sexta-feira

O que pode ser feito contra a desertificação?

Por Neuza Árbocz, especial para Envolverde e CartaCapital
O Sr. Zephania Phiri Maseko, do Zimbabwe, respondeu a esta questão com maestria. Num trabalho solitário, ele recuperou 3 hectares de uma terra árida, tornando-os recordistas em produção de alimentos, frutas e criação de gado.
A transformação começou com seu olhar atento para o caminho das chuvas pelo solo, numa região de extremos de precipitações. Ora são intensas demais, ora desaparecem provocando grandes secas. De forma autodidata, Phiri fez, com suas próprias mãos, muros de pedras e depressões, servindo de valas de infiltração e covas de fruição. Com a sensibilidade de quem aprendeu a olhar e entender a Natureza, construiu com persistência e experimentação, um sistema capaz de reduzir a velocidade das águas pluviais, permitindo que elas se infiltrassem no solo e, até mesmo, formassem reservatórios.
Aos poucos, este cuidado facilitou o crescimento e a sobrevivência das plantas em sua propriedade. Com mais plantas e mais umidade, os reservatórios passaram a enfrentar melhor o tempo de estiagem. Uma coisa foi puxando a outra, a ponto de ele ter hoje um verdadeiro oásis numa região que sofre com secas bravas e ser conhecido como o “homem que cultiva água”.
Esta capacidade de observar seu ambiente e interagir de forma equilibrada com seus elementos, criando melhores condições de vida não apenas para os seres humanos, mas também para as demais espécies, é a grande necessidade atual da humanidade.
Phiri Maseko não foi o único a colocá-la em prática. Também são exemplos marcantes deste desenvolvimento sustentável, os australianos Bill Mollison e David Holmgren, fundadores da Permacultura e Ernst Götsch, difusor de Sistemas Agroflorestais, responsável pela recuperação de terras exauridas no Sul da Bahia.
Seus trabalhos já datam de algumas décadas, mas mesmo assim, ainda predominam no mundo formas de produção menos inteligentes, com queimadas, desmatamento e extração excessiva. Como resultado, perdem-se solos férteis e aumentam as áreas sob risco de desertificação.
Terras áridas e semiáridas cobrem, hoje, 41% da superfície do planeta e abrigam 35% da população mundial. No mapa, elas coincidem com os pontos de maior pobreza no mundo.

Nenhum comentário: