Nem tudo que é PIB presta. Há muita especulação, muito lixo, muito veneno inflando a tal riqueza brasileira
Por Roberto Malvezzi (Gogó)
Qual seria realmente o tamanho do PIB mundial, particularmente o brasileiro, se livre do lixo econômico que ajuda inflar seu corpo?
As últimas informações nos dizem que o PIB real do mundo é cerca de 60 trilhões de dólares, enquanto o especulativo é de 600 trilhões de dólares. Portanto, dez vezes mais.
Mas não é do lixo inflacionário que falo agora, mas daquele que é literalmente envenenado, o caso brasileiro.
O chamado PIB do agronegócio em 2010 foi estimado em R$ 821,1 bilhões. Destes, R$ 88,8 bilhões foram da cadeia de insumos, R$ 217,5 bilhões no campo, R$ 251,4 bilhões na indústria e R$ 263,4 bilhões na distribuição. (http://www.ourofino.com/noticias/mercado/2011/06/14).
Entretanto, faz parte desse monumento econômico tudo que se gasta com veneno, aquele consumido basicamente pelos brasileiros numa média de 5,2 litros por pessoa ao ano. Evidentemente o veneno entra na lista dos insumos.
Segundo Raquel Maria Rigoto, desde 2008 o Brasil se tornou o maior consumidor mundial de agrotóxicos, movimentando 6,62 bilhões de dólares (http://conflitosambientaismg.lcc.ufmg.br).
Esse é o tamanho econômico do PIB envenenado. Mas, temos que ressaltar que a venda de aeronaves destinadas à borrifarão, o custo dos pilotos, etc está embutido na dimensão industrial do agronegócio.
Portanto, no PIB mundial, se formos descartar o orçamento militar, por exemplo, ele encolherá substancialmente. Se formos descartar a indústria dos venenos, tanto em termos mundiais como em termos brasileiros, ele encolherá também significativamente.
Os movimentos sociais da Via Campesina estão promovendo uma campanha permanente contra o uso dos agrotóxicos. É uma campanha pela saúde brasileira.
Portanto, nem tudo que é PIB presta. Há muita especulação, muito lixo, muito veneno inflando a tal riqueza brasileira.
Enfim, PIB não é sinônimo de qualidade, mas apenas a contabilidade econômica de tudo que se produz, indo das armas aos venenos, passando inclusive pela lavagem do dinheiro do tráfico.
Artigo originalmente publicado na edição impressa 446 do Brasil de Fato
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