quinta-feira

Coordenador da ASA reforça necessidade de fortalecer a água como direito humano

A reflexão sobre a água como direito humano, a serviço da humanidade e não como uma mercadoria, é um assunto que precisa ser reforçado durante os eventos realizados neste mês, por ocasião do Dia Mundial da Água, comemorado hoje (22). O alerta é do coordenador da Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA), Arivaldo Sezyshta, conhecido como Ary, que esteve na semana passada em Marselha, na França, representando a rede no Fórum Alternativo Mundial da Água.

Símbolo denuncia privatização da água | Foto: Arquivo Fame 2012
A preocupação com a privatização dos serviços de água e de saneamento, controlados pelas grandes empresas multinacionais e pelos governos, foi o principal debate do evento, que reuniu representantes de organizações e movimentos sociais de todo o País com o objetivo de apontar soluções para os problemas ocasionados pela crise mundial de água.

“Em muitos lugares ela [a água] foi privatizada, possuída, cercada, e está sob o poderio de uns poucos. Nesse sentido, exigir dos governos e dos organismos internacionais o reconhecimento e a aplicação concreta daquilo que a Assembléia Geral da ONU já o fez em 2010, que é o reconhecimento de que a água é um direito humano fundamental para todos os povos. Isso ficou de fora agora do Fórum Oficial da Água e corre o risco de ficar de fora da Rio + 20, mas não pode ficar de fora das nossas comemorações no Dia Mundial da Água”, reforça o coordenador. 

Outra questão importante destacada por Ary é a necessidade de continuar pressionando o governo a não apoiar, com recursos públicos, grandes empresas que privatizam a água. Pelo contrário, o documento final do Fórum Alternativo Mundial da Água, aponta para a necessidade de investir em experiências e práticas democráticas de uso sustentável da água. Nesse sentido, Ary destaca como exemplo o Programa de Formação e Mobilização Social para a Convivência com o Semiárido desenvolvido pela ASA.

“A ASA fala de uma experiência concreta de acesso à água, de garantia de direitos. Nesse sentido, nosso trabalho contribui, sobretudo, ao mostrar que é possível efetivar a garantia de direitos mesmo lá onde eles foram historicamente negados, cerceados, vilipendiados. Falamos de mudança de paradigma, de encantamento, de mobilização e participação social, de empoderamento das comunidades, do protagonismo das pessoas e do saber popular que, aliado às entidades de assessoria, produz libertação. Esse nosso discurso, justamente porque provém da prática, contribui em qualquer espaço do mundo para fazer valer todos os direitos”, diz Ary.

A experiência de captação de água de chuva desenvolvida pela ASA foi bastante elogiada no fórum. De acordo com Ary, alguns pesquisadores brasileiros que estão na França mostraram interesse em saber mais informações sobre os programas. Além de apresentar o trabalho da rede, o coordenador avaliou o evento como um espaço importante para conhecer e estreitar relações com outras organizações. “Gostei muito da experiência italiana. Eles acabam de realizar um referendo em nível nacional, contra a privatização da água. Em pouco tempo mobilizaram o país e recolheram as assinaturas necessárias para que houvesse o referendo, depois seguiram mobilizados para que as pessoas comparecessem, votassem e dissessem não à privatização da água”. 


Por: Gleiceani Nogueira - Asacom
Do Site da ASA - Brasil

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