quinta-feira

Mulheres Potiguares emitem carta que exigir políticas de convivência com o semiárido e que ponha o fim da opressão sofrida por elas.


À Presidenta Dilma Roussef
À Governadora Rosalba Ciarlini
Aos Prefeitos e Prefeitas Municipais
À População Nordestina


Com a seca não tem colheita nem na terra nem no mar.
 A folha que eu trouxe representa a seca do mar.
(Tatiane –Tibau/RN)

Nós, as mulheres, há muito tempo marchamos para denunciar e exigir políticas de convivência com o semiárido e que ponha o fim da opressão que vivemos por sermos mulheres.
Das nossas lutas feministas e das lutas dos demais movimentos socais nasceram experiências inovadoras de espaços de liberdade para nós mulheres, para nossas filhas e filhos, para todas as pessoas que depois de nós caminharão sobre a terra semiárida.
Estamos construindo um Nordeste no qual a diversidade é uma virtude; tanto a individualidade como a coletividade são fontes de crescimento; onde as relações fluem sem barreiras; onde a palavra, o canto, os sonhos e a caatinga florescem. Esse Nordeste considera a pessoa humana e os bens naturais como uma das riquezas mais preciosas. Um Nordeste no qual reinam a igualdade entre mulheres e homens, convivência com nossas condições climáticas, o respeito e fortalecimento de nossa cultura e a socialização do trabalho doméstico e do cuidado. Este Nordeste, nós somos capazes de construir, nós estamos construindo.
Somos mais da metade da humanidade. Damos a vida, trabalhamos, amamos, criamos, militamos, nos divertimos. Garantimos atualmente a maior parte das tarefas essenciais para a vida e a continuidade da humanidade. No entanto, em momentos críticos como esse período de estiagem continuamos sendo as mais atingidas, por sermos responsáveis por grande parte da produção mercantil e pela produção do viver.
Diante de todos os argumentos já apresentado na carta da ASA/Brasil, na carta do Campo Potiguar e pela nossa experiência como militantes, lutamos por um novo modelo de construção de políticas para o semiárido, tendo como referência a convivência com a situação climática.

Nós da Marcha Mundial das Mulheres reafirmamos que queremos construir um Nordeste onde a exploração, a opressão, a intolerância e as exclusões não existam mais; onde a integridade, a diversidade, os direitos e liberdades de todas e todos sejam respeitados; onde a condição climática não seja mais um meio para ampliar a exploração de homens e mulheres nordestinas. Para isso propomos:

  1. Fortalecer as experiências de convivência com o semiárido protagonizado pelas mulheres, como forma de se contrapor ao modelo de desenvolvimento disseminado pela economia verde;
  2.  Ampliação e desburocratização dos créditos com abate e reavaliação do saldo devedor; em especial o PRONAF Mulher e Apoio Mulher.

  1. Políticas públicas estruturantes que garantam o acesso à água, como a cisterna de placas, poços artesanais próximos aos quintais, entre outros;
  2. Resgatar o aprendizado das trabalhadoras e trabalhadores com a energia eólica adaptada, especificamente com cata-ventos, fundamentais para a produção dos quintais;
  3. Ampliação dos quintais produtivos que no momento de estiagem é a principal fonte de alimento familiar, bem como o programa PAIS para as diversas comunidades;
  4. Dentro do programa de construção de creches do governo federal, priorizar a construção de creches para o meio rural, como forma de socializar a tarefa do cuidado e garantir a alimentação das crianças no meio rural;
  5. Incluir como parte das necessidades imediatas da produção do viver, a limpeza da casa, banho das crianças e lavagem de roupa. Neste sentido, o programa 1 Terra  2 Águas deve considerar a produção e as tarefas do bem viver (cuidado com as pessoas);
  6. Ampliação do valor do Bolsa Família por tempo indeterminado até que cesse a estiagem;
  7. Fortalecer a autodeterminação econômica das mulheres com ampliação do acesso aos programas como POPMR, ATER Mulheres, PNDTR, PAA/Compra Direta;
  8. Readequar imediatamente a legislação para que as mulheres possam voltar a comercializar as polpas de frutas através do PNAE.

Marcha Mundial das Mulheres

Subscrevem essa carta:
Entidades que compõe a ASA- Potiguar:
Terra Viva
ATOS
Sertão Verde
COOPERVIDA
Centro Pedra de Abelha
Centro Feminista 8 de Março
Comissão Pastoral Terra

Comissões de Mulheres dos STTR
Comissão das Mulheres do STTR Apodi; Comissão das Mulheres do STTR Caraúbas; Comissão das Mulheres do STTR; Governador Dix-Sept Rosado; Comissão das Mulheres do STTR Baraúna; Comissão das Mulheres do STTR Felipe Guerra; Comissão das mulheres do STTR Upanema.

Rede Xique-Xique

COOTIPESCA

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