Foto: Programa Semear/Manuela Cavadas |
Métodos de manejo da Caatinga contribuem para a convivência com o Semiárido.
Com o desafio de mudar a cultura do
desmatamento e das queimadas na região, o Projeto de Assentamento Moaci
Lucena, localizado no município do Apodi, Rio Grande do Norte, aposta no
manejo da Caatinga. Quem conta é o agricultor familiar José Holanda de
Morais, que integra a Associação de Produtores da comunidade. Para ele,
“é importante deixar de desmatar para aprender a conviver dentro da
mata” O primeiro passo, apontou, foi conhecer o Semiárido,
principalmente, suas potencialidades. Só assim, conhecendo as
singularidades da região, se tornou possível realizar o manejo da
Caatinga. O motivo? “Ou a gente mudava, ou a gente ia ter a propriedade
completamente desmatada, nua. Queremos criar nossos filhos e netos aqui,
ver eles plantando com a gente”, diz.
O manejo da Caatinga é uma estratégia de
convivência com Semiárido que, para ser bem sucedida, precisa seguir
algumas recomendações. Entre elas, estão: preservação de até 400 árvores
por hectare, ou o equivalente a 40% de cobertura arbórea, utilização
máxima de 60% da forragem disponível e preservação da mata ciliar.
Manter uma cobertura arbórea em áreas de
Caatinga contribui para preservar a biodiversidade da vegetação nativa;
melhorar a absorção da água da chuva no solo, ajudando a evitar a
erosão e as enxurradas; e, também, para a produção de forragem,
importante para a alimentação dos rebanhos.
Entre os métodos do manejo, José de
Holanda destaca o raleamento e o rebaixamento. O primeiro é o apropriado
à criação de bovino e ovinos e consiste no controle seletivo de
espécies lenhosas com a finalidade de reduzir o sombreamento e a
densidade de árvores e arbustos indesejáveis e contribuir com o
incremento da produção de fitomassa do estrato herbáceo. Uma dica é
picotar os garranchos – parte dura do tronco – no local para que possam
se decompor mais rápido. É preciso lembrar: sugere-se reduzir a
densidade para um patamar acima de 400 plantas por hectare e conhecer as
plantas nativas da região.
Assim como o raleamento, o rebaixamento
também deve ocorrer durante a estiagem. Para rebaixar, a orientação é
escolher espécies com alto valor forrageiro. Como resultado, a família
agricultora poderá ter forragem e madeira que pode ser utilizada para
diversos fins. A técnica é própria para a criação de caprinos em
pastoreios ou combinado com ovinos e bovinos.
José de Holanda destaca que ter
participado de um processo de capacitação, junto com outros
agricultores, foi fundamental para que o Assentamento Moaci Lucena
conseguisse investir na preservação da terra. “Tivemos o apoio do Dom
Helder Camara com um acompanhamento técnico e nossa principal questão
foi: como trazer o conhecimento técnico para cá, como aplicar?”, conta.
Para saber qual foi o resultado da
experiência do Assentamento Moaci Lucena, você pode acessar o Banco de
Saberes e Atores do Semiárido, disponibilizado no Portal Semear. São
vídeos, imagens e sistematizações de experiências que contribuem para a
convivência no Semiárido. Ou, se preferir, clique aqui e veja agora:
Sistematização Diversificação
e beneficiamento da produção para conviver melhor com o Semiárido: as
experiências dos assentamentos Moaci Lucena e Laje do MeioVídeo – Depoimento do agricultor José de Holanda
Para saber mais de manejo da Caatinga, é possível acessar e fazer o download da publicação Manejo Pastoril Sustentável da Caatinga, de João Ambrósio Filho. Clique aqui.
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