Por Rafael Soriano
Da Página do MST
Na tarde do último domingo (01), os agricultores José Bigail (Dandara), Antônio Francisco e Wemerson Balbino, que vivem no acampamento Rosa Luxemburgo em Girau do Ponciano (AL), foram abordados e levados pela polícia, sob acusação de um fazendeiro que os associou a uma suposta queimada criminosa. Os trabalhadores voltavam a pé de uma confraternização no povoado Bacural quando foram acusados pelo vereador de Jaramataia Rubens Barbosa Rodrigues (PSDB), o "Rubinho", de atearem fogo em um terreno na região.
Uma faixa de terra de cerca de 30 metros rente à AL-220, pertencente a um assentamento criado pelo Banco da Terra, foi consumida pelo fogo no último domingo. O fazendeiro e representante do poder público Rubens Barbosa Rodrigues alega ter sido vítima de um incêndio criminoso em suas terras na última sexta-feira (30/12), distante cerca de cem metros do foco encontrado no domingo. Ironicamente, houve prisão “em flagrante” dos camponeses com base em duas testemunhas trazidas pelo acusador.
Os agricultores detidos relatam que o fazendeiro já vinha em busca de três homens naquele dia, um deles vestido com uma camisa amarela. Na delegacia, acusador e testemunhas mudaram de versão e identificaram os três Sem Terra como incendiários, mesmo sem nenhum deles usar camisa desta cor. O morador do lote atingido pelo incêndio do último domingo, José Honório, por sua vez, não manifestou qualquer queixa e não pretende se envolver no caso criado pelo vereador de Jaramataia. Dandara afirma: “somos inocentes!”.
Na volta de uma confraternização no primeiro dia do ano, os Sem Terra foram surpreendidos por uma abordagem truculenta da polícia. “Estávamos no lugar errado, na hora errada”, afirmou Wemerson. Segundo os detidos, os policiais, junto com o fazendeiro, chegaram aos gritos dizendo “deita no chão 'camboi' de vagabundo”, ao mesmo tempo em que os questionavam o porquê de terem feito aquilo – até de ladrão chamaram. Em condições humilhantes, os camponeses ficaram deitados por mais de 20 minutos, negando a participação em qualquer ocorrido.
A delegacia de Girau do Ponciano recebeu o caso e prontamente encaminhou a detenção dos três acusados. Quatro dias depois da detenção indevida dos agricultores, entretanto, a mesma delegacia ágil em dar procedimento à prisão ainda não encaminhou à justiça o caso, impedindo momentaneamente os Sem Terra até da possibilidade de um habeas corpus. “Há registro na polícia, mas para a justiça essa prisão ainda nem existe”, afirmou o advogado envolvido, que estuda um pedido de relaxamento de prisão em caráter emergencial.
Todos os abusos e desrespeitos aos direitos humanos relatados até aqui materializam uma visão secular da elite fundiária de Alagoas, que lega aos pobres o trato quase animalesco, ranço de uma tradição escravista que durou 4 dos 5 séculos da nossa História, separando com grande contraste senhores e cativos. Preconceito atualizado em nosso tempo quando direcionado ao povo Sem Terra, obrigado a lutar pela terra usurpada de suas gerações por séculos.
A tradição coronelista de cem anos atrás inspira os novos coronéis que se valem de abusos econômicos (diretamente ligados à posse da terra) e promiscuamente se escondem por trás da couraça dos mandatos eletivos, desta vez o de vereador. Perpetuam a truculência do crime de mando, da pistolagem, da coerção física, da compra dos poderes – relatos que assustam os menos avisados. Ao invés de propor alternativas concretas para o desenvolvimento agrário do seu município (Jaramataia), onde também há acampamentos, cumpre função inversa.
Da Página do MST
Na tarde do último domingo (01), os agricultores José Bigail (Dandara), Antônio Francisco e Wemerson Balbino, que vivem no acampamento Rosa Luxemburgo em Girau do Ponciano (AL), foram abordados e levados pela polícia, sob acusação de um fazendeiro que os associou a uma suposta queimada criminosa. Os trabalhadores voltavam a pé de uma confraternização no povoado Bacural quando foram acusados pelo vereador de Jaramataia Rubens Barbosa Rodrigues (PSDB), o "Rubinho", de atearem fogo em um terreno na região.
Uma faixa de terra de cerca de 30 metros rente à AL-220, pertencente a um assentamento criado pelo Banco da Terra, foi consumida pelo fogo no último domingo. O fazendeiro e representante do poder público Rubens Barbosa Rodrigues alega ter sido vítima de um incêndio criminoso em suas terras na última sexta-feira (30/12), distante cerca de cem metros do foco encontrado no domingo. Ironicamente, houve prisão “em flagrante” dos camponeses com base em duas testemunhas trazidas pelo acusador.
Os agricultores detidos relatam que o fazendeiro já vinha em busca de três homens naquele dia, um deles vestido com uma camisa amarela. Na delegacia, acusador e testemunhas mudaram de versão e identificaram os três Sem Terra como incendiários, mesmo sem nenhum deles usar camisa desta cor. O morador do lote atingido pelo incêndio do último domingo, José Honório, por sua vez, não manifestou qualquer queixa e não pretende se envolver no caso criado pelo vereador de Jaramataia. Dandara afirma: “somos inocentes!”.
Na volta de uma confraternização no primeiro dia do ano, os Sem Terra foram surpreendidos por uma abordagem truculenta da polícia. “Estávamos no lugar errado, na hora errada”, afirmou Wemerson. Segundo os detidos, os policiais, junto com o fazendeiro, chegaram aos gritos dizendo “deita no chão 'camboi' de vagabundo”, ao mesmo tempo em que os questionavam o porquê de terem feito aquilo – até de ladrão chamaram. Em condições humilhantes, os camponeses ficaram deitados por mais de 20 minutos, negando a participação em qualquer ocorrido.
A delegacia de Girau do Ponciano recebeu o caso e prontamente encaminhou a detenção dos três acusados. Quatro dias depois da detenção indevida dos agricultores, entretanto, a mesma delegacia ágil em dar procedimento à prisão ainda não encaminhou à justiça o caso, impedindo momentaneamente os Sem Terra até da possibilidade de um habeas corpus. “Há registro na polícia, mas para a justiça essa prisão ainda nem existe”, afirmou o advogado envolvido, que estuda um pedido de relaxamento de prisão em caráter emergencial.
Todos os abusos e desrespeitos aos direitos humanos relatados até aqui materializam uma visão secular da elite fundiária de Alagoas, que lega aos pobres o trato quase animalesco, ranço de uma tradição escravista que durou 4 dos 5 séculos da nossa História, separando com grande contraste senhores e cativos. Preconceito atualizado em nosso tempo quando direcionado ao povo Sem Terra, obrigado a lutar pela terra usurpada de suas gerações por séculos.
A tradição coronelista de cem anos atrás inspira os novos coronéis que se valem de abusos econômicos (diretamente ligados à posse da terra) e promiscuamente se escondem por trás da couraça dos mandatos eletivos, desta vez o de vereador. Perpetuam a truculência do crime de mando, da pistolagem, da coerção física, da compra dos poderes – relatos que assustam os menos avisados. Ao invés de propor alternativas concretas para o desenvolvimento agrário do seu município (Jaramataia), onde também há acampamentos, cumpre função inversa.
Fonte: Site do MST
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