quarta-feira

Seca ameaça sementes crioulas no Semiárido


Guardadas em centenas de bancos de sementes, as espécies crioulas correm risco de virar alimentos, ameaçando a soberania, a identidade e a segurança alimentar e nutricional das famílias da região.
Por: Gleiceani Nogueira - Asacom
Recife - PE
Com a perda das plantações devido à seca, as espécies de sementes crioulas sofrem pressão para virar alimento. 

Com a seca prolongada que atinge o Semiárido, considerada a pior dos últimos 30 anos, surge a preocupação de que as sementes crioulas da região não cheguem ao próximo inverno. “Podemos perder anos e anos de trabalho”, alertou o coordenador da Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA), Naidison Baptista, no final do mês passado, no encontro das 16 novas entidades que vão executar o Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), em Camaragibe, Pernambuco.

As sementes crioulas, também chamadas de Sementes da Gente, Sementes da Paixão e Sementes da Resistência fazem parte da cultura e da tradição da agricultura familiar na região. São adaptadas às condições de clima e solo da região e são completamente naturais, ao contrário das sementes transgênicas produzidas por laboratórios multinacionais que dominam o mercado de produção de alimentos.
Com a falta de chuvas na região, os agricultores e as agricultoras perderam o que plantaram e com isso não conseguiram obter novas sementes para a próxima safra. O que existe está sendo cuidadosamente guardado pelas famílias na esperança de um bom inverno no ano seguinte. Mas, no decorrer desse período, há riscos dessas sementes se transformarem em alimento. 

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