uma proteína envolvida nas abelhas, conhecida como NF-κB, sinalizador imunológico. Quando as abelhas são expostas ao inseticida neonicotinoide clotianidina, há um aumento significativo na melhoria da codificação do gene de proteína de repetição rica em leucina que suprime o sinalizador imunológico NF-κB.

Os pesquisadores encontraram que outras classes dos neonicotinoides, tais como o imidacloprid e o tiametoxam, também afetam o sistema imunológico das abelhas, embora inseticidas como o organofosforado clorpirifós não afetam o sinalizador imunológico NF-κB.

Quando os pesquisadores infectaram as abelhas com um patógeno comum, conhecido como o vírus deformador da asa, descobriram que ele ataca o sistema imunológico no momento em que as abelhas são expostas ao inseticida neonicotinoide clotianidina ou imidacloprid. Embora o vírus seja muito comum nas abelhas, o sistema imunológico delas o mantém ineficiente e sob controle.

Segundo um dos pesquisadores, Francesco Nazzi, o “efeito relatado sobre a imunidade exercida pelos neonicotinoides permitirá testes toxicológicos adicionais – a serem definidos – no intuito de avaliar se a exposição crônica das abelhas a doses subletais de agroquímicos poderá afetar, de modo adverso, o seu sistema imunológico e suas condições de saúde. Além disso, nossos dados indicam a possível ocorrência nos insetos, por exemplo os invertebrados, de uma modulação neural da resposta imunológica. Este fato prepara o terreno para estudos futuros nesta área de pesquisa e apresenta a questão sobre como as substâncias neurotóxicas podem afetar a resposta imunológica”.

As gigantes da biotecnologia Bayer e Syngenta, que fabricam os neonicotinoides, estão gastando milhões de dólares com lobistas para impedir a proibição desta substância nos EUA, além de terem processado a Comissão Europeia pelo banimento destas classes de pesticidas

Enquanto os países da União Europeia puseram uma suspensão de três anos para a classe de pesticidas neonicotinoide, incluindo o tiametoxam, o clotianidina e o imidacloprid, o Ministério de Agricultura dos Estados Unidos não conseguiu banir estas classes de pesticidas que estão matando milhões de abelhas. Tenhamos em mente que o ministro americano da Agricultura, Tom Vilsack, é o ex-governador pró-biotecnologia do estado de Iowa, premiado como o Governador do Ano pelas empresas de biotecnologia.

As gigantes da área biotecnológica, Bayer e Syngenta, que fabricam os neoniconinoides, estão gastando milhões de dólares para evitar a suspensão desta substâncias, além de terem processado a Comissão Europeia pelo banimento destas classes de inseticidas.

Estas empresas também colocaram milhares de documentos falsos na internet, enganando a todos ao divulgar que os neonicotinoides são perfeitamente seguros e que outros problemas, incluindo a falta de biodiversidade e o crescimento dos patógenos, é que são as principais causas por trás do declínio das abelhas.

As empresas Monsanto, Syngenta, Bayer, DuPont e Dow estão mentindo. Transgênicos tratados com neonicotinoides estão relacionados com colapso das abelhas, e 94% do milho nos EUA são tratados ou com pesticida imidacloprid ou com pesticida clotianidina

Na verdade, a maioria do milho e da soja geneticamente modificados são tratados com pesticidas neonicotinoides e, recentemente, mais de 37 milhões de abelhas caíram mortas no Canadá depois que grandes campos de milho transgênico foram plantados e tratados com a substância.

Além disso, não obstante as falsas promessas da biotecnologia de que as culturas transgênicas iriam reduzir o uso de pesticidas, a verdade é que desde a introdução dos organismos geneticamente modificados o uso de pesticidas aumentou em 500 milhões de libras.

Na verdade, segundo a Rede de Ação em Pesticida da América do Norte (PANNA, na sigla em inglês), 94% das sementes de milho dos EUA são tratadas ou com a substância imidacloprid ou com a clotianidina e, em consequência, as abelhas são submetidas a uma carga tóxica de neonicotinoides cada vez maior nos campos de milho.

Mais e mais estudos mostram o efeito adverso dos neonicotinoides sobre o sistema imunológico das abelhas

Embora as empresas Syngenta e Bayer estejam tentando disseminar informações enganosas ao colocar a biodiversidade e os patógenos como as principais causas do declínio das abelhas, estudos científicos independentes vincularam principalmente os neonicotinoides ao colapso das colônias de abelhas.

Num estudo publicado na revista Science, o autor principal e professor de biologia da Universidade de Sussex, Dr. Dave Goulson, diz que a “exposição a pesticidas neonicotinoides, que são uma neurotoxina em essência, estava afetando a capacidade das abelhas de aprender, de encontrar o caminho de volta para casa, de navegar, de coletar alimento, e assim por diante, o que não é surpreendente se acaso percebermos se tratar de neurotoxinas. (...) O que encontramos, e que tenho que confessar ter sido surpreendente em seu âmbito, foi que os ninhos tratados cresceram mais lentamente, porém, de forma mais dramática, o efeito sobre a produção da rainha foi realmente forte. Assim, tivemos uma queda de 85% na produção dos ninhos da rainha que foram expostos durante um período de apenas duas semanas a concentrações bastante baixas destes pesticidas em comparação com os ninhos de controle”.

Chegou a hora de pôr de lado a ganância corporativa e proibir o uso dos neonicotinoides que estão destruindo milhões de abelhas e borboletas

Cerca de 87% das plantas são polinizadas por abelhas e se não fizermos algo quanto ao fato de que as culturas transgênicas tratadas com os neonicotinoides constituem a principal razão do colapso das colônias de abelha, então iremos estar dando um tiro no próprio pé e começando uma reação em cadeia em que muitas plantas e espécies morrerão em consequência.

A comunidade científica e os biólogos dizem que se as abelhas desaparecerem, iremos somente ter só mais alguns anos de vida, já que a reação em cadeia começará a erradicar certas espécies devido à falta de polinização e afetará culturas de passarinhos e assim por diante.

Atualmente, o apicultor está perdendo 50% de suas colmeias e, em vez de proporem uma proibição imediata às culturas geneticamente modificadas e aos neonicotinoides, nossas autoridades permitem que as gigantes da biotecnologia – incluindo a Monsanto, a Syngenta e a Bayer – gastem bilhões de dólares promovendo e vendendo seus inseticidas tóxicos e alimentos transgênicos.

A prioridade de corporações como Syngenta e Bayer não é proteger as abelhas e outros polinizadores, mas proteger seus lucros a partir da produção de inseticidas neonicotinoides. Só no ano de 2012, as vendas da Syngenta com a substância tiametoxam cresceram e excederam as cifras de mais de um bilhão de dólares. Como isso pode ser permitido? E como uma sociedade pode tolerar isso que elas têm feito?

sexta-feira

Em reunião com Dilma, MST recoloca a pauta da Reforma Agrária no governo.



Por Luiz Felipe Albuquerque
Da Página do MST

“Aqui está o que consideramos a vida, representada nos nossos alimentos, sementes, poemas, artesanatos e nossos símbolos”, disse a dirigente do MST Atiliana Brunetto, ao entregar a cesta de produtos do MST à presidenta Dilma Rousseff, nesta quinta-feira (13/02).
Desde o início do governo Dilma, há três anos, que o MST exige uma reunião com a presidenta para cobrar a realização da Reforma Agrária e mostrar os problemas latentes do campo brasileiro.
Mas apenas depois da luta e da pressão social exercida pelos Sem Terra na tarde desta quarta-feira (12/02), em Brasília, que a presidenta finalmente decidiu ouvir as demandas do Movimento, que apresentou seus problemas mais emergenciais neste último ano de mandato.
Na avaliação dos Sem Terra, grande parte da energia gasta nas lutas nos últimos três anos serviram apenas para que o atual governo não retrocedesse nas conquistas da última década.
“Toda nossa proposta de Reforma Agrária ficou no meio da estrada. Isso criou uma insatisfação muito grande por parte dos Sem Terra”, disse Jaime Amorim, da coordenação nacional do MST, à presidenta.

Durante a reunião, os Sem Terra levaram uma série de demandas à mesa em torno das questões referentes aos problemas das famílias acampadas e assentadas em todo o Brasil.
“Passem tudo o que puderem passar de informações para nós do que está errado que faremos as mudanças”, se comprometeu a presidenta ao ouvir as demandas e dizer que é preciso listar e fazer o que é urgente.
Dentre os pontos, Jaime relembrou a discussão em torno do índice de improdutividade, que se iniciou desde o começo do governo Lula. “O governo tem que criar as condições e enfrentar o problema”, cobrou o dirigente, ao afirmar que é preciso enfrentar as forças mais conservadoras que compõem a gestão da presidência. 
Lançada no final do ano passado, a Medida Provisória da Reforma Agrária previa a possibilidade das famílias assentadas venderem seus lotes, o que permitiria uma regressão das conquistas da Reforma Agrária e uma reconcentração da terra no país.
Segundo Débora Nunes, da coordenação nacional do MST, o agronegócio também vislumbra as terras das famílias assentadas e estão dispostos a oferecer muito dinheiro para conquistarem essas áreas.
“Isso pode estimular a venda, o que desmoralizaria o governo e a própria Reforma Agrária”, destacou, ao apontar que seria um retrocesso das conquistas e um aumento da concentração de terra no país.
“Concordo que não tem cabimento conceder na perspectiva da venda”, disse Dilma, ao ponderar que é importante que as famílias sintam que a terra lhes pertence, pois aumenta a “autoestima”.
Nesse sentido, a presidenta concordou em defender a proposta do Movimento, que prevê o título de concessão de uso da terra, o direito à herança, mas que a venda seja proibida.

Desapropriação de novas áreas
Durante o governo Dilma, pouco mais de 76 mil famílias foram assentadas, segundo dados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). A maioria desses números, entretanto, se refere à regularização fundiária na Amazônia, e não decretos de desapropriação de novas áreas.
“Todo ano tem luta. Fazemos as jornadas de abril, agosto, outubro. O governo faz a promessa mas nada acontece. Os técnicos do Incra falam que a Reforma Agrária não é a prioridade da presidenta”, disse Amorim.
Nessa linha, os Sem Terra apontaram a necessidade de criar uma interministerial para agilizar e resolver os problemas dos acampados. “O Incra está desestruturado e sem ingerência, e está sendo conduzido de uma maneira conservadora”, apontou Jaime, ao colocar a prioridade em construir uma meta emergencial para resolver os problemas das áreas que estão com maiores conflitos.

Há tempos que servidores do Incra relatam para o governo federal um déficit na sua capacidade operacional e uma desvalorização do corpo técnico. Desde 2006, cerca de 40% dos servidores saíram do órgão e mais de 2000 pessoas se aposentaram, diminuindo a capacidade operacional em mais de 50%. 

Perímetros Irrigados
No objetivo de solucionar parte dos problemas das famílias acampadas, que em todo o país somam cerca de 150 mil, os Sem Terra expuseram a problemática em torno das áreas de perímetro irrigado no nordeste brasileiro.
Destas 150 mil famílias que esperam por um pedaço de terra, em torno de 60% estão concentradas no nordeste. Em paralelo a isso, há 80 mil lotes vagos nas áreas de perímetro irrigado, o que possibilitaria assentar todas as famílias da região. 
As políticas desenvolvidas nessas áreas, no entanto, priorizam as parcerias com empresas privadas em detrimento de resolver os problemas sociais da região. “As Parcerias Público Privadas são uma afronta ao desenvolvimento regional. É preciso construir um plano de recuperação para resolver o problema da terra no nordeste”, enfatizou Amorim.
O Departamento de Obras Contra a Seca (Dnocs), órgão responsável pelo controle dessas áreas, é apontado pelos movimentos sociais como um reduto da oligarquia local, impedindo que políticas de caráter mais social possam ser desenvolvidas. “É preciso romper com esse órgão e passar a responsabilidade para o Incra”, disse João Pedro Stedile.
“Vou olhar pessoalmente a questão dos perímetros irrigados”, garantiu a presidenta.

Seca 
Em 2012, parte da população nordestina viveu a pior seca dos últimos 50 anos, gerando diversas dificuldades sociais e econômicas na região. Quatro milhões de animais morreram na estiagem, quando mais de 1200 municípios decretaram emergência. 
 “A pior seca é aquela que a gente vive”, lembrou Débora ao denunciar que “muitas políticas do governo, como água, crédito, carro pipa não estão chegando aos assentados”.
“A seca não é uma maldição divina, temos que controlá-la, e não brigar contra ela. Listemos e façamos o que é urgente”, respondeu a presidenta, ao apontar diversas medidas emergenciais construídas nos últimos anos para solucionar esse problema.
Por outro lado, Débora alegou uma série de burocracias para acessar os créditos referentes a essas políticas. 

PAA
Reconhecida pelas organizações como uma política importante que garante aos assentados a venda de sua produção, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) precisa ter seu orçamento aumentado, segundo os Sem Terra.
“O volume de dinheiro hoje do PAA atinge apenas 5% das famílias assentadas. É urgente e necessário colocar mais dinheiro na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para potencializar e massificar a produção”, cobrou Stedile, que foi respondido com o comprometimento de Dilma em determinar que o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) disponha mais recursos para ampliar a ação desses programas.
Para Débora Nunes, a luta e o congresso realizado pelos Sem Terra ao longo dessa semana permitiu recolocar a pauta da Reforma Agrária no governo e na sociedade. “Pudemos denunciar os problemas e mostrar a necessidade de soluções emergenciais. Mas seguiremos nos mobilizando para pressionar que essas promessas tenham respostas rápidas e reais”, afirmou.

quinta-feira

Policiais entram na mobilização e agridem trabalhadores, veja vídeo.

Da Página do MST
Na tarde desta quarta-feira (12/02), os 16 mil Sem Terra que participam do VI Congresso Nacional do MST, em Brasília, saíram em marcha rumo ao Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF), com o objetivo de denunciar a atual paralisação da Reforma Agrária e cobrar do governo federal e do Estado brasileiro sua realização.
No meio do ato, entretanto, um grupo de policiais impediram, sem nenhuma justificativa, que os Sem Terra retirassem do bagageiro do ônibus materiais que seriam utilizados nas intervenções teatrais.
Essa ação inconsequente da polícia deu início à confusão. Policiais jogaram bombas nos manifestantes que estavam na frente do Palácio, deixando 12 trabalhadores rurais feridos.
O dirigente do MST Francinaldo Alves, que estava ajudando a contornar o conflito, foi preso e agredido por policiais. 
O MST lamenta a postura anti-democrática e violenta da PM, que demonstra a falta de preparo das forças policiais para tratar de manifestações da sociedade. 

Clique aqui e assista o vídeo!

terça-feira

Emparn diz que as chuvas estão chegando ao Seridó

chuvas caio
Durante reunião hoje (10) na Governadoria, o chefe do setor de meteorologia da EMPARN, Gilmar Bristot, apresentou as previsões para o inverno deste ano. Ouviram a explanação a governadora Rosalba Ciarlini e o seu secretariado, representantes do Banco do Nordeste, autoridades estaduais e prefeitos potiguares. As expectativas, segundo Bristot, são de chuvas regulares em todo o estado, mas isso dependerá ainda do aquecimento dos oceanos que ocorre até o mês de abril. Esse fato pode melhorar as previsões climáticas.
No dia 20 de fevereiro acontecerá a última reunião de avaliação na Emparn, quando  será distribuída uma tabela com uma estimativa de chuva nas regiões do Oeste e Seridó. Essa tabela poderá orientar as ações dos Gestores Públicos e ter uma ideia da quantidade de água que chegará aos municípios. Segundo informações de Gilmar Bistrot, as chuvas estão caindo na Região do Alto Oeste e logo cairá no Seridó com mais frequência.

Os Sem Terra de ontem, de hoje e de amanhã.

Por Marina dos Santos*

Da Carta Capital
Assim como muitas ocupações de terras, o Movimento Sem Terra nasceu ao final de uma longa noite escura. A alvorada das greves operárias, da campanha pela Anistia geral e irrestrita, os novos movimentos sociais urbanos e as Diretas-Já que encerravam a ditadura militar, permitiu também a retomada da luta pela terra e pela reforma agrária no Brasil.
Eram posseiros, trabalhadores atingidos por barragens, migrantes, meeiros, parceiros, pequenos agricultores. Trabalhadores rurais sem terra, sem o direito de produzir alimentos. Expulsos por um projeto autoritário para o campo, que anunciava a “modernização” – quando, na verdade, estimulava o uso massivo de agrotóxicos e a mecanização –, baseados em fartos (e exclusivos ao latifúndio) créditos rurais; ao mesmo tempo em que ampliavam o controle da agricultura nas mãos de grandes conglomerados agroindustriais. Destas contradições e dos 500 anos de uma sociedade baseada no latifúndio é que fundamos, em 1984, um movimento social autônomo, que lutasse pela terra, pela reforma agrária e pelas transformações sociais necessárias para o nosso país.
Agora, aos 30 anos, nos tornamos o mais longevo movimento social camponês da história do Brasil. Isto por si só já seria um feito: resistir a décadas do poder econômico e político do latifúndio, que se estende da bancada ruralista na capital federal à pistolagem nos municípios, e sobreviver à cumplicidade escancarada dos meios de comunicação com a forma mais arcaica de poder em nosso país.
Mas há outros méritos que enaltecem nossa resistência: em três décadas, conquistamos a terra para mais de 350 mil famílias. Terra liberta do latifúndio e que estimulou o desenvolvimento local. Em cada latifúndio, onde viviam poucas pessoas, agora vivem 100, 200, 300, com a dignidade que antes lhes era negada.
Com isso, novas formas de organização e de lutas são demandadas, como nas mais de 400 associações e cooperativas que trabalham de forma coletiva para produzir alimentos sem transgênicos e sem agrotóxicos. Ou nas 96 agroindústrias que melhoram a renda e as condições do trabalho no campo, oferecendo alimentos de qualidade e baixo preço na cidade. Para se ter um exemplo, pouco mais de mil famílias assentadas na região de Porto Alegre (RS) são responsáveis pela alimentação de mais de 40 mil pessoas diariamente, por meio de programas de Alimentação Escolar e Aquisição de Alimentos.
Outras conquistas, entretanto, não podem ser medidas em números. Num país onde o campo sempre foi relegado ao atraso, à pobreza material, estética e intelectual, nos orgulhamos de termos formados mais do que “pequenos proprietários de terra”: nossa luta formou homens e mulheres, que reconquistaram a própria cidadania como sujeitos de sua história e não como subalternos.

segunda-feira

Cerca de 15 mil camponeses participam do 6º Congresso Nacional do MST

Mídia Ninja
O principal objetivo do Congresso é discutir e fazer um balanço crítico da atual situação do Movimento, traçar novas formas de luta pela terra, pela Reforma Agrária e por transformações sociais


De 10 a 14 de fevereiro, em Brasília, o MST realiza seu VI Congresso Nacional. Tendo como lema “Lutar, construir Reforma Agrária Popular”, 15 mil trabalhadores e trabalhadoras de 23 estados brasileiros, além de 250 convidados internacionais, participam da maior instância de decisão do Movimento. 
A atividade terá início às 9h, quando cerca de 1500 militantes realizam uma mística de abertura  sobre a história do MST. Na sequência, será dado às boas vindas a todos os participantes do Congresso.
O principal objetivo do Congresso Nacional do MST é discutir e fazer um balanço crítico da atual situação do Movimento, traçar novas formas de luta pela terra, pela Reforma Agrária e por transformações sociais, além de comemorar seus 30 anos de existência.
Também será um momento de reafirmar um novo programa da Reforma Agrária para o país: a Reforma Agrária Popular.
Na programação serão realizados debates em torno do desafio organizativo do Movimento, o papel político dos assentamentos, a participação da mulher e dos jovens na luta, além de ato político em defesa da Reforma Agrária, marcha, e atividades culturais as noites.
Na tarde de quarta- feira (12/02), os Sem Terra realizam uma grande marcha em defesa da Reforma Agrária pela capital federal. Durante a noite será realizado uma festa em comemoração ao aniversário de 30 anos do MST.
Na quinta-feira (13/02), acontece o ato político pela Reforma Agrária, com a participação de movimentos sociais, intelectuais, partidos políticos que representam a esquerda brasileira, como o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, o governador do Amapá, Camilo Capiberibe, e Rui Falcão, presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), além dos convidados internacionais.
Simultaneamente ao Congresso, durante os dias 10 a 13 de fevereiro, ocorre a Mostra Nacional da Cultura e Produção Camponesa, ao lado do Ginásio Nilson Nelson, em Brasília. Será um espaço de demonstração e comercialização dos alimentos produzidos pelos assentamentos de Reforma Agrária, além de apresentações culturais do campo. Nesse mesmo espaço, ainda serão montadas 12 pequenas agroindústrias de beneficiamento, entre elas de erva mate, cachaça, e farinha. 

terça-feira

STTR de Apodi/RN realizou prestação de Contas Exercício 2013.

Assembléia lotada. 

No último sábado (25) esteve acontecendo a Assembléia Anual do Sindicato dos Trabalhadores e das Trabalhadoras Rurais de Apodi/RN. O Evento teve inicio às 8 horas da manhã na sede do referido sindicato, onde mais de 800 agricultores (as) estiveram prestigiando a reunião. A Assembléia ainda contou com uma grande participação de autoridades de vários segmentos, entre eles: Poder Publico Municipal, Legislativo apodiense, Organizações do Governo Federal, Entidades não Governamentais, dentre outras organizações.
Na oportunidade a direção do STTR de Apodi realizou a prestação de conta exercício 2013, onde o contador da entidade juntamente com a tesouraria da instituição fizeram uma explanação das arrecadações e despesas que ocorrerá no ano que se passou. Durante aproximadamente uma hora foi explanada as contabilidades do STTR para a assembléia que em seguida aprovou por unanimidade a referida prestação de contas.
O tesoureiro Agnaldo Fernandes enfatizou "Nós não temos nenhum constrangimento em prestar contas a Classe a qual nos escolheu pra coordenar esse sindicato, pelo contrário, muito nos orgulha expor nossas despesas e arrecadações para apreciação da Assembléia".

O secretário José Rita explicou que além de divulgar a Assembléia através de Edital e meios de comunicação a direção do STTR participou de várias assembléias de associações comunitárias e de assentamentos convocando a classe trabalhadora para acompanhar esse momento de prestação de contas.

segunda-feira

quarta-feira

STTR de Apodi/RN Convida para as comemorações dos seus 50 anos de existência.


A Direção do Sindicato dos Trabalhadores e das Trabalhadoras Rurais de Apodi/RN convida a você para participar das  Comemorações dos 50 anos de Lutas e Conquistas do STTR de Apodi/RN que estará acontecendo no dia 25 de Janeiro de 2014, a partir das 8h00min. da manhã na sede do STTR.

Programação
08h00min Café da manhã. 
08h50min – Descerramento da Placa comemorativa dos 50 Anos.
09h00min  Mística de abertura.
09h30min  Assembléia para prestação de conta exercício 2013.
10h10min - Lançamento de cartilha Agroecológica - CPT e STTR.
10h30min – Entrega de comendas a Homenageados/as , Associações e Instituições.
11h30min – Sorteio de duas motos Jonny Zero Km entre os sócios e sócios em dias.
12h00min - Encerramento.

SERVIÇO:
O que é? COMEMORAÇÃO DOS 50 ANOS DE LUTAS E CONQUISTAS DO STTR DE APODI/RN.
Quando? No dia 25 de Janeiro de 2014, a partir das 8h00min da manhã.
Aonde? Na Sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Apodi, Rua Nonato Mota – nº 106 / Bairro Malvinas.


Arroz-vermelho: o arroz do sertão.


 
                Cultivo de arroz-vermelho

Depois de passar quase três séculos refugiado na Caatinga, o arroz-vermelho está de volta às mesas do país

No princípio, era o vermelho. Por dois séculos, não se soube de outro arroz nas mesas brasileiras. Foi a primeira variedade cultivada por aqui: inicialmente na Bahia, ainda no século 16, depois no Maranhão, introduzido pelos açorianos por volta de 1620. Ali, nas várzeas ao sul de São Luís, o arroz-vermelho encontrou abrigo e prosperou a ponto de fazer do Nordeste o maior produtor desse cereal no império português. Arroz-de-veneza, o chamavam – certamente uma alusão à origem remota daqueles grãos que tão bem haviam se adequado a nosso solo.
Ainda nesta reportagem:
Assim foi até o século 18, quando os portugueses importaram do sul dos Estados Unidos as sementes do então chamado arroz-da-carolina – melhor, mais produtivo, mais branco e mais rentável. O plano da Coroa era substituir por completo as lavouras do arroz-de-veneza pelo novo grão. Para isso, baixou um decreto em 1772, em que proibia o cultivo de qualquer outra variedade que não o arroz branco. As penas pela reincidência eram severas: um ano de cadeia e cem mil-réis de multa para os homens livres e, para os escravos, “dois anos de calceta com surras interpoladas nesse espaço de tempo”. Por “calceta”, entenda uma argola de ferro presa ao tornozelo.
A proibição durou 120 anos, tempo mais que suficiente para que o arroz-vermelho fosse quase levado à extinção e condenado ao esquecimento. Se não sumiu, foi porque virou prato de resistência e subsistência em certos grotões do Nordeste, onde se escondeu para fugir da vigilância da Coroa. Está lá até hoje, sob o nome de arroz-da-terra, refugiado em três vales contínuos do sertão nordestino: Piancó e Rio do Peixe, na Paraíba, e Apodi, no Rio Grande do Norte. E, mesmo ali, também periga desaparecer. Hoje a área produtiva é três vezes menor que cinco décadas atrás.
Ainda assim, podemos considerá-la a maior extensão de arroz-vermelho cultivado no mundo. E, ao mesmo tempo, uma espécie de fóssil vivo da alimentação humana, pois se trata da primeira variedade domesticada desse cereal. Só depois é que surgiu o branco, como uma mutação desse grão original. “O primeiro arroz do mundo era vermelho”, assegura José Almeida Pereira, pesquisador da Embrapa Meio-Norte e coordenador da Fortaleza do Arroz Vermelho, projeto de desenvolvimento local criado pela Fundação Slow Food.
É uma lavoura rara, portanto, pois são poucos os lugares onde ainda se dá valor alimentar a esses grãos. O mais comum é encontrá-los em seu estado selvagem, crescendo como invasores nos arrozais comerciais e alimentando o ódio dos arrozeiros. Tem até campanha no Brasil empenhada em varrer o arroz-vermelho do mapa. Tamanho é o estigma que a variedade só deixou de ser considerada oficialmente uma erva daninha em 2009, quando o Ministério da Agricultura revisou a classificação oficial.
O fato é que, historicamente, houve pouco ou nenhum interesse pelo arroz-vermelho com fins comerciais. Se sobreviveu no sertão, foi mais como uma cultura de subsistência, uma das poucas viáveis numa região isolada e miserável, que só conheceu o arroz branco em meados dos anos 1940. Por falta de opção, virou ingrediente essencial da dieta sertaneja, sobretudo na Paraíba. Ali, e em algumas comunidades rurais do Rio Grande do Norte também, o costume é cozinhá-lo com leite e servi-lo com feijão-de-corda – combinação, no mínimo, excêntrica para os paladares destreinados.
Mais curioso ainda é o hábito local de polir o arroz-vermelho, retirando justo aquilo que lhe dá cor e sabor, que é a película que reveste cada grão, conhecida como pericarpo. Antigamente, o povo se dava ao trabalho de passar horas socando o arroz no pilão, com a intenção de deixá-lo o mais branco possível. Hoje, o serviço é feito em pequenos armazéns de beneficiamento, onde uma máquina chamada “descopadeira”, enorme e barulhenta, se encarrega de descascar e polir os grãos por meio de um sistema de correias.
Apesar de rústica, a descopadeira tem papel crucial na manutenção de uma cadeia produtiva sustentável. Ela gera três subprodutos, e nenhum é desperdiçado. A casca vai para os aviários, onde se torna a serragem que forra o chão dos galpões. Os grãos quebrados, conhecidos como “xerém”, viram ração animal, que é também o mesmo destino do pericarpo. Essa película vermelha, quando retirada, transforma-se num pó altamente nutritivo chamado por aqui de “vitamina”. “É lá que está o ferro e o zinco. E vai quase tudo para o porco”, diz Francisco Batista, agrônomo de Piancó (PB) especializado no cultivo do arroz-vermelho.
Existe também a questão do sabor, que pode ser uma virtude para um chef de cozinha, mas que no sertão chega a ser motivo de rejeição. “O povo tem preconceito. Não gosta do vermelho. Dizem que a vitamina amarga muito o arroz”, afirma Sueli Lira, moradora da zona rural de Apodi e entusiasta declarada do cereal. O gosto é intenso, de fato, mas nada que um bom garfo não possa se acostumar ou um bom cozinheiro não possa adaptar. Sueli mesmo diz que já aprendeu várias receitas, com vitamina e tudo: “Dá pra fazer escondidinho, risoto, doce de coco...”.
Sem a vitamina, o que fica é um arroz menos vermelho, menos nutritivo e menos saboroso. E, de certa forma, mais parecido com o branco. “A influência do arroz comercial é tão grande que as famílias estão polindo o vermelho porque acham o branco mais bonito”, diz José Almeida, da Embrapa. De fato, a chegada do arroz comercial nas últimas décadas trouxe benefícios que as gerações antigas desconheciam, como a maior produtividade, a agilidade no cozimento e, para certos paladares, o sabor mais suave. Sem contar a incomparável vantagem de se comprar um pacote no supermercado com os grãos já descascados e polidos, prontos para o consumo.

terça-feira

Comunicado aos Presidentes de Associações: Prazos para Declarações.

ATENÇÃO!!!

PRESIDENTES DE ASSOCIAÇÕES, OS PRAZOS PARA AS PRÓXIMAS DECLARAÇÕES SÃO:

RAIS – ANO BASE 2013 –21 DE MARÇO DE 2014;
DCTF (Dez/2013) – ATÉ 20 DE FEVEREIRO DE 2014;
*SUJEITA À ALTERAÇÕES, DE ACORDO COM A RECEITA FEDERAL;

OBSERVAÇÕES:
1.           PROCUREM O CONTADOR MÁRITON, A PARTIR DE 27 DE JANEIRO DE 2013.
2.           LEVAR CNPJ E CPF DO (A) PRESIDENTE;
3.           PARA APRESENTAR A DECLARAÇÃO É PRECISO TER A PROCURAÇÃO ELETRÔNICA EM DIAS
                                                                                              AGRADECE,
A DIRETORIA DO STR.
OBS: NÃO DEIXEM PARA OS ÚLTIMOS DIAS.

DÚVIDAS: MÁRITON/SOLÂNIO - 84 3333 2828/9116 4415