Por Gerson Freitas Jr.
Do Valor Econômico
Do Valor Econômico
Matéria extraída do Site do MST.
A adoção do milho transgênico pelos agricultores no Brasil avança em ritmo surpreendente. Apenas quatro anos desde a sua liberação pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), as sementes geneticamente modificadas deverão ocupar aproximadamente dois terços da área destinada à cultura na safra 2011/12.
Ao todo, somando-se os plantios de verão e inverno, mais de 9,1 milhões de hectares deverão ser plantados com milho transgênico, uma expansão de 21,4% em relação à temporada passada.
Já na safra de verão, que começa a ser cultivada nas próximas semanas, cerca de 54% das lavouras de milho deverão serão transgênicas, em comparação aos 44,5% no ano passado. Na de inverno, cujo plantio acontece no primeiro trimestre de 2012, o índice pode chegar a 80,4%, ante 74,9% na última temporada.
Os números constam em um levantamento realizado pela consultoria mineira Céleres, obtido com exclusividade pelo Valor, sobre a adoção da biotecnologia no Brasil. De acordo com a pesquisa, que leva em conta as estimativas de oferta por parte da indústria de sementes e expectativa de demanda por parte dos produtores rurais, os transgênicos deverão responder por mais de 70% das vendas de sementes neste biênio.
A CTNBio, órgão responsável pela liberação da pesquisa e comercialização de transgênicos no país, já liberou 16 variedades de milho geneticamente modificados - cinco delas, nos últimos 12 meses. Para a nova safra, prevê a Céleres, 32% da safra será resistente a pragas, como a lagarta do cartucho, 4,9% terá tolerância ao uso de herbicidas e 17,2% combinará essas duas características.
De acordo com o diretor da Céleres, Anderson Galvão, a tendência é que os transgênicos respondam por aproximadamente 77% da área de milho nos próximos anos. "Esta é a área nas mãos dos agricultores mais tecnificados, que produzem com uso de tecnologia", explica. Segundo o especialista, cerca de 23% da área de milho no Brasil ainda é cultivada sem qualquer investimento ou assistência técnica, com prejuízos significativos à produtividade das lavouras.
No mercado de sementes certificadas, contudo, o domínio dos transgênicos deve ser absoluto. A Pioneer, líder no segmento, estima que entre 85% e 90% das vendas para a próxima safra serão de híbridos transgênicos. "A demanda dos produtores por essa tecnologia tem sido muito grande, a área plantada com milho deverá se recuperar e o produtor está muito capitalizado", afirma Roberto Rissi, diretor executivo da companhia.
Segundo ele, as vendas de sementes de milho deverão crescer 30% nesta temporada.
Ainda segundo o levantamento da Céleres, a área ocupada com lavouras transgênicas de soja deverá crescer 13,4% e atingir 82,7% do total, ante 76,1% na temporada 2010/11. No algodão, o índice de transgenia deverá ser de 39%, ante 26,7% em 2010/11. Segundo Galvão, a adoção da soja transgênica evolui em um ritmo mais lento que a do milho devido à dificuldade em se fazer pesquisa durante os anos em que a tecnologia era proibida no Brasil. Embora seja cultivada desde os anos 90, a soja geneticamente modificada só foi liberada no Brasil em 2005.
"Até então, muitos produtores usavam variedades que foram desenvolvidas para as condições de clima e solo da Argentina, o que comprometia a produtividade. Nos últimos anos, as empresas puderam combinar a transgenia com variedades mais adaptadas às nossas condições", explica.
O Brasil é o segundo maior produtor mundial de transgênicos, atrás apenas dos Estados Unidos. Segundo a ISAAA, o país plantou 25,4 milhões de hectares com transgênicos na temporada 2010/11. Para a próxima safra, estima a Céleres, a área chegará a 30,4 milhões de hectares.
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