Em um casamento que muitos diriam foi engendrado no inferno, os dois maiores produtores de agroquímicos do país somaram forças em uma parceria para reintroduzir o uso do herbicida 2,4-D, metade do infame desfolhante Agente Laranja, que foi usado pelas tropas norte-americanas para limpar as florestas durante a Guerra do Vietnã. Essas duas gigantes da biotecnologia desenvolveram um programa de administração de semente que, se for bem sucedido, será um grande passo na direção de dobrar o uso do herbicida nocivo no cinturão de milho dos Estados Unidos durante a próxima década.
O problema para os fazendeiros de milho é que as “super sementes” vem desenvolvendo resistência ao Roundup, herbicida campeão de vendas nos Estados Unidos, que é pulverizado em milhões de hectares do centro-oeste e em outros lugares. A Dow Agrosciences desenvolveu uma variedade de milho que ela diz que resolve esse problema. A nova variedade geneticamente modificada tolera o 2,4-D, que vai matar as ervas resistentes ao Roundup, mas deixará o milho em pé. Os fazendeiros que optarem pelo sistema terão que dar uma dose dupla a suas plantações, com o coquetel mortífero de Roundup mais o 2,4-D, ambos fabricados pela Monsanto.
Mas este plano alarmou os ambientalistas e também muitos fazendeiros, que relutam em reintroduzir um químico cuja toxicidade já foi muito bem documentada. O 2,4-D foi banido por vários países da Europa e em províncias do Canadá. Suspeita-se que a substância seja carcinogênica, e já foi provado, em um estudo conduzido pelo patologista Vincent Garry, da Universidade de Minnesota, que a incidência de defeitos de nascença dobra em filhos de aplicadores de pesticidas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário