sexta-feira

FOCAMPO: pela afirmação da VIDA no Semi Árido e o enfrentamento da SECA, sua indústria e seus (des) governos.


FÓRUM DO CAMPO POTIGUAR – FOCAMPO
ARTICULAÇÃO NO SEMIÁRIDO DO RIO G. DO NORTE – ASA POTIGUAR
PROVÍNCIA ELESIÁSTICA DE NATAL
(ARQUIDIOCESE DE NATAL – DIOCESE DE MOSSORÓ – DIOCESE DE CAICÓ)
ASSOCIAÇÃO DE IGREJAS EVANGÉLICAS - DIACONIA

À Presidenta Dilma Roussef
À Governadora RosalbaCiarlini
Aos Prefeitos e Prefeitas Municipais
ÀPopulação Norteriograndense

CARTA DO CAMPO POTIGUAR:
pela afirmação da VIDA no Semi Árido
e o enfrentamento da SECA, sua indústria e seus (des) governos

Natal, 24 de maio de 2012.

O grande problema não é a SECA,
mas a sua mesquinha indústria e suas CERCAS...

Vivemos hoje uma das piores secas dos últimos 30 anos de nosso semiárido brasileiro, que poderá, infelizmente, se prolongar até 2013. Dos 167 municípios potiguares, 139 já decretaram Situação de Emergência. Muitas das populações desses municípios, até mesmo em casos de alguns servidos por adutoras, estão passando sede até na zona urbana com o colapso de seus sistemas de abastecimento. Pais e mães de família estão saindo de suas comunidades rurais, de reconhecidas produções leiteiras, para fazer filas nas mercearias e prefeituras a fim de conseguir 1 litro de leite para seus filhos. Agricultores/as sem o que colher e criadores/as sem o que oferecer para seus animais tentam fazer algum dinheiro com a venda de uma cabeça de gado, por um terço do valor, e muitas vezes não acham quem a compre.
Numa avaliação unânime dos movimentos sociais do campo, é preocupante a falta de iniciativa própria do governo do RN. Percebemos a ausência de um plano de enfrentamento dos efeitos da seca (emergencial) e de convivência (estruturante e pedagógico) para a Agricultura Familiar e o semiárido, seus problemas e respectivas propostas de soluções às reivindicações apresentadas pelas representações dos trabalhadores/as. A postura é exclusivamente de pedir e esperar pelo governo federal. Nota-se a falta de planejamento, criatividade e postura pró-ativa!
Mediante este quadro emergencial de estiagem prolongada e de baixa resolutividade das autoridades públicas, no sentido de efetivar um diálogo produtivo com as representações da Agricultura Familiar e fazer acontecer medidas ágeis e eficazes, emergenciais e estruturantes, de enfrentamento aos efeitos cruéis da seca, o conjunto das Forças Sociais reunidas no Fórum do Campo Potiguar - FOCAMPO vem através desta Carta, abrir o diálogo com toda a sociedade norteriograndense e suas autoridades constituídas. Falamos em nome dos que mais sofrem com a seca, aqueles que têm suas VIDAS EM RISCO. Somos nós: agricultores e agricultoras, sem terra, igrejas, associações, sindicatos, federações de sindicatos, ongs, cooperativas... Povo de Deus calejado e organizado. Temos apreendido a respeitar e conviver com o nosso ambiente semiárido e seus ciclos de estiagem e queremos contar pra todo mundo: ‘o semiárido é lindo e passível de uma agricultura diversificada e sustentável. Nós já vivenciamos esta experiência sócio-ambiental há décadas, mas nos faltam acolhimento e apoio do Estado para universalizá-la’!
Há 10 anos atrás esta seca de hoje já teria se alastrado numa calamidade social de grandes proporções, de sede, fome e êxodo frenético para os grandes centros urbanos. Vivemos uma das maiores estiagens de nossa história e não estamos assistindo a cenas de desespero e saques de alimentos. Temos a convicção de que as experiências de convivência com o semiárido que, como sociedade civil organizada, conseguimos gerar e gerir, conquistar e difundir enquanto políticas públicas do Estado brasileiro, como o Programa 1 Milhão de Cisternas, efetivamente melhoraram as condições de vida e de produção das famílias camponesas e estão ajudando a fazer a diferença no enfrentamento deste início de seca. O que demonstra que a convivência com o semiárido e a superação das conseqüências da seca são possíveis, na medida em que há COMPROMISSO DE INVESTIMENTO DOS GOVERNANTES E ABERTURA PARA O DIÁLOGO E A ARTICULAÇÃO com as entidades organizadas do povo do semiárido, propondo e construindo alternativas apropriadas às realidades, às necessidades e às potencialidades das experiências já vividas por este povo.
Na contramão dessas experiências de produção agroecológica e convivência adequada com o ambiente semiárido, estão as propostas intervencionistas e excludentes das grandes monoculturas irrigadas de uso intensivo de agrotóxicos e a implantação das cisternas de plástico. A história dos Perímetros Irrigados nos moldes do atual Projeto do DNOCs para a Chapada do Apodi, comprova a completa inadequação social e ambiental desse modelo de produção e desenvolvimento para o nosso semiárido. As cisternas de plástico constituem-se num dos maiores equívocos do governo brasileiro. Trata-se de uma tecnologia extremamente cara, ineficiente, geradora de dependência externa e de lixo ambiental com extensão de impactos pelos próximos 500 anos. É muito importante destacar nesse momento crítico de seca que não é qualquer pseudo-solução exógena que vai promover o desenvolvimento, a justiça socioambiental e a qualidade de VIDA no campo que tanto almejamos e merecemos para todos e todas.
Assim, movidos por essa realidade adversa da atual estiagem; preocupados com a inoperância e as falsas soluções que permeiam os agentes do Estado; amparados na solidariedade das Igrejas Católica e Evangélica engajadas, e, principalmente, embasados nos processos e resultados animadores da experiência prática e teórica das tecnologias e metodologias socioambientais de agricultura familiar sustentável e convivência com o semiárido, já desenvolvido através da ASA Brasil, queremos chamar a atenção das autoridades e da sociedade potiguar para o que propomos:
1.  Ampliação da representação da sociedade no “Comitê Estadual da Seca” com a inserção de 05 novos legítimos representantes: igreja católica, igreja evangélica, ASA, FOCAMPO e MST;
2.  Divulgação e pressão popular sobre os municípios que ainda não implantaram suas Comissões Municipais de Defesa Civil, impedindo o acesso de seus agricultores a todos os repasses e ações de atendimento pelas políticas federais de emergência. Dos 139 em emergência, apenas cerca de 10 municípios concluíram os devidos procedimentos de habilitação;
3.  Abastecimento com água potável das 75 mil cisternas (P1MC) de consumo humano já construídas no estado;
4.  Abastecimento das 1.000 cisternas (P1+2) de água para produção já construída no estado;
5.  Liberação imediata pelo governo do RN de recursos próprios para complementação de R$ 280,00 (5 parcelas de R$ 56,00) por família a ser atendida pelo Bolsa Estiagem, de forma a equiparar às atendidas pelo garantia safra;
6.  Disponibilização pela CONAB para os agricultores familiares de um kit de ração animal composto por milho, trigo, babaçu, farelo de soja e torta de algodão ao preço de custo na fonte para salvação do rebanho;
7.  Criação de um Programa de Assessoramento Técnico, Gerencial e Pedagógico para a Gestão Produtiva dos Recursos Hídricos, a ser executado em sistema de co-gestão com a ASA Potiguar pelo período de 3 anos ininterruptos.
8.  Concretização dos compromissos assumidos pelo governo do estado perante as organizações dos trabalhadores do campo:
a.  Funcionamento autogestionário da Central de Comercialização nos próximos 30 dias
b.  Funcionamento de todos os escritórios da EMATER com o Programa Compra Direta nas próximas 02 semanas
9.  Revogação do Decreto do governo federal que desapropria terras de assentados da reforma agrária na Chapada do Apodi para instalação de Projeto de Perímetro Irrigado do DNOCS
10.  Não à instalação das Cisternas de Plástico no estado. Com os recursos públicos destinados a uma cisterna plástica dá pra construir 02 Cisternas com a tecnologia social da ASA e o mesmo volume d água.
11.  Que o Estado faça a instalação imediata de todos os poços perfurados, recuperação e manutenção dos existentes, perfuração e instalação de novos para garantir água aos animais e usos diversos para os agricultores familiares de todos os municípios do estado. Inclusive, disponibilizar os equipamentos e máquinas existentes no estado e municípios para os agricultores recuperarem seus açudes e fazerem poços amazonas.
12.  Que os Ministérios e órgãos competentes instituam um disque denúncia por onde os cidadãos possam denunciar possíveis práticas viciadas da antiga Indústria da SECA, de manipulação política e de enriquecimento ilícito com os recursos e ações de emergência para “o polígono das secas”
13.  Que o Tribunal Superior Eleitoral crie uma Campanha: “NÃO TROQUE SEU VOTO POR ÁGUA. ÁGUA É DIREITO SEU”. O Brasil tem o dever ético de não consentir que as medidas emergenciais da seca se transformem em instrumentos de moeda eleitoral e desvirtuação das eleições.
       Enfim, o que reivindicamos é que o agricultor familiar do semiárido potiguar precisa de justiça, solidariedade e respeito aos seus direitos e saberes. Que Nosso Senhor Jesus Cristo toque mais fundo o coração de nossos governantes para que acolham o clamor e as experiências de soluções apropriadas do Povo de Deus. Agora (na emergência da seca) e sempre (na estruturação de obras e processos pedagógicos de convivência com o semiárido).


Subscrevem este documento:
Arquidiocese Diocese de Natal
FETRAF
PASTORAL DA CRIANÇA
COOPERVIDA
ATOS
Pastor Airton Schroeder
SEAPAC
INST. CHAPÉU DE COURO
TECHNE
SAR
ASA Potiguar
TERRA VIVA
RENAP
SERTÃO VERDE
SAUR
FETARN
AACC
DIACONIA
PA Laje do Meio
CEAAD
MST
CPT
STTR de Passa e Fica
PASTORAL DO IDOSO
CUT-RN
STR de Apodi
COOPERCACHO




quinta-feira

FETRAF ocupa Ministério da Fazenda para denunciar "descaso do governo federal"


Da Página da Fetraf-Brasil
Com 400 agricultores familiares da Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Fetraf) ocuparam o Ministério da Fazenda, na manhã desta quarta-feira (23/5).
Os camponeses denunciam o descaso do governo federal na 8º Jornada Nacional de Lutas da Agricultura Familiar.
"Nas negociações iniciadas na primeira semana de maio, nada de concreto às reivindicações foram apresentadas e os ministérios de centro do governo como Planejamento, Casa Civil e Fazenda nem o compromisso de atender aos trabalhadores em audiências cumpriram", diz nota da federação.
Para a Fetraf, o governo federal trata de forma diferenciada a agricultura familiar e a indústria, que foi comtemplada em abril com um pacote de medidas para fortalecer o setor.
"Por que essa diferenciação com o setor responsável por 70% dos produtos que alimentam a população. Garantir o alimento na mesa dos brasileiros não é tão importante quanto assegurar lucros para outros setores?", pergunta a Fetraf, em nota.
Abaixo, leia a nota da Fetraf.

 

DESCASO DO GOVERNO FEDERAL GERA INDGNAÇÃO NOS AGRICULTORES FAMILIARES

O tratamento do governo federal aos trabalhadores da agricultura familiar durante o processo da Jornada Nacional de Lutas da FETRAF-BRASIL causa indignação na categoria.

Nas negociações iniciadas na primeira semana de maio, nada de concreto às reivindicações foram apresentadas e os ministérios de centro do governo como Planejamento, Casa Civil e Fazenda nem o compromisso de atender aos trabalhadores em audiências cumpriram.

Este ano, a FETRAF-BRASIL apresentou e propôs ao governo nova metodologia a ser desenvolvida durante o período de negociação.

Desde março a entidade já dialogava com representantes das pastas de governo sobre a importância das reuniões ocorreram de forma integrada com ministérios de áreas afins.

Divididas em blocos as audiências ocorreriam com a participação de todos os atores para solucionar problemas, tais como, a estiagem no Sul e no Nordeste; o acesso à terra; a reformulação na política de crédito necessária para que os brasileiros possam continuar a se alimentar com a agricultura familiar tendo condição para produzir, assistência técnica, etc.

Entretanto, apenas discursos que induziam nossa categoria a se conformar com os avanços obtidos nos últimos anos no que se refere às políticas públicas de fortalecimento da agricultura familiar, fomento à organização produtiva, aumento de crédito, entre outros, foram entoados neste processo.

Se o Brasil é referência no âmbito da segurança alimentar e nutricional pelo desenvolvimento de políticas intersetoriais, os movimentos sociais representativos dos trabalhadores na agricultura familiar e a agricultura familiar em si, como atividade econômica, são corresponsáveis por isso.

Em todos os espaços, nacionais e internacionais, o governo brasileiro afirma e diz reconhecer o papel estratégico da agricultura familiar, tanto como modelo de produção a ser desenvolvido, quanto por seu potencial produtivo, mas na prática isso não passa de discurso.

À indústria, o governo federal concede um pacote de medidas que inclui exonerações e diminuição de impostos para exportadores e uma redução de até 20% das contribuições patronais sobre salários, por um valor estimado de R$ 7,2 bi por ano; um plano de compras governamentais que favorecerá a aquisição de produtos nacionais até 25% mais caros que os importados, em setores como máquinas de construção e medicamentos, sendo R$ 2 bi de estímulo.

E, uma capitalização do Banco de Desenvolvimento, (BNDES), de R$ 45 bi, para assegurar a capacidade de financiamento à indústria e os exportadores.

Mas e à agricultura familiar? 

Por que essa diferenciação com o setor responsável por 70% dos produtos que alimentam a população. Garantir o alimento na mesa dos brasileiros não é tão importante quanto assegurar lucros para outros setores? 

Os agricultores familiares do Brasil estão indignados.

Nesta semana, milhares de agricultores familiares de todo o Brasil realizam mobilizações. Os estados do Rio Grande do Norte, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Bahia, Pernambuco cobram respostas dos governos estadual e federal.

Em Brasília, na Esplanada dos Ministérios, agricultores familiares estão mobilizados para exigir respeito e medidas efetivas para os trabalhadores do campo.

FETRAF-Brasil

segunda-feira

Alimentada pela escassez, "indústria da seca" fatura com a estiagem no Nordeste.


A seca no Nordeste é sempre sinal de sofrimento para o sertanejo. Mas a falta de chuva também movimenta o meio político e o comércio das cidades atingidas pela estiagem. A chamada “indústria da seca” fatura alto com a falta de alimentos para os animais e de água para os moradores.
O exemplo mais conhecido no sertão –e relatado por diversos moradores ao UOL–  é o uso político na distribuição dos carros-pipa, marca registrada do assistencialismo simples. Segundo os relatos, alguns políticos visitam as comunidades e se apresentam como “responsáveis” pelo envio da água. Os moradores também reclamam da alta nos preços de serviços e alimentos para os animais.
“A prefeitura nos ajuda muito, nos mandando água por carros-pipa. Às vezes demora, mas sempre vem”, conta a agricultora Maria Gildaci, 66, de Tacaratu (PE), sempre citando que o prefeito é "quem manda" o carro para a sobrevivência dela e da família, que vive em uma pequena casa no sítio Espinheiro. 
Falas como a Gildaci, agradecendo os políticos, são comuns, mas a prática está sendo combatida por organizações do semiárido. “Água é um direito, não é dada de favor. Agricultores relatam com frequência que vereadores se apresentam trazendo carros-pipa e que prefeitos estão se utilizando disso para as eleições. Estamos fazendo levantamentos e vamos tentar identificar onde isso está ocorrendo para tomarmos providências”, afirma o coordenador da ASA (Articulação do Semiárido), Naidson Batista.
Para Batista, o uso político da água é histórico no Nordeste, mas vem perdendo força nos últimos anos. “A indústria da seca, na história brasileira, é um instrumento de alguns, em detrimento de outros, para aumento de poder econômico, político ou social de determinado grupos. Embora ela venha perdendo força, não seria possível erradicar uma prática de 400 anos em apenas 10”, afirma.
Segundo o coordenador, os investimentos cobrados, como poços, barragens e cisternas, não foram feitos a contento ao longo dos anos, o que facilitou a política assistencialista. "Isso faz parte da indústria da seca, pois deixa o sertanejo vulnerável, à espera sempre de ações emergenciais."
O diretor do Polo Sindical do Médio São Francisco da Fetape (Federação dos Trabalhadores em Agricultura de Pernambuco), Jorge de Melo, também relata que políticos e fazendeiros ainda se aproveitam da seca para lucrar. “É só começar a escassez de alimentos para ter gente aumentando o preço das coisas. É o que chamam da lei da oferta e procura. Além disso, há um claro uso político, que vem sendo combatido e está enfraquecendo, mas ainda existe no sertão”, diz.
Para tentar reduzir o desvio político da água, o governo de Pernambuco anunciou, na última quarta-feira (16), que os carros-pipa contratados pelo Estado serão equipados com GPS e terão fiscalização dos conselhos de desenvolvimento dos municípios –que ficarão responsáveis por enviar relatórios mensais sobre o cumprimento dos cronogramas.

Ganho econômico

Além do uso político, muitos setores da economia também faturam com a venda de produtos. Um dos exemplos é a palma (espécie de cacto que serve de alimento para o gado). Segundo os moradores, o preço da tarefa de palma (equivalente a uma área plantada de 3.053 m²), que antes da estiagem ficava em torno de R$ 1.200, hoje chega a custar até R$ 2.500 em algumas localidades de Alagoas e Sergipe.
“Quem tem sua palma plantada para os seus animais não quer vender. Agora a seca é boa para aqueles que plantam a palma como investimento e estão vendendo mais caro e lucrando muito”, citou o produtor Vilibaldo Pina de Albuquerque, de Batalha (AL).
O carro-pipa também é um negócio rentável. Os preços cobrados pelos “pipeiros” no sertão inflacionaram com a seca. “Existe, e muito, a indústria da seca. Um exemplo: antes, a prefeitura contratava um carro-pipa por R$ 100 para lavar o matadouro. Hoje, para o sujeito trazer a mesma quantidade de água ele obra R$ 200. E olhe que o preço do combustível não subiu e ele pega água no mesmo lugar”, afirma o secretário de Infraestrutura de Batalha (AL), Abelardo Rodrigues de Melo.
Em Sergipe, os investidores estão comprando carros-pipa para ganhar dinheiro. “Hoje, quem tem um dinheiro sobrando está comprando um carro-pipa para distribuir água. Demanda é o que não falta. Aqui estamos precisando de mais, mas não há”, diz o coordenador da Defesa Civil de Poço Redondo (SE), José Carlos Aragão. "E o carro-pipa não é a solução, e só uma política emergencial. Hoje você leva a água, amanhã já precisa de novo. É um investimento de curta duração."
Na cidade sergipana –a mais afetada do Estado, com 15 mil pessoas atingidas pela estiagem--, o movimento de carros-pipa é intenso e atua em diversos setores da economia. Na oficina de Antônio Rodrigues, cresceu a procura por consertos dos caminhões. “Hoje 30% do que faturo é com esses carros. Contratei até uma pessoa para me ajudar, porque a procura é grande e tem caminhão aqui todo dia. Queria não ter mais esse serviço, que aqui chovesse e o povo parasse de sofrer. Mas estou trabalhando dignamente.”
Fonte: Site UOL



Pobreza rural: um fenômeno histórico relacionado à estrutura agrária do país.



Por Lauro Mattei
Da Carta Maior


O Brasil apresenta marcas históricas que remontam ao processo colonizador, o qual destinou a esse espaço geográfico, por vários séculos, apenas a função de produção e suprimento de bens primários necessários ao atendimento dos interesses da metrópole lusitana. Tal lógica colonizadora, além de formar e estabelecer uma estrutura econômica voltada ao exterior, deixou marcas sociais que ainda estão presentes nos dias atuais. Dentre essas marcas, destacam-se a pobreza, a concentração de renda e a exclusão social.

Por isso mesmo, a pobreza não é um fenômeno novo, nem no país nem no continente latino-americano. Todavia, ela mostrou ser mais consistente nas últimas décadas do século XX quando crises econômicas afetaram a maioria dos países da região latino-americana. A partir de então, percebe-se que, além das deficiências estruturais do modelo de desenvolvimento econômico regional, os problemas sociais tornaram-se obstáculos reais para conformação de sociedades mais justas e democráticas.

Do ponto de vista econômico, o dinamismo ocorrido no Brasil durante a vigência da industrialização do país (décadas de 1940 a 1970) se esgotou rapidamente, impactando negativamente os agregados macroeconômicos, especialmente o nível de renda per capita, que passou a apresentar uma trajetória de queda, e bem como o próprio mercado de trabalho, cujas taxas de desemprego e de informalidade se expandiram fortemente durante as duas últimas décadas do século XX. Esses fatos, somados ao histórico processo de concentração da renda, agravaram ainda mais as já precárias condições de vida da população em todas as regiões do país.

Do ponto de vista social, nas últimas décadas do século XX ocorreu um forte crescimento dos índices de pobreza e de miséria em todo o país. Aliados à natureza estrutural da exclusão social, têm-se, ainda, os efeitos perversos dos programas de estabilização econômica, os quais agravaram as condições do mercado de trabalho, levando ao aumento das taxas de desemprego, à expansão da informalidade e à redução dos salários básicos, bem como estimularam a continuidade dos deslocamentos populacionais, provocando o inchaço das grandes metrópoles urbanas, que passaram a concentrar a maior parte da população do país. Com isso, a partir da década de 1990, o número absoluto de pobres vivendo nas cidades – e especialmente nas áreas metropolitanas – superou pela primeira vez o número de pessoas pobres que vivem nas áreas rurais.

sábado

Apodi se prepara para a cúpula dos povos


Comissão de Jovens do Sindicato dos Trabalhadores e das Trabalhadoras Rurais de Apodi discute participação na Cúpula dos Povos, durante a Rio + 20

No dia 16 de maio, a Comissão de Jovens do STTR de Apodi debateu sobre a Cúpula dos Povos por Justiça Social e Ambiental, que realizar-se-á durante os dias 15 a 23 de junho, na cidade Rio de Janeiro.

Inicialmente foi feito a apresentação da proposta da Cúpula por Lidiane Xavier, que é do Centro Feminista e militante da Marcha Mundial das Mulheres. A Cúpula dos Povos é um processo organizado pelo conjunto de movimentos, organizações, sindicatos e indivíduos de todo o mundo paralelo à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (UNCSD), mais conhecida como Rio+20. A Cúpula é resultado da crítica à pauta prevista para a Rio +20, baseada na “economia verde” como resposta à crise ambiental. Segundo Lidiane, “essa crise não é apenas ambiental e sim uma crise do sistema capitalista. Para superar essa crise o mercado oferece falsas soluções, tais como o mercado de carbono, que movimenta em torno de 140 bilhões de dólares por ano”. Essa grande ação será um momento para evidenciar às críticas ao modelo, mas também um espaço de construção de alternativas e troca de experiências baseadas na igualdade, liberdade, em culturas livres e digitais, na economia solidária e feminista. Para isso terá a Assembleia Permanente dos Movimentos e a construção do espaço Territórios do Futuro. Toda a ação será organizada a partir de três eixos: denúncia das causas estruturais das crises, das falsas soluções e das novas formas de reprodução do capital, soluções e novos paradigmas dos povos e estimular organizações e movimentos sociais a articular processos de luta anticapitalista pós-Rio+20.

Seguindo esse momento de apresentação o grupo definiu a realização de oficinas nas comunidades e assentamentos para mobilizar a juventude e multiplicar os conhecimentos e conteúdos da Cúpula, o que permitirá que jovens que não participarem do evento também possam contribuir com o debate. Será o total de 10 oficinas com a participação de aproximadamente 30 comunidades, mobilizando uma média de 250 jovens rurais de todo o município de Apodi, que atende ao chamado de ‘reinventar o mundo’.

Saiba você também como participar da Cúpula dos Povos e também reinventar o mundo:http://cupuladospovos.org.br

Fonte: CF8

quinta-feira

Agricultores e agricultoras mobilizados.


Agricultores de Apodi articulam pauta reivindicação para período de estiagem.






Articulados pelo Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Apodi, a partir da deliberação da reunião do Fórum das Associações, aproximadamente  150 trabalhadores (as) rurais da região da areia se reuniram na tarde desta quarta feira (16), na sede da Associação do Sítio Córrego para debaterem a atual situação que vem passando a população rural do nosso município. Estiveram presentes diversas comunidades da região tais como: Córrego I, Córrego II, Urbano, Floresta, Retiro, Lagoa Amarela, Lagoa do Mato, Barra e Santa Isabel, além de representantes do STTR e da CPT.    Inicialmente a representante da Associação do Córrego, a companheira Zilma,  colocou os objetivos que levaram a convocação desta reunião, enfatizando o debate ocorrido na última reunião do Fórum das Associações onde se constatou a gravidade da situação em virtude da estiagem que assola o semi-árido brasileiro e a inércia dos governos frente ao problema. O Presidente do STTR Apodi, companheiro Francisco Edilson, lembrou da importância da mobilização social na busca por soluções dos problemas vivenciados pelos agricultores e agricultoras. Destacou que só unidos é que os agricultores e agricultoras irão conseguir soluções para a situação. Já Antonio Nilton Junior (Junior da CPT) que esteve representando a Comissão Pastoral da Terra, lembrou que a questão da seca no Nordeste é um fenômeno previsível e que não dar mais para aceitar a falta de políticas públicas de convivência com o semi-árido. Destacou ainda as ações desenvolvidas pela ASA - Articulação Semi-Árida quem vem conseguindo minimizar o sofrimento da população rural. Os agricultores e agricultoras presentes fizeram um retrato da situação e apontaram várias propostas para amenizar o sofrimento, entre elas, um crédito especial para aquisição de ração animal, que a CONAB coloque a disposição dos pequenos produtores estoque de milho com preço subsidiado, ampliação do programa de cisternas de placas como também do P1+2, perfuração de poços tubulares, construção de barragens subterrâneas, dispensa da conta de energia dos pequenos produtores como incentivo a produção agrícola, além de outras. 
No final o Presidente do STTR, o companheiro Francisco Edilson, lembrou que essa discussão estará acontecendo em outras comunidades pólos como Sítio do Góis (18/05), Baixa Fechada (20/05), Aurora da Serra (22/05) e Santa Cruz (23/05). Lembrou também que no dia 05 de junho representantes de todas essas comunidades irão se reunir no auditório do STTR para socializar as discussões e encaminhar as deliberações. Segundo Francisco Edilson não estar descartado a possibilidade de uma grande mobilização em Apodi no sentido de chamar a atenção dos governos Municipal, Estadual e Federal para a gravidade da situação.

Por Agnaldo Fernandes
Colaboração: Júnior da CPT.

A Transposição e a Seca.


Pode parecer uma atitude menor de nossa parte reiterar críticas à Transposição nesse momento de seca, afinal, o sofrimento das pessoas e dos animais é infinitamente mais relevante que nossas divergências sobre determinadas obras.

Entretanto, é exatamente em função desse sofrimento, e da busca incessante para encontrar caminhos de solução, que esse debate mais uma vez se coloca na ordem do dia.

Ninguém acaba com a seca. Ela é um fenômeno natural e normal da região semiárida. Portanto, essas matérias sensacionalistas que gostam de falar de “terra esturricada, mata morta, animais morrendo”, revelam ignorância a respeito da região. Ela é assim e assim será. Por isso os índios já chamavam essa mata de “caatinga”, que quer dizer exatamente “mata branca”. Nada está morto, ao contrário, a caatinga hiberna, adormece para enfrentar um período sem chuva. Com as primeiras chuvas tudo volta à vida. Apenas o ser humano e os animais, trazidos de fora, não hibernam. Esses precisam comer e beber, enquanto a natureza se defenda por conta própria.

Mas, se a natureza não muda – a não ser por uma profunda mudança no clima global -, a infraestrutura para adequar o ser humano a essa realidade precisa ser mudada. Essa é a única saída inteligente. Costumamos repetir que os povos do gelo aprenderam a viver com o gelo, os povos do deserto aprenderam a viver no deserto, e que nós já deveríamos ter aprendido a conviver com o semiárido. Essa cultura inovadora está em construção, mas sofre resistências terríveis de quem aprendeu a ganhar poder e riqueza às custas da miséria do povo.

Para quem se lembra, o grande argumento governamental – de marketing – para bancar a Transposição era a proposta de abastecer 12 milhões de pessoas com água potável. Para tal, cunhou-se a divisão do semiárido brasileiro entre “Nordeste Setentrional” e o resto do “Nordeste”. Assim, induzia os incautos a pensarem que o semiárido está restrito ao Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. Ainda mais, governo e parte da mídia, por desconhecimento ou interesses escusos, afirmavam que a Transposição iria levar água para o “semiárido”, desconhecendo totalmente a pertença da Bahia, Sergipe, Alagoas, Piauí, Maranhão e Norte de Minas ao mesmo semiárido.

Essa seca matou o argumento oficial. A seca começou em território baiano, onde qualquer estudante de geografia do Brasil, ensino primário ou médio, sabe que estão 40% do semiárido brasileiro. A Transposição, mesmo que funcionasse ou venha funcionar um dia, aponta na direção exatamente contrária ao território baiano. Aponta para Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte.

Dr. Manoel Bonfim Ribeiro, por quase uma década diretor do DENOCS, costuma dizer que as águas estocadas na Bahia cabem num único açude do Ceará. Para se ter uma idéia mais precisa, dos 36 bilhões de metros cúbicos de água que podem ser estocados no semiárido, 28 bilhões estão no Ceará. A Bahia possui capacidade para estocar apenas um bilhão de metros cúbicos.

A Transposição continua semiparalisada, a um custo que já supera oito bilhões de reais, sem por uma gota d’água a quem quer que seja. Ao contrário, destruiu açudes e cisternas por onde os canais já passaram, aumentando a penúria da população que esperava aquela água como redenção de suas vidas.

Para completar, o próprio Dr. Bonfim afirma que precisamos fazer a distribuição da água estocada nos açudes. Afinal, segundo informações recentes do governo cearense, os açudes da região estão em média com 70% de sua capacidade abastecida. Portanto, não falta água, falta distribuição. Para ele, temos apenas uma rede de cinco mil km de adutoras no semiárido, quando precisaríamos de 25 mil km para democratizar a água para o meio urbano. Segundo a Agência Nacional de Águas, 1700 municípios do Nordeste precisam de adutoras ou serviços de água para não entrarem em colapso hídrico até 2025.

Já expusemos à exaustão que essa seca, terrível em termos de diminuição das chuvas, mas prevista no clico das secas, ao menos não fará vítimas humanas na extensão daquela de 1982. A perda de safra e animais ainda é inevitável.

Continuaremos defendendo uma proposta sistêmica para todo semiárido, sem exclusões. O caminho é a convivência com esse ambiente, através de uma imensa malha de pequenas obras – se não fossem as cisternas para beber e produzir nesse momento, ainda que seja como depósito de água de pipas, o povo estaria bebendo lama de barreiros -, da agroecologia adaptada, da criação de animais resistentes ao clima, da apicultura, da garantia da terra aos agricultores, assim por diante. Para o meio urbano, a democratização da água através das adutoras, priorizando o abastecimento humano e a dessedentação dos animais.

Temos todos os meios nas mãos. Faltam estadistas que conduzam e aprofundem a revolução na relação com o semiárido. Quando assim for, secas serão apenas fenômenos naturais, não mais tragédias sociais.
 Por Roberto Malvezzi (Gogó)

quarta-feira

"Agronegócio é combinação de tecnologia com trabalho escravo", avalia João Paulo.


Por: Virginia Toledo
Da Rede Brasil Atual


Com a negativa da bancada do agronegócio na Câmara em votar a PEC 438/2001, mais conhecida como PEC do Trabalho Escravo, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) lamenta o fato de os parlamentares envolvidos desviarem o foco da punição ao trabalho degradante para questões envolvendo as propriedades rurais e a reforma agrária.

"A aprovação da PEC não é um oportunismo para querer discutir reforma agrária, nós queremos discutir trabalho decente. O agronegócio brasileiro é uma combinação extremamente estúpida, representando, de um lado, o avanço das tecnologias adotadas no campo, e de outro, o uso do trabalho escravo", ressaltou João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do MST.

O deputado Valdir Colatto (PMDB-SC) defendeu que a proposição da PEC tem o intuito de se expropriar a terra e "livrar o governo da demanda da reforma agrária". Colatto considera que as desapropriações vão suprir o que deveria ser de responsabilidade do governo – o assentamento de famílias sem-terra.

Com dois adiamentos seguidos, a votação da PEC foi remarcada para o próximo dia 22, resultado de um acordo polêmico entre a bancada ruralista e o presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS). Os ruralistas mantiveram propositadamente baixo o quórum para que o governo corresse o risco de ser derrotado após oito anos da proposta "engavetada".  Para João Paulo, a bancada do agronegócio fará de tudo para que a PEC não seja votada "porque os deputados não querem se constranger, nem votando contra nem a favor", disse.

"Eles não vão deixar que a votação aconteça. Porque qualquer que seja o resultado da votação vai ser ruim para eles. Se votarem a favor, a PEC será aprovada. E se votarem contra, a opinião pública vai toda contra eles", ponderou o dirigente do MST.

Força ruralista

Para o deputado Ivan Valente (PSOL-SP), o governo federal, ao não investir na questão do Código Florestal e não enfrentar a bancada ruralista no relatório inicial, deixou que os deputados criassem asas. "Estão se sentindo fortes, uma bancada suprapartidária, acima da discussão de governo e oposição, e muito acima da quantidade de deputados de qualquer bancada."

Ivan refere-se à derrota do governo na votação do projeto que modifica o Código Florestal. Na ocasião, o relatório de autoria do deputado Paulo Piau (PMDB-MG), mesmo sendo alvo de crítica do governo, foi aprovado com ampla maioria pelos parlamentares, representando um desconforto para o Palácio do Planalto, que defendia a aprovação do relatório escrito e aprovado pelo senadores no ano passado.
Fonte: Site do MST

Brasil usa 19% dos agrotóxicos produzidos no mundo, diz diretor da Anvisa.


O diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), José Agenor Álvares da Silva, afirmou que o País é responsável por 1/5 do consumo mundial de agrotóxicos. O Brasil usa 19% de todos os defensivos agrícolas produzidos no mundo; os Estados Unidos, 17%; e o restante dos países, 64%.
Ele citou pesquisa segundo a qual o uso desses produtos cresceu 93% entre 2000 e 2010 em todo o mundo, mas no Brasil o percentual foi muito superior (190%).
Segundo o diretor da Anvisa, existem atualmente no País 130 empresas produtoras de defensivos agrícolas, que fabricam 2.400 tipos diferentes de produtos. Em 2010, foram vendidas 936 mil toneladas de agrotóxicos, negócio que movimenta US$ 7,3 bilhões.

Silva participa de debate da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, no Plenário 14.


sexta-feira

A quem serve o discurso da "Indústria da Seca"?


Agnaldo Fernandes - Agricultor Familiar
(Formado em Geografia) 
Indústria da seca” é um termo utilizado para designar a estratégia de alguns políticos que aproveitam a tragédia da seca na região Nordeste do Brasil para ganho próprio. O termo começou a ser usado na década de 60 por Antônio Callado que já denunciava no Correio da Manhã os problemas da região do semi-árido brasileiro.
Os problemas sociais no chamado “polígono da seca” são bastante conhecidos por todos, mas nem todos sabem que não precisava ser assim. A seca em si, não é o problema. 
A seca é um fenômeno natural periódico que pode ser contornada com o monitoramento do regime de chuvas, implantação de técnicas próprias para regiões com escassez hídrica ou projetos e outras alternativas que possibilite o homem do campo conviver com este fenômeno. Porém, a maioria dos projetos executados para anemizar os efeitos da estiagem são frequentemente utilizados para encobrir desvios de verbas em projetos superfaturados ou em troca de favores políticos.
Os “industriais da seca” se utilizam da calamidade para conseguir mais verbas, incentivos fiscais, concessões de crédito e perdão de dívidas valendo-se da propaganda de que o povo está morrendo em estado de miséria. Enquanto isso, o pouco dos recursos que realmente são empregados  nos devidos fins, torna-se inútil quando estes utilizados nas famosas "Frentes de Trabalho", onde estes são destinados a construções em propriedades privadas de grandes latifundiários que os usam para fortalecer seu poder ou então, quando por falta de planejamento adequado, se tornam imensas obras ineficazes.
O Açude do Cedro, em Quixadá (CE), é frequentemente utilizado como referência para descrever este tipo de empreendimento da indústria da seca: com capacidade para aproximadamente 126 milhões de m³, foi construído em pedra talhada à mão, com esculturas e barras de ferro importadas, mas que chegou a secar completamente no período de 1930 a 1932, durante um dos piores períodos de seca enfrentados pela região, ou seja, quando mais se precisava dele. Mais uma obra faraônica, na longa história de projetos faraônicos da indústria da seca. É claro que hoje a obra constitui um patrimônio histórico e cultural importante, mas é como distribuir talheres de prata para quem não tem o que comer.
E a história se repete em mais um ano de grande seca no Nordeste. A Transposição do Rio São Francisco é um dos pontos principais da campanha do governo atual e é uma questão mais que polêmica. De um lado estão aqueles que defendem que a obra é legítima e poderá acabar com a seca do nordeste (senão todo, pelo menos grande parte dele). E de outro aqueles que defendem que a obra é mais um fruto da indústria da seca e que além de não resolver o problema, ainda pode agravá-lo ao alterar todo regime hídrico da região e pôr em risco um dos patrimônios naturais mais importantes do Brasil colocando em risco a sobrevivência do próprio rio. 
Particularmente prefiro ficar com a última conclusão, pois "megas-projetos" nesse Brasil já mais beneficiou a quem realmente merece tal benefício, isso é uma demonstração de que o discurso da "Industria da Seca" está fadado, e que este só tem beneficiado a Classe "politiqueira" desse país. 
Assim a situação segue. Perpetuada antes pelo fenômeno político da chamada “indústria da seca” do que pelo fenômeno natural da “seca” em si, a tragédia que atinge grande parte da região nordeste brasileira e parte da região norte de Minas Gerais costuma ser utilizada (e supervalorizada) para justificar a fome e o subdesenvolvimento econômico e social da região que são, nada mais, do que o reflexo de uma administração duvidosa que faz fracassar qualquer tentativa de reverter este quadro com o intuito de fazer perdurar o modelo de poder vigente.
Texto extraído do Site http://www.infoescola.com
Com adaptações de Agnaldo Fernandes.

quinta-feira

Produção de caju e mel terá queda de 80%


A escassez de chuvas já compromete pelo menos 70% das produções da cultura do caju no Rio Grande do Norte. Na região de Serra do Mel, maior produtor do Estado, a estiagem afetará uma média de 30 mil hectares de cajueiros, praticamente neutralizando a indústria da amêndoa de castanha. Além disso, a falta de safra atingirá milhares de trabalhadores braçais que dependem desse serviço nos períodos de agosto a dezembro, quando acontece a safra do caju.
De acordo com a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Norte (FETARN), como não houve inverno regular, não existirá floração dos cajueiros. Sem chuva é possível que muitas árvores venham a morrer, ampliando ainda mais o prejuízo dos fazendeiros. Segundo o coordenador da entidade, Manoel Cândido, esse problema afeta ainda o projeto de revitalização da cajucultura no Estado, que vem sendo feita aos poucos pelos próprios produtores.
A diminuição da oferta de castanha acabará fechando as minifábricas de beneficiamento do produto que não possuírem estoque e obrigará os grandes produtores a importarem castanha de outros países. Estima-se que as empresas tenham que importar, até setembro, em torno de 100 mil toneladas da África
Ontem, chegou ao Ceará, pelo porto de Pecém, o primeiro navio de castanhas "in natura" importadas da África. Aproximadamente quatro mil toneladas foram enviadas da Costa do Marfim. O carregamento vem para ajudar a suprir a demanda, já que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa de safra para este e o próximo ano será de apenas 302 mil toneladas que não atendem a capacidade instalada das indústrias nacionais.

Mel
Pior que a castanha está a situação do mel. De acordo com a Cooperativa de Apicultura do Rio Grande do Norte (COOPAPI), a perda deste ano já chega a 80% e pode piorar se não chover entre os meses de maio e junho, para segurar uma floração secundária. Por todo o sertão, as abelhas estão debandando, comprometendo qualquer colheita futura.
A Cooperativa esperava uma safra de 200 toneladas de mel para este ano, mas até agora só entregaram 35 toneladas do produto. Segundo o tesoureiro Ismael da Costa, 215 famílias ficarão sem a renda do mel. "Nossa alternativa agora é trabalhar com os produtos da agricultura irrigada para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) que atende a poucas famílias", finaliza.

Fonte: Jornal de Fato

Ruralistas não aceitam nem sequer o fim do trabalho escravo


Por Daniel Santini
Da Repórter Brasil


A votação da Proposta de Emenda Constitucional 438/2001, a PEC do Trabalho Escravo, foi adiada para o próximo dia 22. A decisão foi tomada na noite desta quarta-feira, 9 de maio, pelo presidente da Câmara dos Deputados Marco Maia depois de pedido feito por Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que alegou acreditar que não haveria segurança de uma vitória caso o tema fosse colocado em votação. A votação ficou para dia 22, data sugerida pelo deputado que fez a solicitação. A bancada ruralista, que chegou a negociar um acordo com o governo, fez forte oposição ao novo instrumento de combate ao trabalho escravo proposto e conseguiu esvaziar a votação.

Apesar de haver quórum, com 338 presentes quando a sessão extraordinária começou, Maia aceitou a sugestão após pedir para que os líderes se manifestassem sobre o tema. Todos os partidos concordaram com o adiamento, com exceção do PSOL. Os ruralistas adotaram como estratégia aproveitar para negociar mudanças profundas quando o texto for para o Senado e usar a PEC 438 para tentar descaracterizar o que é a escravidão contemporânea. Eles devem aproveitar a votação para tentar propor uma nova lei para redefinir o crime.

A despeito de tal crime já estar tipificado no artigo 149 do Código Penal, de o conceito estabelecido estar detalhado na lei, de ter respaldo em tratados internacionais e de já contar com ampla jurisprudência, os ruralistas manipularam o debate e conseguiram convencer até mesmo integrantes da bancada governista sobre a necessidade de mudanças. Pouco antes da votação, o líder do PT, o deputado federal Jilmar Tatto (PT-SP) deu entrevista à Agência Câmara falando que é necessário “especificar” o que é escravidão.

Na visão de quem acompanha o combate ao trabalho escravo, a revisão dos critérios que têm servido de base para as ações de fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego pode gerar insegurança jurídica e prejudicar os agricultores e empresários que adotaram boas práticas, além de beneficiar os que mantêm linhas de produção baseadas na exploração de pessoas em condições análogas às de escravos. Na manhã de quarta-feira, os integrantes da Comissão Nacional Para a Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae), órgão que reúne autoridades envolvidas no combate e representantes da sociedade civil, incluindo a ONG Repórter Brasil, se posicionaram em consenso contrários a qualquer revisão do conceito sobre o que é escravidão contemporânea. A votação só aconteceu devido à pressão da sociedade civil.

terça-feira

Estudos apontam que aumento do câncer segue ritmo do lucro com agrotóxicos

Por José Coutinho Júnior
Da Página do MST



Dois estudos que associam o uso de agrotóxicos ao surgimento do câncer na população brasileira foram lançados na semana passada. 

O dossiê feito pela Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (Abrasco) sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde aponta que um terço dos alimentos consumidos cotidianamente pelos brasileiros está contaminado.

O estudo foi feito a partir da análise de amostras coletadas em todas as 26 estados do Brasil, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2011. 

Estudo do Instituto Nacional de Câncer (Inca) sobre o câncer relacionado ao trabalho, revela que há em torno de 500 mil novos casos da doença por ano, e muitos desses casos ocorrem por contaminação por agrotóxicos (seja na sua aplicação e exposição pelos trabalhadores nas lavouras, seja no acúmulo de veneno nos alimentos). 

O estudo afirma que os venenos agrícolas devem estar no centro da preocupação da saúde pública, devido ao grande número de estudos anteriores que apontam o potencial cancerígeno dos agrotóxicos, além da ocorrência de outros agravos relacionados a esses produtos. 

Uma série de agrotóxicos comprovadamente causa câncer, como o DDT/DDE, o 2,4-D, o lindane, o clordane, o agente laranja, o aldrin, o dieldrin, o alaclor, a atrazina, o glifosato, o carbaril, o diclorvos, o dicamba, o malation, o MCPA e o MCPP ou mecoprop. 

O estudo relaciona câncer de mama, estômago e esôfago, cavidade oral, faringe e laringe e leucemias ao uso dos agrotóxicos. 

Essas substâncias produzidas por grandes empresas transnacionais do agronegócio
contaminam os alimentos consumidos e causam doenças nos trabalhadores que que aplicam os produtos nas lavouras.

De acordo com o estudo, a população rural é uma das mais afetadas, pois é o setor mais exposto aos agrotóxicos. Por fim, os venenos também são responsáveis por contaminar as águas e tornar terras inférteis.

Agricultores (as) Apodienses participam do Planejamento anual da Rede Xique-xique


A Rede Xique-xique de Comercialização Solidária, articulação de trabalhadoras e trabalhadores urbanos e rurais, que seguem os princípios da agroecologia, do feminismo e da economia solidária, esta realizando seu planejamento anual entre os dias 07 e 08 de maio, na cidade de Mossoró. Na oportunidade estarão presentes representantes dos 12 núcleos municipais da rede (Mossoró, São Miguel do Gostoso, Baraúna, Messias Targino, Janduís, Grossos, Tibau, Felipe Guerra, Upanema, Serra do Mel, Governador Dix-Sept Rosado e Apodi), instituições parceiras (ONGs) e Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN).
O município de Apodi está representa por uma delegação de 05 agricultores (as).

segunda-feira

Apodi sedia evento de Socialização dos Planos de Economia Solidária


Aconteceu ontem (03/05) no STR Apodi a Socialização dos Planos de Economia Solidária envolvendo os municípios de Apodi, Campo Grande, Upanema, Janduís, Messias Targino, Patu, Governador Dix Sept Rosado, Baraúna, Mossoró e Tibau. Ao todo foram entregues 38 Planos e estes são resultados do Projeto Geração de Renda e Fortalecimento das Dinâmicas de Economia Solidária no Semiárido do Estado do Rio Grande do Norte, que é apoiado com recursos da União Européia. A entidade executora desse projeto é a Associação de Apoio as Comunidades do Campo do RN – AACC, que tem sede em Natal e tem como parceiros: Rede Pardal, Rede Xique Xique e Agrônomos e Veterinários Sem Fronteiras da França. As instituições de assessoria, Centro Terra Viva, COOPERVIDA, Núcleo Sertão Verde, Centro Padre Pedro Neefs, Centro Juazeiro, CEACRU e a Proelo são quem desenvolvem as ações diretamente nos assentamentos de reforma agrária e nas comunidades rurais.
A atividade começou com uma mesa de abertura composta pelo STR de Apodi (Edilson Neto), Rede Xique Xique (Francisca Eliane), Projeto Dom Helder Câmara (Rosane Gurgel), AACC (Joaquim Apolinar) e Centro Terra Viva/Secretaria da Rede Pardal (Cláudia Mota). Todos em suas falas colocaram da importância desse importante trabalho para os grupos acompanhados e ressaltaram as inúmeras experiências agroecológicas existentes nos municípios, com uma grande diversidade de produtos saudáveis e de boa qualidade.

Com relação ao município de Apodi os grupos acompanhados envolvendo as regiões da várzea e da chapada demonstram a riqueza de produtos como o mel, a polpa de frutas, a caprinocultura, as hortaliças orgânicas, dentre outros. Isso demonstra que já existe produção na agricultura familiar e essa precisa ser preservada e mais valorizada.
Na programação também teve um Painel sobre Economia Solidaria e Agroecologia com a participação de Lidiane Freire da AACC e o Professor da UFERSA Joaquim Pinheiro.  Um grande destaque desse evento foi à divulgação da Campanha pela Lei da Economia Solidária (iniciativa popular por um Brasil justo e sustentável), que tem como importância mostrar ao governo que precisamos de políticas publicas, de divulgação desse trabalho, que o desenvolvimento de uma sociedade não é o lucro e sim a vida e a cooperação. Foram colhidas assinaturas dos participantes para serem enviadas ao Congresso Nacional.