sexta-feira

Chapada do Apodi quer a transposição, mas não com o agronegócio junto.


Edílson Neto (Foto: Agnaldo Fernandes) 

Um grupo de pessoas representando o PMDB na esfera local, estadual e federal, está trabalhando duro para convencer de que o Distrito Irrigado da Chapada do Apodi deve ser idêntico ao que fizeram no Vale do Açu ou própria Chapada do Apodi, pelo lado do Ceará.

Por outro lado, um grupo de cientistas sociais (incluindo médicos e agrônomos) puxa um bloco numeroso de líderes sindicais e outras entidades defendendo que o Governo Federal não deve mais investir na instalação de distritos irrigados e nem fomentar o agronegócio no País.

Antes de continuar, é preciso esclarecer que os agricultores da Chapada do Apodi querem sim a transposição das águas da Barragem de Santa Cruz. É salvação deles, dos rebanhos. Isto é fato. O que eles não querem é que seja como no Ceará ou Vale do Açu.

Continuando. A cientista social Raquel Rigotto, do Departamento de Medicina da Universidade Federal do Ceará, pesquisou a Chapada do Apodi, lado do Ceará nos últimos dez anos. Ficou assustada com o estrago na saúde dos trabalhadores, das famílias que moram na região.

Outro pesquisador, na região sul do País, constatou que nas regiões onde o agronegócio age com seu veneno nas plantações, o leite materno está 100% contaminado com veneno. Estes doutores alertam o estrago na saúde humana causado pelo uso excessivo do agrotóxico.

Outro pesquisador, o professor/doutor João Abner, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, atestou outras questões tão sérias quanto as que Raquel Rigotto provou ao final de mais de 10 anos de pesquisa científica, com dezenas de teses comprovadas na chapada.

Abner destaca que o volume de água possível de ser liberada da Barragem de Santa Cruz é 4 metros cúbicos por segundo. Ele observa que um metro precisa ficar com a questão ecológica. Outro deve ser destinado para abastecer Mossoró e Alto Oeste. Restaram 2 metros.

Segundo Abner, 2 metros dá para irrigar no máximo, 3 mil hectares. O distrito da Chapada do Apodi projetado pelo DNOCS prevê uma área de quase 14 mil hectares, sendo que inicialmente seriam irrigadas 5,5 mil hectares. O fato real é que não tem água suficiente.

A turma do DNOCS, que é toda do PMDB, espalhada no município, no Estado e no Brasil, apresentam como argumento o ‘sucesso’ do Distrito Irrigado do Vale do Açu, o que certamente eles não conhecem. Se conhecessem, não faria uma aberração destas.

Usam a palavra distorcida de moradores da chapada, de que querem a transposição. É claro que os trabalhadores querem água. É óbvio. Mas eles não querem dá suas propriedades para o agronegócio espalhar veneno na região, prejudicando a saúde deles, como no Ceará.

O DNOCS, que presidido por Elias Fernandes, do PMDB, insiste em investir R$ 280 milhões na instalação do distrito no modelo antigo. Todos os outros filiados e aliados estão loucos por este “investimento”. Porque este pessoal não luta por R$ 280 milhões para ampliar a rede de serviços de saúde de emergência urgência na região Oeste?
 
Fonte: Apodiário

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