quarta-feira

Marcha estadual do MST denuncia a violência no campo



Por Wesley Lima
Da Página do MS
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O estado da Bahia inicia mais uma jornada pela Reforma Agrária. Cerca de 3 mil trabalhadores rurais Sem Terra de nove regiões marcharam na tarde desta segunda-feira (05/05) pelas ruas de Camaçari, no recôncavo baiano, denunciando a violência no campo e a paralisação das desapropriações de terras.

Neste ano, a marcha homenageia o companheiro D. Tomás Balduíno, que faleceu nesta ultima sexta-feira (02/05).

D. Tomás dedicou sua vida na defesa dos povos indígenas, negros e dos camponeses e auxiliou na construção de várias organizações de trabalhadores, aproximando a igreja dos movimentos sociais e do povo.

Apoiando esta atividade, o MST contou com a participação de diversos movimentos, como Consulta Popular, Marcha Mundial de Mulheres (MMM) e o Levante Popular da Juventude.

Diversas representações públicas a nível municipal, federal e estadual também demonstraram seu apoio, levantando a bandeira da Reforma Agrária. Evanildo Costa, da direção estadual do MST afirmou que “marchamos pela vida, pela terra e por Reforma Agrária”.

Os trabalhadores iniciam a marcha para Salvador nesta terça-feira (06/05) e pretendem realizar o percurso até o Centro Administrativo da Bahia (CAB) em três dias, percorrendo cerca de 47 km.

De acordo com Maria Aparecida, acampada na região do extremo sul, este momento deve ser encarado com muita força e garra por todos os Sem Terra. “A luta sempre será feita com muita resistência e marchar sempre será necessário para garantir nossos direitos”.

Reivindicações

Este ato de abertura da marcha procurou dialogar com a sociedade e reivindicou mais uma vez o retorno da Reforma Agrária à pauta do Governo Federal.

O movimento denuncia que o governo prioriza o agronegócio, realizando poucas desapropriações de terras: em 2013, apenas 100 áreas foram desapropriadas.

Segundo dados do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra), atualmente há mais de 180 milhões de hectares classificados como grande propriedade improdutiva no país, mas o governo Dilma não se mexe para promover a democratização da terra.

Os trabalhadores também denunciaram os conflitos agrários, ameaças e práticas violentas por parte do latifúndio diante das ocupações de terra.

O assassinato do Militante Fábio Santos foi relembrado, e se exigiu justiça aos mandantes e executores do crime, que completou em abril um ano de impunidade.

Para além deste triste ocorrido, os povos Indígenas Tupinambás, ao qual o MST se solidariza, pedem a demarcação de uma área de 480 km², localizada em Ilhéus, Una e Buerarema, terra originária deste povo.

Diariamente as famílias indígenas vem sofrendo ameaças, sendo que no ano passado quatro índios foram mortos. Recentemente, os conflitos se intensificaram, mais uma liderança Indígena Tupinambá foi brutalmente assassinada na região de Santana em Buerarema e mais dois indígenas foram mortos.


Em apoio à marcha e a luta pela Reforma Agrária, o militante e deputado federal Valmir Assunção (PT/BA) afirma que “a luta pela terra no Brasil sempre foi marcada pela repressão, mas isto nunca foi e nem será motivo para desanimarmos ou baixarmos a cabeça diante das diversas situações que nos exigirá resistência. Nossa luta só se encerrará quando toda a propriedade de terra for desapropriada”. 

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